Projeto aborda criação de abelhas sem ferrão como oportunidade de geração de renda
Projeto aborda criação de abelhas sem ferrão como oportunidade de geração de renda
Foto: Síglia Souza
Abelhas sem ferrão, conhecidas também como abelhas indígenas ou abelhas nativas, tem grande diversidade na Amazônia.
Com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável da meliponicultura em comunidades no estado do Amazonas, a Embrapa Amazônia Ocidental está promovendo atividades de transferência de tecnologias no manejo de abelhas nativas para geração de renda para agricultura familiar na região. Dentre essas ações, foi promovido nesta semana o curso “Meliponicultura - Desafios e Perspectivas”, que apresentou informações técnicas para potencializar as possibilidades de geração de renda com a meliponicultura, que é a criação racional de abelhas sem ferrão.
Essas abelhas pertencem ao grupo chamado de meliponíneos e também são conhecidas como abelhas indígenas ou abelhas nativas, com grande presença nas regiões tropicais e subtropicais, e maior diversidade de espécies na região amazônica.
O curso “Meliponicultura - Desafios e Perspectivas” faz parte de um conjunto de atividades de transferência de tecnologias no manejo de abelhas nativas para geração de renda para agricultura familiar, que estão sendo promovidas pela Embrapa, por meio do projeto Agrobio.
O Agrobio - projeto “Abelhas, variedades crioulas e bioativos agroecológicos: conservação e prospecção da biodiversidade para gerar renda aos agricultores familiares na Amazônia Legal” - tem atuação nos estados do Acre, Amazonas, Roraima e Pará, sob a coordenação do pesquisador Daniel Santiago Pereira, da Embrapa Amazônia Oriental (Belém-PA).
No Amazonas, as atividades do Agrobio são coordenadas pela pesquisadora da Embrapa Amazônia Ocidental, Cristiane Krug.
O Agrobio faz parte do conjunto de 19 projetos da Embrapa que formam o Projeto Integrado para a Produção e Manejo Sustentável do Bioma Amazônia, financiado com recursos do Fundo Amazônia e operacionalizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Capacitação A pesquisadora da Embrapa Amazônia Ocidental, Cristiane Krug, explica que o foco das ações do Agrobio no Amazonas são capacitações para que a atividade de meliponicultura seja melhor aproveitada como oportunidade de geração de renda. Neste sentido, o projeto viabilizou a vinda a Manaus do agrônomo Rogério Marcos de Oliveira Alves, professor aposentado do Instituto Federal Baiano, pesquisador e empreendedor com ampla experiência em meliponicultura, para ministrar o curso “Meliponicultura - Desafios e Perspectivas”. A atividade contou com apoio do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e do sítio Doce Refúgio Amazônico, local onde foi realizada a capacitação. O curso “Meliponicultura - Desafios e Perspectivas” aconteceu nos dias 24 a 25 de junho, na zona rural do município de Iranduba (AM), direcionado a técnicos e criadores de abelhas que já têm experiência na meliponicultura. Os tópicos abordados foram a meliponicultura como atividade sustentável; técnicas de manejo adequado e espécies adequadas à produção de mel; formação de pastagem; legislação na criação e produção de mel; oportunidades de negócios na meliponicultura - mercados e custos de produção. Participaram criadores de abelhas nativas que atuam nos municípios de Maués, Presidente Figueiredo, Itacoatiara, Rio Preto da Eva, Boa Vista do Ramos, Iranduba e Manaus. Neste curso foram priorizados produtores que já realizam a atividade, em outros cursos do projeto serão envolvidos também outros públicos. Além de Rogério Alves como instrutor, participaram também como facilitadores a pesquisadora Gislene Almeida Carvalho e o técnico Hélio Conceição Vilas Boas, ambos do Inpa, e a pesquisadora Cristiane Krug, da Embrapa Amazônia Ocidental. O ponto inicial das atividades de transferência de tecnologia do Agrobio no Amazonas está sendo a partir do município de Iranduba. A pesquisadora Cristiane Krug informa que, por meio do Agrobio, será instalada uma “sala de aula prática” em meliponário com espécies de abelhas sociais sem ferrão endêmicas da região e também será implantado um “jardim de mel”, que servirá como unidade demonstrativa de espécies de plantas atrativas para essas abelhas nativas. O “jardim de mel” reúne plantas com características de servir de “pastagem” para as abelhas, com flores para fornecer alimento (néctar e polén) para as colônias de abelhas produzirem mel e seus derivados. A oferta de alimento para as abelhas é de fundamental importância na produtividade da meliponicultura. Oportunidades As oportunidades de negócio e de geração de renda com a meliponicultura foi um dos principais pontos destacados no curso, por Rogério Alves que citou várias experiências em regiões do Brasil e destacou que esse potencial é grande sobretudo na Amazônia. “Por sinal essa região é a única no Brasil que pode prover grande produção em mel, porque outras regiões estão com problema de desmatamento, redução da flora e não conseguem desenvolver maior produção de mel”, comentou. Apesar do potencial, ressaltou que a atividade na Amazônia ainda não está bem desenvolvida e, com aperfeiçoamento nas técnicas, poderia render melhores resultados aos criadores. O agrônomo ressalta que a criação de abelhas nativas não pode depender apenas da floresta nativa existente na região, e para que a meliponicultura tenha sucesso em geração de renda, precisa ser abordada como atividade zootécnica, com planejamento, adoção de técnicas de manejo e oferta de pastagem para as abelhas, além de outras orientações como atividade de produção e não apenas de conservação. Ao mesmo tempo, a atividade de meliponicultura tem importante valor ecológico, e pode ser associada a ações de conservação, turismo e educação ambiental. Rogério faz uma comparação citando que, de forma geral, na criação de animais se utiliza áreas onde houve desmatamento, mas no caso das abelhas nativas é necessário ter floresta e também reflorestamento, para que as abelhas possam produzir. “Para que a atividade se desenvolva é necessário autossustentabilidade e precisa gerar benefícios para a abelha, meio ambiente e produtor”, destaca. Rogério ressalta ainda que a meliponicultura com autossustentabilidade influenciará em melhor qualidade de vida, pois proporciona oferta de produtos alimentícios e terapêuticos (mel, pólen, propólis) , assim como a geração de renda com a venda desses produtos. |
Síglia Souza (Mtb 66-AM)
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