05/07/19 |   Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação  Produção vegetal

Ministério da Agricultura e Embrapa propõem medidas para o controle da mosca-da-carambola em reunião transfronteiriça Brasil - França

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Foto: Aline Furtado

Aline Furtado - XI Reunião da Comissão Mista de Cooperação Transfronteiriça Brasil - França (CMT).

XI Reunião da Comissão Mista de Cooperação Transfronteiriça Brasil - França (CMT).

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) designou o chefe-geral da Embrapa Amapá, Nagib Melém, e o superintendente federal de Agricultura no Amapá, José Victor Torres, como representantes dessa pasta na XI Reunião da Comissão Mista de Cooperação Transfronteiriça Brasil - França (CMT). O panorama das ações do programa de controle da praga quarentenária Bactrocera carambolae (mosca-da-carambola) foi apresentado pelo superintendente à comitiva na manhã desta quinta-feira, 04/07, no auditório do Sebrae, em Macapá (AP).

Prestigiaram o evento o diretor-presidente da Agência de Defesa Agropecuária do Amapá (Diagro), José Renato Ribeiro, os pesquisadores Adilson Lopes, também chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia, e a pesquisadora Cristiane Ramos de Jesus, que compõem a equipe de pesquisa sobre moscas-da-carambola na Embrapa Amapá, além do governador do Amapá, Waldez Góes, e demais autoridades representativas do estado.

Nagib Melém falou em entrevista sobre a importância da agenda, enfatizando que “a Embrapa Amapá desenvolve pesquisas voltadas ao controle da mosca-da-carambola utilizando diferentes estratégias, com ênfase no uso dos agentes de controle biológico Fopius arisanus e Metarhizium anisopliae. Essas alternativas de controle biológico têm proporcionado resultados altamente promissores e, além disso, está totalmente alinhada com a filosofia do governo francês que é contrário a utilização de produtos químicos sintéticos como o malation para o controle da mosca-da-carambola”, disse Melém.

Bactrocera carambolae é a espécie de moscas-das-frutas de maior importância para a fruticultura brasileira, uma vez que pode atacar 21 hospedeiros de espécies frutíferas como a laranja, manga, carambola, além de ser muito agressiva e prolífica. “O impacto da dispersão dessa praga para áreas exportadoras de frutas in natura como o Vale do São Francisco, na Região Nordeste, pode acarretar perdas da ordem de 170 milhões de reais somente para a cultura da manga”, destacou Torres.

Segundo dados do Mapa, no estado do Amapá as ações de erradicação à mosca-da-carambola apresentam dados significativos, com redução do índice populacional da praga de 140.846 mil em 2015, para 21.848 mil em 2018. Nesse ano, os dados de janeiro apresentam 2.818 mil capturas, e em maio 597 capturas. “Os dados apresentados são positivos, todavia o Oiapoque tem o maior índice de capturas com 31%. Esse maior percentual de captura se deve à ausência de monitoramento na fronteira por parte da Guiana Francesa”, destacou o superintendente.

Em 2015, o Governo Federal destinou cerca de R$ 7.900 mil em recursos para o controle da mosca-da-carambola, sendo que atualmente essa totalidade chega a quase R$ 15 milhões. “Vale ressaltar que esses valores não consideram o investimento aportado pelo estado do Amapá, fazendo com que o programa oficial de controle de B. carambolae seja o que mais despenda recursos do Mapa em nível nacional”, complementou Torres. 

No estado do Amapá, o monitoramento da mosca-da-carambola é feito com 3.600 armadilhas McPhail, que atrai machos e fêmeas, e armadilhas Jackson, que atrai somente os machos por meio do paraferomônio metil eugenol. O controle também é feito por meio da coleta dos frutos, pulverização com a isca inseticida Success, além do uso da técnica de aniquilação de machos, ações de educação sanitária e vigilância nos portos e aeroporto da cidade de Macapá, estas realizadas pela Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária do Amapá (Diagro).

