Resgate de necessidades do consumidor e de um olhar de negócios para propriedades rurais, através do Turismo, são foco de debate.

    Durante toda a quinta-feira, 11 de julho, a Embrapa promoveu junto ao SEBRAE/RS, o Fórum do Campo à Mesa, um evento de negócios, empreendedorismo e reconhecimento de potencialidades da Metade Sul do Estado. A atividade iniciou com uma Rodada de Negócios e seguiu com palestras, discussões, apresentação de casos de produtores e mostra de produtos resultantes de processos tecnológicos oriundos da pesquisa agropecuária.

Os Negócios
    A Rodada de Negócios abriu a agenda do dia, buscando aproximar produtores, agricultores e empresas da região e promovendo o networking e a troca de informações para a realização de possíveis parcerias. Participaram da atividade 15 pessoas das empresas: Sabor da Colônia, Quinta Dom Manuel, Apimmo (Apicultura), Ateliê dos Salgados, Coopamor, Agroindústria João de Barro, Emater-Turuçu, Emater/Ascar – Morro Redondo,  Escola La Salle e representantes da Agricultura Familiar.

Palestra
    O consultor do SEBRAE/RS, Roger Klafke, palestrou sobre Situação Atual do Setor de Alimentos e Bebidas, trazendo à cena a realidade os novos conceitos de consumidor e consumidor do milenium, como é e se apresenta a comida do futuro e para aonde aponta os caminhos do mercado de alimentos.

Painel
    Os anfitriões do evento, o gerente regional sul do SEBRAE/RS, Ciro Vives, e o chefe-geral da Embrapa, Clenio Pillon, discorreram provocações junto a uma plateia de cerca de 100 pessoas sobre O Alimento como Integrador de Bem-Estar, Serviços, Oportunidades e Desafios para Políticas Públicas.

    De acordo com Ciro Vives abordar a temática de turismo rural pelo SEBRAE/RS é trabalhar com uma cadeia transversal e de atuação do Serviço. "O SEBRAE/RS hoje propõe um trabalho muito forte na área de turismo, buscando desenvolver rotas de turismo para a região Sul que atraiam a população; e isso, no sentido de demanda porque oferta a gente já tem. Existem muitas ofertas turísticas na nossa região: temos um bioma, uma cultura e o desenvolvimento de uma gastronomia atrativa", destacou Vives.

    Ele lembrou que no ano passado, foi feito o  fechamento do Programa Líder, promovido pelo SEBRAE/RS, em parceria com a Embrapa, e  naquele momento, a Chefia Geral da Empresa provocou os consultores do Serviço em pensar um modelo diferente, um olhar pro campo em que se pudesse fazer uma conexão entre o processo produtivo e a mesa do consumidor. A sugestão foi realizar um evento que congregasse produtores, atacadistas e varejistas, e pessoas interessadas em pensar a respeito do comportamento de consumo do 'novo consumidor'. " A gente deu um ponta pé inicial hoje, aqui,  um start de conscientização, buscando uma reflexão tanto do produtor quanto de quem trabalha no setor de varejo, ou no atacado, no sentido de valorizar esse processo de desenvolvimento do setor de alimentos, bebidas e as atividades desenvolvidas nas propriedades rurais", disse Vives.

    "Apresentar um tema novo que trata da conexão da produção de alimentos na nossa região, no nosso espaço territorial especialmente com o mundo urbano foi o objetivo deste evento. Nós temos hoje na região uma agricultura familiar muito desenvolvida, que oferece uma série de produtos diversos, com alto nível de qualidade, com diferenciação, com vinculação sócio-cultural. A ideia do evento é apresentar à sociedade todas as oportunidades que temos de fazer a aproximação do campo com o mundo urbano, que está ávido por consumir esses produtos diferenciados, com qualidade e valor agregado", defendeu o chefe-geral, Clenio Pillon.

    De acordo com Pillon, o evento proporcionou a discussão de outras possibilidades de geração de renda, especialmente para os  agricultores, e não só pela comercialização dos produtos alimentícios gerados nas propriedades, mas também estimular o turismo rural, aproveitando a beleza da região, a culinária vinculada as etnias presentes com a integração de várias cadeias produtivas como azeite,  mel,  condimentos, doces em conservas e produtos lácteos.

