O Centro de Treinamento da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater GO) esteve lotado no último dia 10 de agosto por parlamentares, extensionistas, produtores rurais, pesquisadores e dirigentes de entidades governamentais e não governamentais para a realização do 2º seminário ‘A Ater que Queremos e o Brasil Precisa'.

Promovido pela Frente Parlamentar de Assistência Técnica e Extensão Rural (Frente de Ater) o acontecimento foi marcado por debates, apresentações de painéis e de definições de propostas que irão compor a plenária a se realizar em dezembro, em Brasília, sobre os rumos e estruturações necessárias para o aprimoramento da assistência técnica e extensão rural no país, além de criar mecanismos para a redução das desigualdades sociais no campo.

Para o presidente da Frente de Ater, o Deputado Zé Silva  (MG), o setor vive um excelente momento de mudança, mas ao mesmo tempo é um período crítico, pois vai depender do que se está definindo agora e o que as gerações futuras irão receber de melhor da assistência técnica e extensão rural. "Eu divido a história da extensão rural em três momentos: quando ela foi criada em 1948 em Minas Gerais; depois, um fato triste, quando foi extinta no governo Collor nos anos 90; e agora, a terceira onda para a Ater, com a criação da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater), um projeto que eu venho trabalhando desde 2005, como presidente da Asbraer e que, agora, aprovamos no Congresso Nacional", destacou.

No Centro-Oeste, a Frente de Ater, é coordenada pelos deputados Roberto Balestra (GO), Ezequiel Fonseca (MT) e para a realização deste 2º Seminário foram convidados os representantes de entidades que compõem o Conselho Consultivo da Frente de Ater (Asbraer, Faser, Anater, MDA, Mapa, Consepa, Fetraf, Fao, Embrapa e Contag, entre outras entidades).

"Nós queremos que a Ater tenha qualidade para que o produtor possa melhorar sua renda, se organizar e participar mais das decisões que lhes afetam, passando a ser ator estratégico, relevante e portador de direitos, deveres e de responsabilidades para a produção de alimentos saudáveis. Neste sentido, precisamos entender que o mundo rural é muito heterogêneo e que existem muitas desigualdades e assimetrias entre localidades, estados e regiões e que nós precisamos olhar para estas desigualdades e priorizar o que fazer em cada momento e situação", observou o presidente da Anater, Paulo Cabral.

A Embrapa também participou do evento, por intermédio do chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Arroz e Feijão, Lineu Domit, que representou o presidente da instituição, Maurício Lopes; o pesquisador destacou a importância das Ater's tanto para a estruturação do produtor, quanto para o processo de desenvolvimento, que começa na comunidade, vai para o município e para a região. "A Embrapa tem um conjunto de tecnologias, portfólios e informações que podem ser úteis ao produtor, mas se não existir uma assistência técnica e extensão rural forte e capacitada não chegaremos lá. Então, é necessária a participação efetiva do produtor e ainda, uma política eficaz de gestão de Ater, incluindo aí capacitação continuada e permanente, além de ações integradas entre pesquisa, extensão e o produtor".

Já o presidente da Emater Goiás, Pedro Arraes, salientou a importância das organizações e a necessidade de um novo modelo de assessoramento técnico, centrado na disponibilidade de tecnologias que são lançadas cada vez mais rápidas, com maior especificidade de ação, de valor agregado e validação integrada entre o processo de transferência de tecnologia, a pesquisa e a extensão rural. "Neste contexto, a organização de assessoramento técnico precisa se articular dentro de dois pilares: o pilar de assistência técnica e extensão rural, na prospecção de demandas do campo; e no processo de pesquisa e geração de conhecimento, aplicadas à validação e transferência de tecnologia", informou Arraes.  

A Frente de Ater conta com 230 parlamentares e tem como linha de ação a mobilização de gestores, profissionais do setor, lideranças políticas e de organizações rurais, técnicos e militantes de organizações de trabalhadores da Ater, acadêmicos e estudiosos, para consolidar informações e formular um acervo de propostas, ações e diretrizes que conduzam a uma reestruturação do sistema de Ater brasileiro.

Até dezembro deste ano, a equipe pretende se reunir com os produtores e representantes de Ater, públicas e privadas, de várias regiões do país. Entre os objetivos da Frente de Ater estão acompanhar, propor e analisar projetos e programas que disciplinem todos os assuntos referentes à assistência técnica e extensão rural; organizar e elaborar estudos e pesquisas; e fomentar programas para a assistência técnica e extensão rural e instrução dos extensionistas.

A Frente também pretende promover atividades científicas e acadêmicas, inclusive pesquisas e intercâmbio de pesquisadores, especialistas e estudantes, além de realizar debates e eventos em geral, para o aprimoramento da assistência técnica e extensão rural.

Os integrantes do grupo ainda deverão promover gestões junto aos governos Federal, Estadual e Municipal para a política da assistência técnica e extensão rural e a busca da redução das desigualdades sociais no campo, entre outras atividades.