30/07/15 |

Inovações tecnológicas são apresentadas em painel no Congresso Internacional do Leite

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Foto: Guilherme Dias

Guilherme Dias -

Duas ferramentas de gestão de propriedades leiteiras foram apresentadas por pesquisadores da Embrapa no Congresso Internacional do Leite, hoje, em Porto Alegre – RS. A cada cinco produtores de leite, um está saindo do negócio. Este alto índice de evasão da atividade, motivado por inúmeros fatores, tem quase sempre ligação com problemas na gestão. Para ter sucesso no negócio, o proprietário deve conhecer informações e índices de sua empresa, o que permite reduzir a margem de erro em tomadas de decisão, seja para curto ou longo prazo.

A primeira solução foi apresentada pelo pesquisador da Embrapa, Cláudio Nápolis. Trata-se do Gisleite, que oferece acesso online, com senha e garantia de sigilo dos dados cadastrados. O produtor, de forma individual ou coletivamente (no caso de vínculo a cooperativas e associações), tem na plataforma um meio para organizar dados e fazer a gestão zootécnica, econômica, de sanidade e de qualidade. Já no Gepleite, o técnico de assistência faz o registro de informações, convertidas em índices consagrados em outras atividades econômicas, a exemplo do ROI (retorno sobre investimento), do EBITDA (geração operacional de caixa sem considerar juros, impostos, depreciações e amortizações) e da margem EBTIDA (resultado do EBTIDA sob a receita, sendo assim uma medida de lucratividade). O levantamento é analisado pela equipe da Embrapa, gerando um relatório econômico-financeiro mensal. Duas cooperativas – Itambé (MG) e Santa Clara (RS) – já adotam a metodologia de gestão de propriedades e, em breve, o serviço terá versão em software.

"O custo de produção é fundamental, mas é preciso conhecer outros indicadores para enxergar o nível de saúde do negocio", afirma o pesquisador responsável pelo Gepleite, Paulo Martins, hoje chefe-geral da Embrapa Gado de Leite. Ele destaca a importância de planejar: "O que destrói valor no negócio são fatores como ociosidade de equipamento, estruturas inadequadas e falta de qualificação da mão de obra". Por outro lado, o pesquisador e chefe-adjunto de Pesquisa da Embrapa Gado de Leite, Marcelo Otenio, demostrou em sua palestra que a geração de valor pode ser alavancada pelo melhor aproveitamento de insumos já existentes na propriedade. "O manejo adequado da água residuária da limpeza de pisos de sistemas confinados é uma oportunidade. Tem produtor para o qual o leite se tornou coproduto", explica Otenio.

Neste caso, a tecnologia adotada é um sistema de reuso da água de limpeza do piso no freestall para geração de biogás, transformado em energia elétrica. O sistema também produz biofertilizante, destinado a fertirrigação, e gera economia entre 82,5 e 86% do volume de água nova aplicada na limpeza do piso. O investimento tem retorno rápido, entre dois e três anos, e já existem soluções no mercado adequadas a produtores com menos de 80 animais. Otenio informa que a Embrapa disponibiliza um serviço de avaliação de viabilidade e previsão de retorno do investimento, o que é feito com base nas informações cedidas pelo produtor em um formulário.

Outras tecnologias que favorecem a eficiência produtiva e econômica da propriedade estão ligadas à terapêutica de precisão, uma área de pesquisas promissora. Também pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Humberto Brandão apresentou resultados de pesquisas que utilizaram a nanotecnologia para tratamento de mastite e de conjuntivite. As formulações nanoestruturadas foram capazes de levar o antibiótico diretamente à bactéria, com aplicação localizada, quantidade até 50% menor de antibiótico e resultado 15% superior ao observado em tratamentos via sistêmica.

Aplicações de pecuária de precisão tem proporcionado ganhos para o manejo reprodutivo de bovinos, que visa estabelecer a lactação e maximizar a eficiência na conversão de alimentos.  O pesquisador Bruno de Carvalho, da Embrapa Gado de Leite, cita a dificuldade enfrentada para detectar cio: "Com o aumento da produtividade, os cios têm menor duração – em torno de duas horas – e são menos evidentes". O cenário tem incentivado pesquisas nas áreas de nutrição, fisiologia, bem-estar e comportamento animal, as quais apresentam relação com a reprodução. Algumas soluções que demonstram eficiência são o protocolo hormonal para inseminação artificial em tempo fixo (IATF), o uso de dispositivo eletrônicos para detecção de cio, controle de ingesta de água e alimento e controle de perda calórica.

Para fechamento do painel, o presidente do Instituto Gaúcho do Leite (IGL) apresentou o caso de sucesso do IGL como inovação organizacional. Criado há menos de dois anos, o instituto está ancorado nas leis estaduais que instituem o Prodeleite e o Fundoleite. O primeiro criar um sistema integrado de pesquisa para desenvolvimento e organização da cadeia, abordando as áreas de sanidade, alimentação, gestão, genética e comercialização de leite e lácteos. Já o segundo institui um fundo para financiar ações e projetos de pesquisa, transferência de tecnologia e extensão. Dentre as ações realizadas, estão um levantamento socioeconômico da cadeia a partir de áreas municipais, encaminhamentos de sugestões de textos para políticas publicas, capacitação de diferentes elos da cadeia e convenio com órgãos de pesquisa.

Carolina Rodrigues Pereira (MTb 11055-MG)
Embrapa Gado de Leite

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