13/05/19 |   Agricultura familiar

Como atrair e fixar os jovens no campo foi foco do Vitis Aurora

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Foto: Fábio Ribeiro

Fábio Ribeiro - Espaço da Embrapa

Espaço da Embrapa

Por que o jovem, filho de viticultores, não quer mais ficar no campo, se muitas vezes a remuneração obtida nas propriedades é até três vezes maior que o salário do jovem que reside e trabalha na cidade? A resposta não é simples, mas passa por uma mudança de paradigma: deixar o trabalho pesado para as máquinas e aprender a fazer a gestão da propriedade. A preocupação com a fixação do jovem no campo e a sucessão na área rural foi o foco do Vitis Aurora, Mostra de Tecnologia Vitícola na área da Vinícola Aurora, em Pinto Bandeira, RS, que apresentou, nos dias 09 e 10 de maio, novidades tecnológicas para o setor vitícola.  

O trabalho pesado de levantar as caixas com uvas, tombá-las no caminhão, carregar a fruta, distribuir corretivos e fertilizantes ... tudo isso e muito mais até pouco tempo atrás era feito de forma braçal. Por que não utilizar máquinas para isso? Este é o pensamento dos jovens que estão sucedendo a propriedade de seus pais: mecanizar o trabalho pesado e ficar com o trabalho intelectual, isto é, gerenciar a propriedade.

A Tecnofrut Implementos e Máquinas Agrícolas, do casal Anderson Benato e Aline Busetti Benato, é uma empresa que trabalha com este objetivo no município de  Farroupilha, RS. Carregador de frutas hidráulico, distribuidor  de corretivos e fertilizantes, empilhadeira com tombador são alguns dos equipamentos e implementos desenvolvidos pela empresa e que realizam o trabalho pesado na colheita da uva e de outras frutas para otimizar a mão de obra. A empresa, que está cadastrada no Programa Mais Alimentos, viabiliza ao pequeno produtor a aquisição de equipamentos com crédito facilitado.

Atenta a essas mudanças, a Cooperativa Vinícola Aurora tem dois projetos direcionados aos jovens: o primeiro está baseado na pedagogia da alternância, no qual o filho do associado estuda duas semanas no colégio e nas outras duas semanas trabalha na propriedade dos seus pais, preparando-o para assumir mais responsabilidades  no campo. Outra estratégia é um convênio entre a Sescoop (Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo) e a Cooperativa, retornando investimentos que permitem aos filhos dos associados terem uma renda, aprendendo a administrar o seu próprio negócio. Além disso, foi implantado o Conselho Junior, no qual anualmente 20 jovens são escolhidos para fazer as mesmas atividades que o Conselho da Cooperativa faz, dentro da sua propriedade: são jovens que estão sendo preparados para futuramente assumir um cargo na Cooperativa. Gaspar Rotava, gerente social da Cooperativa Vinícola Aurora e Itacir Pedro Pozza, presidente da Cooperativa concordam que é um trabalho de gestão junto aos filhos dos cooperativados.

"Percebemos que a principal questão relacionada à tecnologia é baseada em manejo e a nossa parceria com a Embrapa busca isso" destaca Jonas Schwartz, engenheiro agrônomo que trabalha na assistência técnica do Departamento Agrícola da Cooperativa Aurora. Por exemplo, o manejo de algumas pragas como a pérola da terra e doenças como o míldio, morte descendente e a fusariose são questões pouco difundidas, o que dificulta o controle no campo muitas vezes. O principal entrave hoje no crescimento de produtividade, na nossa região está associada aos aspectos fitossanitários.

A Embrapa Uva e Vinho vem trabalhando na geração de conhecimentos para melhorar o manejo sustentável na viticultura. Um excelente exemplo são as cultivares resistentes a doenças, que reduzem a necessidade de aplicação de produtos químicos. O uso da agricultura de precisão, com a implantação de sistemas de alerta e aplicativos de gestão associados a modelos de previsão de ocorrência de doenças também são destaques. "Outro ponto que a Embrapa está avançando muito é a inovação aberta, na qual a empresa, junto com parceiros privados, avalia e colabora no desenvolvimento de tecnologias adequadas ao setor, por exemplo, máquinas que permitem reduzir a mão de obra no campo. Além disso, ferramentas de gestão financeira, como o Gestfrut, permitem ao produtor conhecer os custos de produção e melhorar a gestão da propriedade", afirma Marcos Botton, pesquisador e Chefe Adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Uva e Vinho.

Alan Pagliosa e Henrique Formigheri, estudantes da Escola Família Agrícola da Serra Gaúcha em Caxias do Sul, RS, com 17 anos, foram para feira procurar máquinas e implementos para propriedade de seus pais. Eles estão na escola agrícola com objetivo de adquirir novos conhecimentos, diminuir a mão de obra em casa e facilitar o trabalho para melhorar a qualidade de vida, ajudando os pais na propriedade. "Eu pretendo continuar na propriedade de meus pais, pois hoje em dia já está sendo mais fácil pelo uso de novos implementos", comenta Alan. "Eu tenho a ideia de me profissionalizar para poder fornecer assistência para minha família e para outros produtores", conclui Henrique.
 
O Vitis Aurora contou com mais de 1500 inscritos, público que veio de vários municípios vizinhos mesmo com a chuva torrencial que caiu no segundo dia. Foram 52 expositores entre máquinas, implementos, insumos, área de pesquisa e educação além de quiosques com alimentação. 

 

Mª Francisca Canovas de Moura (7168 DRT/RS)
Embrapa Uva e Vinho

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