Pesquisa sobre a mosca-da-carambola

Dados da Embrapa Amapá sobre o controle biológico da mosca-da-carambola demonstram resultados altamente promissores. Em condições controladas, resultados superiores a 80% de controle tem sido alcançados com o uso de fungo entomopatogênico Metarhizium anisopliae. Já as pesquisas com o parasitoide Fopius arisanus ainda estão em fases mais preliminares, porém com resultados igualmente promissores.

Histórico da relação binacional sobre a temática

2002 - 2005 - Aconteceu a reunião da comissão de cooperação entre o Brasil e a Guiana Francesa, com base num acordo de cooperação do governo brasileiro e governo francês, de 28 de maio de 1996, promulgado pelo decreto nº 2.200, de 1997, onde foi firmado um protocolo bilateral de monitoramento da praga.

2005 - A Diretoria da Agricultura da Guiana Francesa e Brasil afirmou que o protocolo havia expirado, não renovando as ações de monitoramento no município de São Jorge do Oiapoque (Saint-Georges-de-l'Oyapock/Guiana Francesa), e consequentemente a suspensão das atividades pelos técnicos brasileiros.

2013 - Foi assinado entre o Brasil e a França um protocolo de entendimento sobre cooperação no campo da agricultura, instrumento que pode propiciar parcerias neste sentido.

2015 - Foi realizada reunião com proposta de protocolo técnico para estabelecimento de uma zona tampão na região de fronteira, definindo uma faixa de 15 km entre o Brasil e a Guiana Francesa. Nessa proposta também haveria um posto de vigilância para conter a entrada de praga no Brasil.

2016 - O ministro da França anuiu o estabelecimento da zona trampão, destacando a melhoria técnica do protocolo.

2017/atual - Cronograma em atraso, com a falta de definição dos protocolos a serem seguidos e compromissos estipulados para ambas as partes. O uso do inseticida malation pode ser substituído por cipermetrina, cuja eficiência de controle é praticamente a mesma. Além disso, o atrativo alimentar Cera Trap pode ser utilizado para o monitoramento da praga, uma vez que se apresenta consideravelmente mais eficiente que os demais atrativos utilizados atualmente. Em algumas regiões do país o Cera Trap já está sendo utilizado como alternativa de controle, desde que empregado em maiores quantidades de armadilhas por área.

2019 - Foi registrado na XI Reunião da Comissão Mista de Cooperação Transfronteiriça Brasil - França (CMT), que as discussões vêm se aprofundando com os agricultores franceses sobre as ações a serem tomadas em relação à praga, e que não está descartada uma alteração no protocolo. Essas informações foram repassadas pelo Sr. Chris Van Vaerenbergh, Diretor Adjunto da Agricultura da Guiana Francesa, ligada ao Ministério da Agricultura e Alimentação da França. As autoridades brasileiras confirmaram a disponibilidade de co-financiamento às ações nesta área, com auxílio técnico, cabendo à França uma resposta sobre o tipo de protocolo a ser seguido na região de fronteira.

Relação transfronteiriça

Segundo fontes do governo do estado, a fronteira do Amapá com a Guiana Francesa possui uma população estimada de 32 mil habitantes, sendo 26,6 mil pessoas só em Oiapoque, no extremo norte do Amapá, e aproximadamente 3 mil em Saint Georges, ambos divididos pelo Rio Oiapoque e, agora, interligados pela Ponte Binacional.

A Guiana Francesa é um departamento ultramarino da França com uma população total estimada em 296.711 e tem como principais atividades econômicas a agricultura, o turismo e a pesca. Para tratar das relações transfronteiriças foi criada a CMT como parte do Acordo de Cooperação Mista, assinado em maio de 1996 e ratificado com o Plano de Ação da Parceria.

Aline Furtado (Conrerp/DF: 1575)
Embrapa Amapá

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Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

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