30/05/19 |   Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação  Transferência de Tecnologia

Reunião do Pêssego traz norma para adoção de produtores até 2021

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Foto: Paulo Lanzetta

Paulo Lanzetta - O pesquisador Dori E.Nava fala da necessidade de monitorar e controlar doenças e pragas, como a mosca-das-frutas, durante todo o ano em outros pomares de frutíferas.

O pesquisador Dori E.Nava fala da necessidade de monitorar e controlar doenças e pragas, como a mosca-das-frutas, durante todo o ano em outros pomares de frutíferas.

Nesta quarta-feira (29/05), a Embrapa Clima Temperado (Pelotas,RS) em conjunto com a Emater/RS-Ascar, Prefeituras municipais da região produtora de pêssego e produtores, se reuniram no salão da Comunidade São Matheus, na Colônia São Manoel, interior de Pelotas, para realização da atividade anual Reunião Técnica da Produção Integrada do Pêssego. Nesta edição, os temas considerados estratégicos para a cadeia produtiva foram: a escolha de cultivares, as recomendações para a proteção do cultivo e a adoção da instrução normativa Nº 2, de 7/02/2018, que trata da rastreabilidade para a produção de pêssego pelos persicultores, os quais deverão se apropriar de métodos de controle para resíduos de agrotóxicos e seu registro, num prazo até 2021.

A tarde foi aberta com a fala ao público participante dos representantes das entidades promotoras e apoiadoras do evento. Logo depois, foram feitas cinco palestras  sobre temas de interesse dos produtores de pêssego, seguida de uma degustação da futura cultivar de pêssego BRS Jaspe, para indústria da Embrapa, a estar no mercado de frutíferas no segundo semestre deste ano.

O evento reuniu cerca de 150 produtores, representantes de agroindústrias e indústrias e também representantes de entidades públicas e privadas. Estiveram presentes no ato de abertura o secretário municipal de Desenvolvimento Rural, Jair Seidel, o pesquisador Luís Eduardo Antunes, representando a Chefia da Unidade de pesquisas, em Pelotas, o enegenheiro agronômo do escritório municipal da Emater/RS-Ascar, Francisco Arruda, o presidente do Sindocopel, Paulo Crochemore, o presidente da Associação dos Produtores de Pêssego de Pelotas, Mauro Scheunemann, o presidente da CAFSul, Valdemar Vahl, e o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pelotas, Nilson Loeck.

Os temas em destaque nas palestras
Segundo o pesquisador e entomologista Dori Edson Nava, o evento buscou atualizar os produtores de pêssego sobre a grade de agrotóxicos (inseticidas, acaricidas, fungicidas, bactericidas e algumas plantas daninhas) e incorporar produtos para os principais problemas fitossanitários da cultura (podridão parda e mosca-das-frutas). "Uma das principais mudanças é que o produtor vai ter que controlar a praga em pessegueiros, especialmente no foco do controle da mosca-das-frutas. O que vem sendo feito até os dias de hoje, é um monitoramento e controle no período da frutificação do  pêssego e principalmente mais próximo da colheita, mas a recomendação é monitoramento e controle todo o ano em outros pomares de frutíferas como citros, goiaba, e outros", destacou o pesquisador.

Dori Edson Nava disse receber relatos de todo o Estado sobre o aumento de números de casos de infestação de mosca-das-frutas em outros cultivos. "A mosca-das-frutas está migrando dos pêssegos para outros pomares, por causa das temperaturas médias altas para esta estação, e isso, faz com que a população do inseto se prolifere e ataque os pomares daquela época de produção", explicou ele. É preciso que os produtores de pêssego estejam atentos para que as infestações não sejam instaladas nos seus pomares, vindos de vizinhos de outras culturas de frutíferas, pois poderão ter perdas significativas.

