Workshop aproxima demandas e soluções em tecnologias digitais para o agro
Workshop aproxima demandas e soluções em tecnologias digitais para o agro
Para discutir as principais demandas e apresentar soluções e tecnologias digitais voltadas ao setor agropecuário, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Embrapa organizaram o Workshop do Observatório de Negócios Digitais da Agricultura Brasileira. O evento, realizado na segunda-feira (17), em Campinas (SP), identificou oportunidades de negócios digitais a partir de rodadas com representantes das instituições organizadoras e de empresas da área de tecnologia da informação (TI).
O workshop integrou a programação do I Encontro de Negócios para a Agricultura Digital, que ocorreu na Embrapa Informática Agropecuária e reuniu produtores e desenvolvedores de soluções tecnológicas de startups e de empresas de tecnologia, além de membros do governo. O encontro discutiu a transformação digital no campo e as perspectivas desse novo mercado.
>> Leia mais sobre o I Encontro de Negócios para a Agricultura Digital
“A agricultura digital tem desenvolvido um papel extremamente importante para o desenvolvimento do agro brasileiro”, disse o presidente em exercício da Embrapa, Celso Moretti. As discussões com grandes parceiros do setor de TI pode apoiar o agronegócio brasileiro a avançar nesse processo de transformação digital, com soluções em internet das coisas (IoT), blockchain e análises de big data, exemplificou o presidente.
As soluções de IoT vieram para trazer mais produtividade e qualidade para o setor, na avaliação de Guilherme Corrêa, coordenador de Inovação Tecnológica e IoT do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). O Ministério está envolvido no tema de agricultura digital desde 2014 com o Plano Nacional de Internet das Coisas. O estudo feito em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) definiu quatro temas prioritários para a aplicação de IoT: rural, indústria, cidades e saúde.
O Brasil lidera mundialmente o desenvolvimento de soluções para a melhoria da produtividade na agricultura e na pecuária. A projeção do MCTIC é que a produção agrícola nacional pode aumentar em cerca de 49 milhões de toneladas até 2030, com a adoção de ferramentas de IoT. “Eventos como esse, que fomentem a inovação e as soluções de internet das coisas no meio rural, são muito importantes porque o Plano envolve basicamente a criação de ecossistemas inovadores para esse ambiente”, afirmou Corrêa.
No final do ano passado, o MCTIC criou o Observatório da Transformação Digital. A ideia é que essa iniciativa da câmara setorial do agro 4.0 venha ao encontro do trabalho que está sendo feito pela Embrapa, juntando os atores do setor, para que possam interagir com o Observatório de Negócios Digitais, envolvendo também os dados das demais áreas da indústria, saúde e cidades, para aplicação de IoT e inovação, de acordo com o coordenador.
O gerente de Tecnologia da Informação da Embrapa, Fabiano Mariath D’Oliveira, líder do Observatório de Negócios Digitais, reforçou a contribuição desse trabalho na estratégia brasileira da transformação digital de forma mais abrangente, promovendo a aproximação entre o setor produtivo e o mercado. O órgão atua na análise de cenários e tendências, priorizando a qualificação de oportunidades em negócios digitais para a agricultura brasileira, identificação de demandas do setor para o ambiente digital, o monitoramento da adoção dessas tecnologias no Brasil, ou seja, como de fato elas estão chegando ao campo, e a promoção desse ecossistema digital levando as demandas do agro às empresas de TI que desenvolvem soluções tecnológicas.
Bruno Lucchi, superintendente técnico na CNA, destacou a importância da representação dos produtores e dessas discussões para as comissões das várias cadeias produtivas. As comissões estão empenhadas em debater políticas públicas para o setor agropecuário, além de identificar os principais problemas que afetam a área e apresentar propostas a representantes do governo, do congresso e do setor judiciário. Em 2018, a CNA e a Embrapa já haviam realizado uma reunião com produtores por meio do Observatório, que contribuiu para solucionar problemas e inclusive gerar negócios digitais.
