Estudantes de Formosa conhecem pesquisas da Embrapa Cerrados.
Estudantes de Formosa conhecem pesquisas da Embrapa Cerrados.
Foto: Breno Lobato
Alunos do Colégio São José percorreram quatro estações técnicas em visita à Unidade
Uma turma de 44 alunos da 7ª série do Ensino Fundamental do Colégio São José, de Formosa (GO), teve contato com parte das pesquisas realizadas pela Embrapa Cerrados em visita à Unidade no dia 18 de junho. Além de aprenderem sobre o papel dos insetos e conhecerem espécies de árvores nativas do Bioma Cerrado, os estudantes assistiram a apresentações de pesquisas sobre toxicologia da água, química de solo, maracujás e café conilon, apoiadas pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF).
A visita foi iniciada no auditório Roberto Aduan, onde os alunos assistiram a um vídeo sobre o papel dos insetos na natureza e conheceram alguns exemplares expostos em gavetas entomológicas. Antes de iniciarem as estações técnicas, eles conheceram algumas espécies de árvores nativas do Cerrado e os usos dos frutos e sementes.
Bolsista do Laboratório de Ecotoxicologia da Unidade, Leandro Rangel falou sobre o trabalho de monitoramento da qualidade da água com o uso de organismos aquáticos como caramujos, que servem como bioindicadores. Os animais são submetidos a água com diferentes concentrações de protetor solar e de outros poluentes como cinzas de queimadas, cremes para cabelo e nanopartículas de prata presentes em roupas de banho.
Também são realizadas no laboratório análises dos índices de qualidade da água dos rios do DF para verificar onde é possível consumir a água. Uma das análises que têm sido feitas é a da presença do herbicida glifosato. Rangel apresentou um experimento simples com água com corante e água sem corante, explicando que nem sempre uma água sem cor, cheiro nem sabor é apropriada para consumo humano.
O pesquisador Giuliano Marchi abordou a pesquisa em química de solo. Ele explicou o que é pH (escala que mede acidez, neutralidade ou alcalinidade de uma solução) e demonstrou o funcionamento de um pHmetro. O pH é um dos itens analisados nas amostras coletadas para pesquisas sobre química de solo. O pesquisador destacou que os solos do Cerrado são ácidos, o que limita o desenvolvimento das plantas, e que o calcário, composto por carbonato de cálcio, é usado na correção da acidez do solo.
Marchi demonstrou a reação química entre o ácido clorídrico e o carbonato de cálcio, evidenciando a liberação de gás carbônico e a neutralização do ácido. Também ensinou que as rochas, ao serem moídas, aumentam significativamente a superfície de contato, o que acelera as reações químicas. Por isso, o calcário deve ser aplicado na forma de pó, sendo espalhado sobre o solo para que a correção da acidez ocorra mais rapidamente.
A biodiversidade de maracujás foi o tema apresentado pelo pesquisador Fábio Faleiro. Na natureza, existem cerca de 500 espécies de maracujá, sendo 70 comestíveis. Ele citou as diversas formas de uso da polpa, das sementes, da casca, das flores e das flores, e explicou que a Embrapa desenvolve cultivares de maracujá mais produtivas e resistentes a pragas e doenças, além de tecnologias para o sistema de produção.
Em seguida, Faleiro apresentou os tipos de maracujás provenientes das pesquisas em melhoramento genético – azedo, doce, silvestre e ornamental, além de outros que ainda serão lançados pela Embrapa –, explicando que o melhoramento é feito a partir de cruzamentos entre indivíduos da mesma espécie ou de espécies diferentes. Como curiosidade, ensinou que a flor do maracujá é chamada de “flor da paixão” em alusão à Paixão de Cristo, na qual os três estigmas representam os cravos que prenderam Cristo à cruz, os cinco estames seriam as cinco chagas e os filamentos os espinhos da coroa usada na crucificação.
A última estação foi apresentada na área de experimentos com café conilon irrigado. O pesquisador Renato Amabile contou uma lenda sobre a descoberta do café, originário da Etiópia, como bebida, e a história da introdução do grão no Brasil, quando o militar Francisco Palheta trouxe mudas e sementes da Guiana Francesa, em 1727. Na Embrapa Cerrados, a pesquisa busca adaptar e selecionar plantas de café conilon em locais com maiores altitudes, como o Brasil Central.
Amabile comentou que o café conilon, apesar de ter qualidade inferior à do café arábica, é mais produtivo e contém maior teor de cafeína, sendo muito utilizado em cafés solúveis. Uma das variedades testadas no experimento é a BRS Ouro Preto, desenvolvida em Rondônia. O pesquisador explicou como é feita a seleção de plantas para cruzamento e o melhoramento genético do café. Ao final, convidou os estudantes para provarem os frutos.
Impressões
A professora de geografia Roberta Mara Martins foi quem idealizou a visita à Embrapa Cerrados. “Na faculdade, tive um professor que era funcionário da Embrapa e sempre levava os alunos para visitas”, lembrou. Ela explicou que a disciplina que leciona no Colégio São José para a 7ª série trabalha a geografia do Brasil e os processos relativos ao solo e à agricultura.
“Como professora, sei da responsabilidade da Embrapa para o desenvolvimento da produção agrícola do País e para dar sustentabilidade às próximas gerações”, afirmou, acrescentando que a visita superou as expectativas e que acrescentou muito à formação dos alunos. “O foco não é só a aprendizagem, mas também despertá-los para algumas profissões e entender essa responsabilidade da Embrapa. Tenho certeza de que eles vão levar para a vida os conhecimentos adquiridos aqui”, declarou.
Para o aluno José Rafael Guimarães, de 12 anos, a visita ensinou muitas coisas sobre a biodiversidade do Cerrado, a água e o solo. “Consegui aprender muito. Não sabia que existem tantas espécies de maracujá, nem imaginava como o solo poderia ser transformado”, disse, destacando que a estação sobre química do solo foi interessante por ter relação com conteúdos sobre espaço rural estudados em sala de aula.
Isabella Silva, também de 12 anos, ficou impressionada com a diversidade de espécies de maracujás apresentada, mas destacou os conteúdos apresentados sobre o café. “O modo de cultivo, a lenda, a história, os tipos... tudo muito interessante. Os pés de café são bonitos e o grão é gostoso, nunca tinha provado. A oportunidade de vir aqui foi bem legal”, concluiu.
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Breno Lobato (MTb 9417-MG)
Embrapa Cerrados
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