13/08/15 |   Transferência de Tecnologia

Alternativas para potencializar citricultura amazonense são apresentadas em Dia de Campo

Informe múltiplos e-mails separados por vírgula.

Foto: Felipe Rosa

Felipe Rosa - Milheto, em primeiro plano, foi apresentado em Dia de Campo como uma das alternativas de cobertura de solo

Milheto, em primeiro plano, foi apresentado em Dia de Campo como uma das alternativas de cobertura de solo

Mais de cem pessoas participaram, nesta quarta-feira (12/08), do Dia de Campo Coberturas Vegetais e Novos Porta-Enxertos na Citricultura do Amazonas, realizado em Iranduba, por meio de uma parceria entre Embrapa, Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (Idam) e Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Durante cerca de quatro horas e em dois locais – Fazenda Santa Rosa e Campo Experimental do Caldeirão – representantes, pesquisadores e analistas das instituições promotoras do evento falaram sobre alternativas importantes que podem aumentar a produtividade e a sustentabilidade da citricultura amazonense, como o uso de coberturas vegetais e de novos porta-enxertos.

Durante a primeira etapa do Dia de Campo, o pesquisador José Eduardo Borges de Carvalho e o analista Cícero Cartaxo de Lucena, ambos da Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas/BA), apresentaram os experimentos que estão sendo conduzidos na Fazenda Santa Rosa, com o manejo de diferentes coberturas vegetais – como milheto, braquiárias, feijão-de-porco e calopogônio – nas entrelinhas dos plantios de citros, como forma de controle de plantas daninhas. A técnica reduz os custos e o uso de herbicidas ao longo do ano entre 30% e 40%, promove a cobertura e preservação do solo e o aumento da produtividade dos pomares.

A prática também reduz número de operações com roçadeiras para o controle do mato e o trânsito exagerado de máquinas nos pomares, o que pode causar a compactação do solo. "Além disso, no caso do uso de leguminosas, como o feijão-de-porco, elas realizam a fixação biológica de nitrogênio, e no caso das braquiárias, elas têm a capacidade de ciclagem de potássio e têm grande aptidão para acúmulo de biomassa no solo (palhada)", destacou Lucena, que é líder do projeto Transferência de tecnologias de cobertura vegetal na cultura dos citros e sua contribuição para agricultura conservacionista, trabalho que está alinhado com as diretrizes do Plano da Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC).

Conforme Lucena, o custo para plantio e manejo da cobertura de solo também é mais barato do que o manejo convencional, realizado somente com herbicidas. "Fizemos uma projeção de cinco anos e notamos que o uso de herbicidas custa ao produtor cerca de R$ 3450,00, uma média de R$ 690,00 por ano. Enquanto isso, o manejo da cobertura com feijão-de-porco ao longo dos cinco anos custa R$ 2972,50; com braquiária custa R$ 1918,50; com calopogônio custa R$ 1699,50. E estamos falando sobre as vantagens econômicas do manejo da cobertura. Os benefícios ambientais são ainda maiores", disse o analista da Embrapa.

O agricultor de Iranduba, Jolney Sell, presente no evento, destacou a importância que as pesquisas com cobertura vegetal têm para os produtores rurais. "Quando vemos um trabalho assim ficamos felizes, porque faz bem para o meio ambiente, é mais barato e não prejudica a saúde do trabalhador, que tem de estar todo o dia no campo para produzir", disse.

Novos porta-enxertos
Os pesquisadores Cláudio Luiz Leone Azevedo (Embrapa Mandioca e Fruticultura) e Terezinha Batista Garcia (Embrapa Amazônia Ocidental) apresentaram os experimentos que estão sendo feitos com novos porta-enxertos para a citricultura amazonense. O objetivo é oferecer ao Estado alternativas ao porta-enxerto limão-cravo, que hoje é utilizado na maioria dos pomares locais. Os materiais, que foram trabalhados nos últimos 20 anos pela Embrapa Mandioca e Fruticultura, têm características importantes, como tolerância a pragas e doenças e alguns são ananicantes – o que permite aumentar o número de plantas por área, a qualidade dos frutos e a produtividade, diminuir custos de produção e evitar a abertura de novas áreas para estabelecimento de novos pomares.

Dentre os porta-enxertos testados nas condições do Amazonas estão a tangerina Sunki Tropical, o limoeiro cravo Santa Cruz e os citrandarins Índio, Riverside e San Diego. "A grande novidade para o Amazonas são os porta-enxertos ananicantes, o que permite adensar mais os plantios. Ou seja, o porte da planta é menor e é possível aumentar o número de plantas na mesma área. Não é preciso expandir e abrir novas áreas de floresta. Além disso, os custos para colher em uma planta de dois metros é muito menor do que em uma planta de 3,5 metros, que é o que ocorre no Amazonas: as plantas crescem muito devido às características de solo e clima", destacou Leone.

Período crítico
Durante o Dia de Campo, o professor da Ufam, José Ferreira da Silva, falou sobre o período crítico de interferência de plantas infestantes na citricultura do Amazonas. Nos estudos realizados por sua equipe com a cultura da laranja, foi identificado que no período de outubro a maio é crucial realizar o controle do mato. "Realizamos esse trabalho durante dois anos e percebemos que de outubro a maio é o período crítico, quando existe grande competição entre as plantas infestantes e a laranjeira. Caso não seja feito o controle, pode haver redução de até 75% da produção", disse.

Citricultura no Amazonas
A citricultura amazonense é estratégica  no abastecimento do crescente mercado local e contribui para a redução dos preços desses alimentos, que têm seus valores acrescidos devido às longas distâncias existentes entre Manaus e os principais polos produtores de citros. A atividade citrícola na região é favorecida pelas condições climáticas adequadas para a produção ao longo do ano, com excelente regime de pluviosidade.

Abertura do evento
Durante a abertura do evento, o chefe-geral da Embrapa Amazônia Ocidental, Luiz Marcelo Brum Rossi, destacou a importância do trabalho com citricultura que as instituições estão realizando em parceria. "Esse momento do Dia de Campo é fundamental para mostrar esse trabalho, essa pesquisa para o produtor. Porque o produtor precisa ver no campo como essas tecnologias podem de fato melhorar a produtividade, melhorar a qualidade dos produtos. Esperamos que o trabalho continue avançando e que os produtores adotem essas tecnologias, porque isso vai garantir produção sustentável para o Estado", ressaltou.

Conforme o engenheiro agrônomo do Idam, Luiz Herval, a citricultura tem um grande potencial, mas precisa solucionar alguns problemas ainda para avançar. "Sabemos que a gomose é um grande problema, que às vezes até inviabiliza pomares novos no Amazonas. Então esse trabalho de seleção de novos porta-enxertos vem ajudar muito nesse processo", destacou Herval ao lembrar o esforço que o Estado tem feito para impedir que novas doenças entrem no Estado, como o HLB (Huanglongbing) que até hoje não foi registrada no Amazonas.

O Dia de Campo foi uma atividade do projeto Pesquisa e Transferência de Tecnologias para o Desenvolvimento da Citricultura no Estado do Amazonas. O evento – coordenado pelos pesquisadores da Embrapa, Marcos Garcia e Terezinha Garcia – contou com apoio da Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado do Amazonas (Adaf) e patrocínio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).

Felipe Rosa (14406/RS)
Embrapa Amazônia Ocidental

Contatos para a imprensa

Telefone: (92) 3303-7852

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

Galeria de imagens

Encontre mais notícias sobre:

amazoniacitriculturabahiasustentabilidadeplano-abc