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Congresso Internacional do Leite atinge êxito em seus objetivos

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Foto: Guilherme Dias

Guilherme Dias -

A 13ª edição do Congresso Internacional do Leite foi considerado um sucesso pelos organizadores, patrocinadores e participantes. Durante os três dias do evento, de 28 a 30 de julho, passaram pelo teatro da Fiergs, em Porto Alegre – RS, 1.200 pessoas de 19 estados, além do Distrito Federal, e cinco países: Colômbia, Holanda, Uruguai, Argentina e Itália. Entre o público estavam imprensa, produtores, pesquisadores, laticinistas, cooperativas, autoridades e demais stakeholders do setor. No dia 28, realizou cinco eventos paralelos e nos dois dias de programação aberta ao público (29 e 30), recebeu 39 painelistas, entre palestrantes, presidentes de painel e moderadores, que conduziram 23 palestras.

Foram debatidos temas como mercado nacional e internacional de lácteos, assistência técnica e extensão rural, mão de obra no campo, sucessão e herança na propriedade leiteira, reprodução, reaproveitamento de água residuária em sistemas de produção, gestão de propriedade, sustentabilidade, gestão ambiental, ILPF, boas práticas, qualidade do leite, governança no agronegócio, políticas públicas, benefícios do consumo de lácteos, novos produtos e probióticos.  

O Congresso Internacional do Leite também organizou uma feira, onde cooperativas e laticínios apresentaram seus produtos e serviços. No espaço ao lado, uma seção científica exibiu 164 trabalhos, apresentados em três totens no formato de pôster eletrônico, com sistema touch screen. A novidade foi considerada uma inovação para o evento.

O painel a fechar o Congresso Internacional do Leite abordou o tema da Governança e Sustentabilidade, cujo coordenador foi o presidente da Assembleia Legislativa, Edson Brum. A primeira palestra ficou a cargo do chefe adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Floresta, Vanderley Porfirio-da-Silva, que explanou sobre o Sistema Silvopastoril na Produção de Leite. Segundo o pesquisador, são usados sistemas de integração desde a década de 1990, tanto de pasto e floresta quanto de floresta, pasto e gado. Eles funcionam para proporcionar bem-estar animal, oportunidade ambiental e de renda.

Segundo Porfirio-da-Silva, os sistemas consorciados têm uma virtude: conseguem diversificar as fontes de negócio para o produtor. Nos sistemas consorciados, não apenas a pecuária é otimizada, mas a produção de madeira. O diâmetro das toras de árvores plantadas em pasto é maior em relação às áreas de florestas plantadas. E o mercado está aberto para a produção de madeira. "É um mercado rentável", diz Porfirio-da-Silva.

O pasto arborizado é uma oportunidade de mercado, de marketing ambiental e de entrada na produção agroecológica. Mas o pesquisador da Embrapa faz um alerta: não adianta entrar no sistema com pouca sombra e água, pois o gado fica estressado e concentrado. "Se tiver pouca sombra, não terá efeito nenhum."

A consultora Roberta Mara Züge, da Ceres Qualidade, de Curitiba, apresentou a palestra Boas Práticas na Produção Leiteira. Ela lançou mão de muito humor para falar de coisa séria: é preciso cuidar de práticas ambientais, de rastreabilidade e qualidade e transmitir tais informações ao consumidor, que cada vez mais se mostra interessado no que está sendo consumido.

Segundo ela, na pecuária de leite deve se preconizar a aplicação de práticas e tecnologias que propiciem uma melhor rentabilidade, respeitando a sustentabilidade em todos os seus vértices: ambiental, social, animal e econômico. Atualmente, conforme Roberta, as principais preocupações dos consumidores são a presença de resíduos agroquímicos, contaminação dos produtos agropecuários por microorganismos e a alteração da composição genética do produto por meio da introdução de genes de outras espécies. 

"Além das questões econômicas, a visão do consumidor frente ao tratamento dado aos animais, ou mesmo o respeito ao ambiente, tem forçado que a produção animal seja mais transparente em suas atividades e atendam a esta demanda", frisa Roberta.

A visão da produção do leite deve ir além do volume e da qualidade, diz a consultora. "A propriedade deve ser enxergada como uma unidade, onde a deficiência de seus vértices irá impactar diretamente na sustentabilidade da atividade." Entre os vértices destacados por ela estão o humano, do rebanho, de manejo, nutricional, sanitário, ordenha e da gestão ambiental.

A última palestra do dia, Qualidade do Leite: Desafios e Perspectivas, ficou a cargo do pesquisador da Embrapa Gado de Leite Marcelo Bonnet Alvarenga, que deu notícia em primeira mão. A Embrapa irá gerir a plataforma Sistema Nacional de Monitoramento Espacial da Qualidade do Leite (Simql), ligada ao novo programa do Minitério da Agricultura para o desenvolvimento da cadeia do leite. "Trata-se de um sistema de inteligência no uso de dados da Rede Brasileira da Qualidade do Leite", explica o pesquisador.

Para Bonnet, que é responsável técnico do Laboratório de Qualidade do Leite da Embrapa Gado de Leite, a qualidade do alimento é negociável, mas a segurança dele não, pois tem impacto direto à saúde humana. "Todo alimento está sujeito à contaminação, mas há um limite. A dose faz o veneno", diz o pesquisador, citando Paracelso.

As preocupações hoje migram da quantidade para a qualidade e segurança do leite e seus insumos envolvidos. As boas práticas de higiene podem reduzir em até 100 vezes a contagem bacteriana no leite. Já a contagem de células somáticas dependem de sanidade e as boas práticas são fundamentais. O cuidado coma água é indispensável para manter o bom padrão do leite. "O leite é 90% água e sem água de qualidade não há produção leiteira e expansão da cadeia produtiva."

A outra dica importante de manejo está relacionada ao uso de antibióticos. "É uma grande preocupação, devido à resistência com o excesso de uso." Daí a grande importância de ficar atento ao descarte de leite no período de carência por tratamento de patologia como a mastite.

Cobertura ao vivo

Além dos 1.200 participantes presenciais, as apresentações foram acompanhadas por outros 575 usuários da rede social temática da Embrapa Gado de Leite - www.repileite.com.br. As transmissões ao vivo já fazem parte do pacote de ferramentas da RepiLeite, mas esta foi a primeira vez que a operação envolveu um programa tão extenso. No ambiente virtual, o público assiste a imagens em vídeo, tem acesso aos slides da palestra e interage via chat, podendo enviar perguntas e comentários repassados ao painelista por um moderador. 

Duas outras mídias sociais foram usadas na cobertura do evento e continuam com o acesso disponível. Fotos de todos os painéis estão na página do perfil da Embrapa no Flickr e diversos tweets compuseram a página @embrapa no Twitter entre 28 e 30 de julho. Vídeos de cobertura dos painéis, anais do evento, publicações lançadas, notícias e outros conteúdos estão disponíveis aqui.
 

Glauco Menegueti (Mtb 8828)
Embrapa Gado de Leite

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

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