Embrapa explica novo modo de fazer parcerias para inovações
Embrapa explica novo modo de fazer parcerias para inovações
Foto: Claudio Bezerra
A palestra "Papel dos Parceiros nas Inovações da Embrapa" aconteceu durante a AgroBrasília 2019
Como inovar e fazer parceria com a Embrapa? Muita gente não sabe, mas já é possível trabalhar conjuntamente desde a fase de elaboração de ideias até a exploração comercial de um produto ou serviço. A Embrapa, empresa pública que completou 46 anos em abril, já é referência mundial em pesquisa e desenvolvimento e está cada vez mais empenhada em incrementar a sua área de inovação. "O Brasil tem alta produção científica e baixa produção de inovações. Somos o 13º país no ranking no que se refere à produção de ciência e o 76º país em inovações tecnológicas", afirmou José Manuel Cabral, chefe-geral da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, durante a palestra "Papel dos Parceiros nas Inovações da Embrapa", realizada na última terça-feira (14) na feira AgroBrasília 2019.
Cabral explicou que a Embrapa adota um "Ciclo da Inovação" com seis etapas: Inteligência estratégica e planejamento; Pesquisa; Desenvolvimento e Validação; Transferência de Tecnologia; Monitoramento da adoção; e Avaliação de Impacto. Para estruturar a inovação, cuja definição mais usual diz respeito a algo novo que gera negócio e chega até o mercado, a empresa adota desde o ano passado a escala TRL (Technology Readiness Level), que mostra o nível de maturidade de determinada tecnologia. A escala, criada pela Agência Espacial Americana NASA na década de 1960, ajuda a definir em que etapa uma tecnologia está para que as empresas decidam que tipo de parceria desejam fazer.
A escala TRL é dividida em nove níveis de prontidão tecnológica, sendo a TRL 1 a mais baixa e a TRL 9 a mais alta. São elas: Ideação, Concepção, Prova de Conceito de Função Crítica, Otimização, Prototipagem, Escalonamento, Demonstração em ambiente de produção, Produção e Produção Continuada. "Consideramos a inovação consolidada quando a tecnologia chega à TRL 9. Esta fase geralmente é feita totalmente pelo parceiro", explicou José Cabral. Diversos tipos de resultados frutos da pesquisa da Embrapa podem ser enquadrados na escala TRL, como Cultivar, Raça/Estirpe, Processo agropecuário, Insumo agropecuário, Processo industrial, Produto industrial, Máquina e implemento e Software para clientes externos.
Outro conceito com o qual a Embrapa já trabalha é o de Inovação Aberta (Open Innovation), termo criado em 2003 para indústrias e organizações que promovem ideias, pensamentos, processos e pesquisas abertos, em que as organizações podem e devem usar ideias internas e externas para melhorarem o desenvolvimento de seus produtos e serviços e aumentar a eficiência e o valor agregado. Um exemplo é a primeira soja geneticamente modificada desenvolvida pela Embrapa em parceria com a alemã Basf, a Cultivance. Neste caso, ativos da Embrapa foram combinados com os da Basf e se formulou um novo produto que chegou ao mercado de inovação tecnológica em 2016.
Embrapa tem relação forte com o setor privado
A Embrapa já possui uma forte relação com o setor privado. Prova disso são os acordos de cooperação que possui com cerca de 200 parceiros público-privados, entre empresas nacionais e internacionais. Esses acordos trazem um volume substancial de recursos adicionais para a empresa, que realimentam os programas de pesquisa e desenvolvimento. Durante a palestra, Cabral citou três exemplos de parcerias mais recentes com a Embrapa.
O primeiro exemplo citado foi a formulação de bioinseticidas contra mosquitos, lagartas e percevejos. Ao longo de mais de dez anos, já foram firmadas parcerias com as empresas Geratec do Brasil, Bthek Biotecnologia Ltda., IMAmt, Strike e por último com a empresa NOOA, cujo bionseticida para o controle de uma lagarta que afeta as culturas do algodoeiro, soja, milho e hortaliças será lançado em breve. "Desenvolvemos em parceria um bioinseticida sistêmico à base de Bacillus thuringienses para o controle de percevejo. O produto é uma inovação porque é o primeiro que será distribuído ao longo de toda a planta, o que o torna eficaz contra esse tipo de praga", explicou José Cabral.
Outra parceria de sucesso citada durante a palestra foi para a criação de uma alface com alto teor de ácido fólico. A chamada "alface biofortificada" tem uma concentração de ácido fólico 1.600% maior que a alface comum. Também chamada de vitamina B9 (ou folato), a ingestão de ácido fólico é fundamental na gestação, pois previne diversas má-formações fetais, como a anencefalia, por exemplo. A planta de alface servirá como uma biofábrica para a produção de ácido fólico em escala e a baixo custo, o que para a indústria são dois pré-requisitos fundamentais.
Recentemente, foi firmada uma parceria entre a Embrapa e a empresa Carbom Brasil para a elaboração de um extrato vegetal nematicida associado a um biofertilizante. No caso, o bionematicida desenvolvido pela Embrapa agregou valor ao fertilizante da Carbom Brasil, que passou a se chamar Acrescent RAIZ F PLUS. O "plus" é o bioativo nematicida desenvolvido pela Embrapa e que, ao ser aplicado nas sementes, protege a planta contra fitonematóides.
Na página da Embrapa estão descritas as soluções tecnológicas disponibilizada pela empresa para a adoção pelo mercado. São 824 produtos, 222 processos, 608 serviços, 317 metodologias, 663 práticas agropecuárias e 56 sistemas prontos para serem utilizados pela sociedade. Para saber mais acesse https://www.embrapa.br/solucoes-tecnologicas .
Como fazer parceria?
Veja abaixo o passo-a-passo para fazer uma parceria com a Embrapa:
- Enviar uma carta de intenções para a unidade da Embrapa que detém a solução tecnológica ou potencial para desenvolver um projeto demandado;
- Assinar um acordo de confidencialidade (se necessário);
- Elaborar um plano de trabalho (2 a 5 anos);
- Elaborar um contrato para projeto de PD&I;
- Executar as etapas da pesquisa;
- Depositar patente ou outro tipo de proteção;
- Elaborar um plano de negócios;
- Desenvolver protótipos (com parceiros);
- Elaborar contrato de licenciamento;
- Exploração comercial (e Avaliação de Impacto da Tecnologia, feita pela Embrapa).
Irene Santana (MTb 11.354/DF)
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
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