“A questão da inovação, um dos pontos discutidos, é a agenda positiva dessas comissões, pois geralmente são debatidos muitos problemas”, frisou Lucchi. Segundo ele, a CNA faz um trabalho de acompanhamento de custos de produção em torno de 40 cadeias agropecuárias distribuídas por 141 municípios do País, com apoio de diversas universidades, e mapeou o impacto econômico de muitos dos problemas que os produtores rurais enfrentam. “A oportunidade que temos aqui é justamente apresentar essas dificuldades, quantificar os prejuízos e pensar juntos em soluções que possam sair nos próximos meses”, finalizou o superintendente.
Rodadas de negócios
As rodadas de negócios digitais, ou round tables, promovidas durante o workshop abordaram quatro cadeias produtivas: desafios da biomassa, café, horticultura, fruticultura e floricultura, e pecuária de corte e leiteira, e foram patrocinadas pelas empresas AWS, IBM, Microsoft e SAP. As discussões reuniram representantes de associações de produtores, agências de fomento, startups, empresas de TI e de instituições de pesquisa.
Renato Cristiano Torres, coordenador administrativo de projetos corporativos da Embrapa, explicou que durante as rodadas, identificou-se a necessidade de ampliar a divulgação das soluções tecnológicas voltadas ao ambiente rural. Além disso, as principais demandas apontadas pelos grupos de produtores relacionam-se a aspectos relativos à comercialização, infraestrutura de conectividade, capacitação técnica no campo, tecnologias de agricultura de precisão e canais de comunicação, entre outras.
“Cada cadeia trouxe especificidades, mas em grandes linhas são esses os problemas identificados”, disse Torres. No café, por exemplo, foi apontada a necessidade de automação de colheita porque o custo da mão de obra torna a rentabilidade do produtor mais baixa, isto é, produz grande impacto no custo da produção. Já na fruticultura, foi identificada a necessidade de prover rastreabilidade dos produtos.
O pesquisador Marcos Visoli, da Embrapa Informática Agropecuária, contou que nas interações das rodadas percebeu-se uma grande necessidade de se obter mais dados do setor produtivo e compartilhá-los. “É imprescindível obter mais dados das etapas da produção agropecuária com tecnologias habilitadoras, transmiti-los, integrá-los, processá-los, retornando informações úteis e em tempo hábil para o produtor rural”, avaliou.
“O ponto fundamental é que estamos focados em olhar quais são os problemas do dia a dia das cadeias, encontrar formas de resolver pequenos problemas com otimização, encontrar formas de resolver grandes problemas, e tentar dar mais instrumentos ao produtor para que ele seja economicamente mais viável, mais competitivo e consiga tirar mais valor com o produto dele. Enfim, encontrar maneiras inovadoras de resolver de forma diferente os problemas que já existem há muito tempo para que o produtor tome a melhor decisão”, conforme o diretor dos Programas Executivos do Gartner para a América Latina, Hiraclis Nicolaidis.
Todas as informações produzidas no evento serão consolidadas em um documento e compartilhadas com a sociedade por meio do portal do Observatório. As sugestões vão embasar um estudo relacionando as demandas e os desafios com as tecnologias habilitadoras, ou seja, será criada uma matriz de oportunidades de inovação digital para demonstrar possibilidades de entrega de soluções pelo mercado digital. Um novo encontro do Observatório deve ocorrer em outubro, para divulgação desse conteúdo pela Embrapa, com o apoio da CNA.
O Workshop do Observatório de Negócios Digitais da Agricultura Brasileira teve o patrocínio da Accenture, AWS, Connect DF, First Decision, IBM, Kick Venture, Micropower, Microsoft, SAP, Sapientia, Scicrop, Servix, Stefanini, Tarea e Torino. Recebeu apoio institucional da Gartner, Movimento Brasil Competitivo (MBC) e Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP).
Nadir Rodrigues (MTb 26.948/SP)
Embrapa Informática Agropecuária
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