Nematec chega ao mercado com registro do Mapa para combater principal praga do plantio de pinus no Brasil
Nematec chega ao mercado com registro do Mapa para combater principal praga do plantio de pinus no Brasil
A principal forma de combate à vespa-da-madeira (Sirex noctilio), praga que atinge plantios de pínus no País, agora tem registro junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O nematoide Deladenus siricidicola, agente de controle biológico da vespa-da-madeira, passa a atender pelo nome comercial de Nematec. A distribuição do produto já com o registro começou a ser feita em março e 46 empresas florestais já receberam o Nematec, totalizando 915 doses do produto. A estimativa é que, até agosto deste ano, cerca de 6.000 doses sejam distribuídas. Além do nematoide, os usuários recebem bula do produto e explicação de uso. O anúncio público do registro será feito durante as comemorações do 46º aniversário da Embrapa, no próximo dia 24, em Brasília-DF.
O processo de registro levou seis anos e passou por diversas fases de análise, inclusive com registro de marca e identidade junto ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi). A concessão do registro do produto é feita pelo Mapa, que trabalha com a Anvisa e o Ibama em análises técnicas e específicas para conceder o registro. “O registro de um produto reconhece a adequação do mesmo à legislação vigente no país”, explica a pesquisadora Susete Chiarello Penteado, da Embrapa Florestas. “Isso garante ao usuário que o produto atende aos critérios estabelecidos em leis e à regulamentação específica de cada órgão envolvido”, completa.
Segundo Marcelo Bressan, Auditor Fiscal Federal Agropecuário do Mapa, “a ação da Embrapa para registrar o produto demonstra a seriedade do trabalho em cumprimento à legislação brasileira, além de ser um ponto importante para ajudar a difundir a tecnologia, que agora possui rótulo, bula com indicação de uso, entre outros requisitos importantes”.
Agente de controle biológico da vespa-da-madeira recebeu nome comercial de Nematec
Por se tratar de um agente de controlo biológico, o Deladenus siricidicola recebeu a recomendação de ser registrado via “Agricultura Orgânica - Produtos Fitossanitários com Uso Aprovado para a Agricultura Orgânica”. Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, “os agrotóxicos ou afins que tiverem em sua composição apenas produtos permitidos na legislação de orgânicos, recebem, após o devido registro, a denominação de ‘produtos fitossanitários com uso aprovado para a agricultura orgânica”.
Por serem considerados produtos de baixo impacto ambiental e também de baixa toxicidade, a legislação foi idealizada no intuito de acelerar o seu registro sem deixar de lado a preocupação com a saúde, o meio ambiente e a eficiência agronômica”. O Nematec é o primeiro produto com este registro para uso do Deladenus siricidicola. “O registro confere maior segurança técnica e jurídica aos usuários do produto”, ressalta Susete.
O nematoide Deladenus siricidicola foi incluído no rol de “Agrotóxicos com Monografias Autorizadas”, que indica que o ingrediente ativo passou pela avaliação regulamentar e está apto para uso agrícola, domissanitário, não agrícola, em ambientes aquáticos ou mesmo como preservante de madeira. A Monografia indica ainda informações como os nomes comum e químico, a classe de uso, a classificação toxicológica e as culturas para as quais os ingredientes ativos encontram-se autorizados, com seus respectivos limites máximos de resíduo.
Vespa-da-madeira
A vespa-da-madeira é a principal praga de plantios de pinus no país. Ao depositar seus ovos nas árvores, a fêmea deste inseto também deposita um fungo e uma muco-secreção que matam a árvore. Suas larvas também formam galerias no interior da árvore, o que afeta a qualidade da madeira, limitando seu uso ou tornando-a imprópria para o mercado.
Um amplo programa de Manejo Integrado de Pragas (MIP) é conduzido pela Embrapa Florestas e pelo Funcema (Fundo Nacional de Controle de Pragas Florestais), em uma parceria público-privada que acontece desde 1988, ano em que a vespa-da-madeira foi introduzida no país. Análises de cenários na época identificaram que a praga poderia causas sérios prejuízos e até mesmo inviabilizar a produção de pínus no Brasil.
“O sucesso deste programa faz com que a praga esteja sob controle e evite um prejuízo de cerca de U$ 25 milhões anuais ao setor de base florestal”, explica o chefe-geral da Embrapa Florestas, Edson Tadeu Iede. Um dos pilares do MIP é o uso do nematoide Deladenus siricidicola como agente de controle biológico. “Chegamos a uma média de 70% de parasitismo da praga e, em alguns locais, a até 100%. O uso do Nematec é extremamente eficaz, além de não prejudicar o meio ambiente”, atesta.
Atualmente, a vespa-da-madeira está presente em cerca de 80% dos plantios de pínus no país, com áreas atingidas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Minas Gerais, ou seja, em cerca de 1,4 milhões de ha, dos quase 1,7 milhão de ha plantados no País.
Para o registro do Nematec, a Embrapa Florestas desenvolveu uma série de ações, junto aos órgãos do estado do Paraná, que resultaram em: a) Certificação de Registro à Embrapa Florestas, de fabricante e formulador do agente de controle biológico - nematoide Deladenus siricidicola, emitido pela Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (ADAPAR), bem como na Autorização da Adapar para uso e circulação do produto Nematec no estado do Paraná; b) Declaração de Dispensa de Licenciamento Ambiental Estadual (DLAE) do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), ao laboratório de entomologia florestal da Embrapa Florestas (fabricante/formulador da produção do nematoide Deladenus siricidicola).
O laboratório também passou a fazer parte do Sistema de Gestão da Qualidade da Embrapa. “Foi uma ampla articulação entre atores internos e externos à Unidade”, ressalta Regina Siewert Rodrigues, analista da Embrapa Florestas que coordenou todo processo de registro, incluindo as ações de propriedade intelectual e de negócios do produto Nematec. “Em todas as fases deste processo fizemos importantes adequações em procedimentos, que trouxeram benefícios ao modo de produzir e disponibilizar o Nematec”, finaliza.
Katia Pichelli (MTb 3594/PR)
Embrapa Florestas
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