A pesquisadora e melhorista genética, Maria do Carmo Bassols Raseira, se concentrou na apresentação das cultivares da Embrapa, a partir de 2007, voltadas para a região de Pelotas para indústria. "Como existe uma grande crise de consumo da fruta e também o preço pago ao produtor, que produz para indústria, está bem abaixo de suas expectativas, estamos indicando algumas cultivares para consumo in natura e mais algumas variedades que estão sendo preparadas para os próximos anos", falou Raseira. Conforme ela, a escolha da cultivar pode afetar o resultado final de produção dos pessegueiros. "Uma cultivar bem adaptada, de boa qualidade, vai dar um bom resultado. Agora, se plantar uma cultivar que não é adaptada à nossa região,o produtor não terá produtividade no seu pomar. A escolha não irá afetar o custo de produção, e sim, o resultado final", pontuou  Raseira.

A rastreabilidade
A palestra sobre as práticas de controle e resgistro a serem atendidas para rastreabilidade da cultura do pessegueiro foi feita pelo extensionista e engenheiro agronômo, Evair Ehlert, que esclareceu o porquê fazer a rastreabilidade, como fazer e a sua importância especialmente para o consumidor final. "O consumidor terá a certeza de que o que ele vai comprar é um alimento seguro e todos que fazem parte da cadeia produtiva precisam se sentir compromissados, todos terão o dever de provar, registrar e ficar à vontade para fiscalização do produto, tanto os órgãos específicos como o  próprio consumidor, sabendo qual o caminho de produção daquele alimento", destacou Ehlert.

A Reunião foi uma iniciativa para dar o 'pontapé' na forma de estimular o começo das anotações, de forma simples, pelas famílias rurais. "Queremos divulgar e orientar que é preciso iniciar os registros de todos os serviços e todos os insumos utilizados nos pomares de pessegueiro. O produtor que tiver suas anotações será possível gerar códigos de barras e/ou etiquetas específicas para dar conhecimento ao público", explicou Ehlert.

Segundo ele, a cadeia produtiva do pêssego para indústria está discutindo de forma conjunta como também adotar boas práticas para a conserva de pêssego. Reuniões de trabalho estão já agendadas para dar continuidade a esta temática.

A normativa
A Instrução Normativa (INC) Nº 2/02/2018, realizada em conjunto pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) resolvem definir procedimentos para a aplicação da rastreabilidade ao longo da cadeia produtiva de produtos vegetais frescos destinados à alimentação humana, para fins de monitoramento e controle de resíduos de agrotóxicos, em todo o território nacional. O documento conceitua a cadeia produtiva considerando o fluxo da origem ao consumo de produtos vegetais frescos, abrangendo as etapas de produção primária, armazenagem, consolidação de lotes, embalagem, transporte, distribuição, fornecimento, comercialização,exportação e importação. Além disso, também são considerados produtos vegetais frescos as frutas, hortaliças, raízes, bulbos e tubérculos, embalado ou não, destinado à comercialização para o consumo, após os procedimentos de colheita e pós-colheita, cujo estado de apresentação mantém as características de identidade e qualidade do produto fresco.

Quem não adotar os procedimentos correrá riscos de infração e receberá penalidades como advertência;  multa de até 500.000 UFIRs ou índice equivalente que venha a substituí-lo;   suspensão da comercialização do produto; apreensão ou condenação das matérias-primas e produtos;  interdição do estabelecimento; suspensão do credenciamento;e cassação ou cancelamento do credenciamento.

Os prazos de adoção de práticas de controle e registro foram divididos em diferentes grupos de frutíferas. Os produtores de citros, maçã e uva já estão se inserindo nesta adoção de práticas fitossanitárias assim como está sendo iniciado a conscientização dos produtores de Melão, Morango, Coco, Goiaba, Caqui, Mamão, Banana e Manga. E até 2021 devem entrar nessa adoção de práticas de  controle os produtores das culturas do Abacate, Abacaxi, Anonáceas, Cacau, Cupuaçu, Kiwi, Maracujá, Melancia, Romã, Açaí, Acerola, Amora, Ameixa, Caju, Carambola, Figo, Framboesa, Marmelo, Nectarina, Nêspera, Pêssego, Pitanga, Pêra e Mirtilo.

Cristiane Betemps (MTb 7418/RS)
Embrapa Clima Temperado

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Mais informações sobre o tema
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