    Quanto ao posicionamento da Embrapa no envolvimento desta agenda, a Chefia Geral, entende que a Empresa pode colaborar no desenvolvimento rural, não somente com o olhar tecnológico e o conhecimento técnico-científico, mas na construção junto as indústrias, e com os agricultores, na indução de políticas públicas em apoio a uma agenda portadora de futuro. "Estamos aqui compromissados com o SEBRAE/RS e com a UFPel, através do Curso de Gastronomia, para aproveitar as bondades do nosso ambiente e mostrar à sociedade, que nós temos conhecimento presente na produção de alimentos de qualidade, e que isso pode virar formas de empreendedorismo e encurtar os caminhos entre o campo e o mundo urbano", esclareceu Pillon.

Mostra de Tecnologias
    A Mostra de Tecnologias da Embrapa trouxe à exposição produtos oriundos da pesquisa agropecuária: nogueira-pecã, oliveiras e produção de azeites, arroz, pimentas, cebolas, mel, batata-doce, batata branca, frutas nativas e leite e seus derivados, apresentados pelos pesquisadores das áreas de pesquisa, tendo a parcerias de muitas outras instituições. Esse momento foi uma forma de verificação do conhecimento tecnológico à disposição da sociedade, do homem urbano, sendo possível estar em suas refeições diárias. O trabalho da Mostra foi feito em conjunto pelo Curso de Gastronomia da UFPel e da Bonsai Consultoria. Durante a Mostra, os participantes puderam degustar algumas iguarias culinárias com os respectivos produtos, entre elas: o arroz de leite com azeite de oliva, pastas de cebola com pimentas e beringela, batatas-doce roxa à azul, arroz BRS Pampeira com pêssego, batata branca chips em diversas cores e pãezinhos de batata coloridos, batata-doce fortificada BRS Amélia, sucos de butiá e de araçá, entre outras novidades para cozinha brasileira.

Cases de Turismo Rural
Neste espaço foram convidados alguns produtores rurais e envolvidos com o desenvolvimento do Turismo Rural. Foram apresentadas as vivências do Projeto Rota dos Butiazais, do Roteiro Morro de Amores, do município de Morro Redondo/RS, pelo Sítio Amoreza; Associação dos Vinhos da Campanha, através da Estância Paraíso e Vinícola Don Thomaz e Victória; e propriedades acompanhadas pela Emater/RS-Ascar.

    Esta agenda dentro do Fórum foi conduzida pelo secretário de Desenvolvimento Rural de Pelotas, Jair Seidel, que falou que estas atividades  iniciadas de forma complementar - agroindústria e turismo - hoje, se transformaram em atividades principais, e esse apoio das instituições, será extremamente importante para criar uma estratégia de desenvolvimento mais integrada para o desenvolvimento rural. "Os cases trazem exemplos bem sucedidos e podem ajudar nas tomadas de decisões dos produtores rurais, que por ventura possam ter nas suas propriedades as condições para programar atividades semelhantes. Nossa intenção é apresentar um consenso entre técnicos e pessoas formadores de opinião que enxergam a propriedade rural como uma empresa, com atividades diversificadas", definiu Seidel.

    Segundo o Secretário, Pelotas  tem há dois anos a Lei da Agroindústria e o apoio ao Turismo Rural por uma exigência de mercado, mas que fez crescer a industrialização de alimentos na região. "Temos atualmente 36 agroindústrias em funcionamento e mais 25 em implantação; e na área do Turismo Rural, contamos com 34 empreendimentos. Isso demonstra que estamos colocando em prática uma política que está no caminho certo", contou Seidel.

    Tanto Clenio Pillon e Jair Seidel comungam de que ao melhorar a rentabilidade das propriedades rurais e as condições de trabalho, isso irá estimular que as pessoas possam permanecer ou retornar para o campo. Pois, uma das grandes preocupações da pesquisa agropecuária está na sucessão rural. "Em Pelotas, só 5% da população está fixada no campo", alertou Pillon. Por isso, a Embrapa busca parceiros para formular políticas públicas.