07/08/15 |   Segurança alimentar, nutrição e saúde

Experiências escolares encerram V Seminário de agrobiodiversidade

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Foto: Paulo Lanzetta

Paulo Lanzetta - Evento se encerrou com homenagens aos guardiões mirins

Evento se encerrou com homenagens aos guardiões mirins

V Seminário de Agrobiodiversidade e Segurança Alimentar se encerrou na tarde de quinta-feira (6), com relatos de experiências conduzidas na rede educacional e homenagens aos guardiões mirins
 
Encerrou-se na quinta-feira (6), o V Seminário de Agrobiodiversidade e Segurança Alimentar, realizado no auditório Aílton Raseira da Embrapa Clima Temperado (Pelotas/RS). O segundo dia do evento deu continuidade às atividades que discutem a preservação de variedades crioulas – tanto animais quanto vegetais – e a soberania alimentar dos povos, principalmente em situação de vulnerabilidade social. Houve oficinas, relatos de guardiões de sementes, palestras e troca de experiências entre os guardiões mirins – que, neste ano, socializaram as experiências de preservação dentro das escolas. Além disso, esses jovens, que atuam na preservação das espécies, foram homenageados pelo seu trabalho.
 
As homenagens aos guardiões mirins vieram sob forma de certificação, ao final do evento, quando os jovens foram apresentados e reconhecidos perante o público presente. É o caso da guardiã Sabrina Silveira, que tem como ideal a proteção das sementes crioulas para que essas espécies possam ser compartilhadas em locais onde não existem mais, principalmente por meio de feiras de trocas de sementes. "Quero permanecer muitos anos trabalhando com isso e cultivar um alimento saudável", explica.
 
Também na perspectiva dos guardiões mirins, um grupo de estudantes da Escola Família Agrícola de Santa Cruz do Sul/RS compartilhou suas experiências com a preservação da biodiversidade por meio do cultivo e da preservação de sementes crioulas. Um relato importante, já que no município, devido à instalação de empresas de tabaco na década de 1970, as sementes crioulas foram eliminadas da geografia local. O resgate teve início junto às famílias, através de técnicas de cultivo e manejo, e hoje já apresenta resultados, uma vez que o uso dessas sementes traz benefícios pelo custo zero, pela adaptação às condições locais e pela qualidade nutricional. 
 
Palestras
Um dos pontos marcantes do segundo dia foi o depoimento de Santiago Franco, guardião de sementes e representante de um grupo indígena Guarani, da Comunidade Arroio do Conde, no município de Barra do Ribeiro/RS. Ele relatou o quão importante é a preservação das sementes crioulas – trabalho que a Embrapa Clima Temperado incentiva – e o quanto beneficia a saúde do povo indígena. "O alimento é uma preciosidade que devemos cuidar e multiplicar para que todos possam ter uma alimentação saudável", afirma Franco.
 
No painel "Significado das Casas de Sementes e das Feiras de Sementes na óptica dos guardiões de sementes", o coordenador do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Miquéli Schiavon, explicou qual o papel dos guardiões no armazenamento das sementes e, consequentemente, na manutenção da diversidade das variedades crioulas. Segundo ele, esses agricultores auxiliam o processo de identificação e melhoramento, além da multiplicação da sementes e distribuição para outros agricultores, fazendo com que esses materiais se perpetuem.
 
Schiavon relatou ainda que, em 2014, foram distribuídas cerca de 200 toneladas de sementes crioulas, as quais ajudaram milhares de famílias. As trocas dessas sementes entre os agricultores também são importantes para a preservação dessa agrobiodiversidade e para garantir a segurança alimentar. Por isso, para facilitar esse intercâmbio, no próximo dia 03 de setembro será inaugurada uma Unidade de Troca de Sementes, em Encruzilhada do Sul/RS, onde se estima um fluxo de 400 toneladas de sementes. 
 
Propriedade Biodiversa
Por fim, nas apresentações houve ainda a exposição do colaborador da Embrapa Clima Temperado, Gustavo Gomes, sobre propriedades biodiversas – aquelas onde há diversidade de culturas, em oposição à monocultura – e a sua relação para preservação do Bioma Pampa e da diversidade encontrada neste território característico do Rio Grande do Sul.
 
Ele ainda explicou os diferentes tipos de extinção: a global – quando a espécie desaparece por completo, até mesmo de zoológicos – e a local – quando desaparece de determinada região, mas pode ser encontrada em outros locais. Segundo o agrônomo, a extinção pode ocorrer devido a vários fatores, como, por exemplo, destruição e fragmentação do habitat; caça predatória e perseguição; atropelamentos; e poluição ambiental – esta última, também ligada à agricultura, através do uso indiscriminado de agrotóxicos.
 

Letícia Eloi Pinto (estagiária)
Embrapa Clima Temperado

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