11/06/19 |   Estudos socioeconômicos e ambientais

Terra manejada por civilizações antigas é fonte de debate no Rio de Janeiro

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Foto: Denise Schaan

Denise Schaan - Geoglifo em solo brasileiro

Geoglifo em solo brasileiro

A Embrapa Solos (Rio de Janeiro, RJ) promove, em sua sede, no Jardim Botânico, no dia 13 de junho, o seminário ‘Vendo o invisível’. O evento vai mostrar as ferramentas que são utilizadas para descobrir as marcas do homem, utilizando técnicas e análises inovadoras nos sítios arqueológicos.

“A ocupação da terra pela humanidade deixa marcas na paisagem e no solo. Neste simpósio reunimos pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento, como arqueólogos, físicos e pedólogos que usam técnicas para caracterizar estes rastros deixados pelo homem, seja para fim de resgate de informações históricas ou arqueológicas, como também nas características dos horizontes da terra modificados pelo homem”, revela o pesquisador da Embrapa Solos, Wenceslau Teixeira.

Geoglifos

Um tipo de formação que intriga os cientistas, localizada no Norte do Brasil, principalmente no Acre, são os geoglifos. Temos mais de 500 dessas estruturas no país, grandes figuras feitas no chão, com até quatro metros de profundidade, construídas há dois mil anos, visíveis apenas a bordo de aviões ou balões. "Muitos geoglifos estão próximos às bordas do platô, com canais que ligam a lugares mais baixos, como fontes de água, parecendo haver uma intenção de drenar ou manejar a disponibilidade de água nas valas", diz o pesquisador da Embrapa Solos, Wenceslau Teixeira. O que levou à elaboração dos geoglifos ainda é um mistério."Podem ser locais sagrados, ou de moradia, mas o fato é que não encontramos marcas no solo de ocupação humana intensa dentro dos geoglifos, esta marcas nunca existiram ou desapareceram? ", indaga Wenceslau.

Para os arqueólogos o estudo do solo antrópico busca descobrir quem eram e como viviam esses povos, enquanto para os pedólogos (estudiosos do solo no campo) os objetivos são conhecer as características dessa terra e porque são férteis. Pesquisadores buscam replicar esse solo em laboratório.

Terra Preta de Índio

Esse solo também é conhecido como Terra Preta de Índio (TPI), terra fértil formada por resíduos orgânicos e inorgânicos dos índios que habitaram o local há mais de mil anos. A TPI ocupa, segundo estimativas, uma área equivalente a 3,2% da Amazônia, cobrindo 154 mil km2. Suas possíveis fontes de nutrientes incluem excrementos humanos e animais, ossos de peixes, cinzas de carbono e resíduos orgânicos. Acredita-se que o "segredo" da sua fertilidade é a mistura de cinzas, restos animais e vegetais e biocarvão. Quando comparada ao solo adjacente, a TPI revela presença superior de carbono, fósforo e cálcio, além de matéria orgânica de melhor qualidade.

Sambaqui

Outro tema abordado no encontro do dia 13 de junho serão os sambaquis. Esses solos férteis antrópicos aparecem na beira do mar. São depósitos construídos pelo homem, formados por materiais orgânicos e conchas que, empilhados ao longo do tempo, vêm sofrendo a ação das intempéries. Eles são facilmente avistáveis, podendo chegar a 30 metros de altura, e localizados prioritariamente nos estados do Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina.

Em seu material de origem estão vestígios de rituais funerários, que incluem restos de comida, prováveis oferendas para os mortos. Esses rituais eram tão triviais quanto comer e dormir. Nos sambaquis no Rio também foram encontrados esqueletos humanos, marisco moído, ostras, peixes, plantas comestíveis e utensílios feitos de pedra.

O antigo Jardim Botânico

Além destes temas, também estão na programação apresentações sobre a o Jardim Botânico do Rio de Janeiro em seus primeiros 50 anos (1808-1858) e a conservação do patrimônio arqueológico metálico.

“Com este colóquio queremos aumentar as interações entre as instituições de pesquisa, com verbas menores a união é uma saída possível”, conclui Wenceslau.

Serviço

Seminário ‘Vendo o invisível’
13 de junho, a partir das 8h30
Embrapa Solos – Rua Jardim Botânico, 1024 – Jardim Botânico – Rio de Janeiro-RJ
Inscrições: Enviar e-mail para fereis.cordeiro@gmail.com

Programação:
8h30 Abertura – José Carlos Polidoro, chefe geral da Embrapa Solos

9h - Reconstruindo a natureza nos trópicos: a criação da Terra Preta na Amazônia - Morgan Schmidt - Museu Nacional/UFRJ e Massachusetts Institute of Technology (MIT)

9h30 - Geoglifos: O mistério da quase ausência de marcas antrópicas no solo - Wenceslau Teixeira - Embrapa Solos

10h -Arquitetura da morte: análise estratigráfica dos Sambaquis - Gina F. Bianchini e Renato Ramos - Museu Nacional

10h30 – Debate – Mediação: Mauro Geraldes – UERJ

11h30 - O "velho" Jardim Botânico do Rio de Janeiro (1808 - 1858): hipóteses arqueológicas a partir da documentação do seu patrimônio cultural - Marcos Gonzalez - Jardim Botânico do Rio de Janeiro

12h - Conservação do patrimônio arqueológico metálico proveniente de ambientes terrestres - Guadalupe Campos - Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST)

12h30 – Debate – Mediação: Ademir Fontana - Embrapa Solos

14h30 - Medidas magnéticas aplicadas à arqueologia - Geraldo Cernicchiaro - Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF)

15h - Técnicas nanotecnológicas aplicadas a estudos do carbono no solo encontrados em ancientes solos antrópicos da Amazônia - Bráulio Archanjo, Joyce Araújo e Carlos Achete – INMETRO

15h30 - Critérios de classificação taxonômica e novos indicadores de ocupação humana em solos antrópicos - Fernanda Cordeiro e Lúcia Anjos – UFRRJ

16h – Debate – Mediação: Ademir Fontana

16h30 – Encerramento: Morgan Schmidt e Wenceslau Teixeira

Carlos Dias (20.395 MTb RJ)
Embrapa Solos

Contatos para a imprensa

Telefone: (21) 2179-4578

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

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