A Embrapa Solos (Rio de Janeiro, RJ) se uniu com a fundação reNature a fim de iniciar parceria em trabalhos que pretendem dar uma nova cara para o agronegócio sustentável no Brasil. “Buscamos projetos que sejam replicáveis e tragam a escalabilidade para a produção de commodities sustentáveis no Brasil”, conta Felipe Villela, fundador da reNature. A fundação se relaciona com investidores e indústrias internacionais para apoiar financeiramente essa transição: de uma agricultura convencional para uma agricultura mais sustentável. Serviços ambientais são uma forma de gerar valor agregado aos produtos extraídos da agrofloresta, trazendo produtividade e sustentabilidade na prática. Embrapa e reNature se aproximaram durante atividade que a primeira desenvolveu em monitoramento de água e temperatura do solo em sistemas agroflorestais (SAFs) na Bahia. No mês de dezembro as duas instituições começarão as atividades conjuntas no campo em experimento com SAFs em área produtiva do Cerrado. Nessa primeira experiência o centro de pesquisa carioca vai monitorar os serviços ecossistêmicos. “O Estado está com recursos limitados para investir em pesquisa, temos que buscar caminhos para investimentos em ambiente e sustentabilidade relacionados à agricultura”, afirma a pesquisadora Marysol Schuler, da Embrapa Solos. “O contato que a reNature possui com investidores tem gerado parcerias interessantes, inclusive em comunidades e assentamentos, pensando em questões como biodiversidade e segurança alimentar das populações locais”, completa a cientista. A parceria vai buscar uma proposta de sistemas integrados, que buscam valorizar a biodiversidade, para produzir commodities, o que é um grande desafio já que boa parte do modelo de produção atual é extremamente intensivo e baseado em monoculturas. “Os atores envolvidos sentem prazer em compartilhar o conhecimento em sistemas agroflorestais, é uma outra visão. Diferente de modelos de produção com pacotes tecnológicos, que dependem fortemente de insumos e muitas vezes são confidenciais”, observa Marysol. Nos projetos que contam com atuação da reNature no Brasil, a Embrapa Solos será responsável pela coleta de dados de pesquisa em serviços ecossistêmicos para quantificar o impacto ambiental, trazendo inovação para os produtores convencionais e, no futuro, utilizando esses créditos para ajudar os fazendeiros na transição. “Esses dados serão usados para atrair o setor privado a investir em projetos de larga escala em agrofloresta ao redor do Brasil”, diz Felipe Villela. Essa visão é compartilhada pela chefe de transferência de tecnologia da Embrapa Solos, Petula Ponciano. "Com esse projeto queremos validar, em meio real, o beneficio que os produtores, preocupados com a preservação ambiental geram, quantificando assim os serviços ambientais que eles prestam e mostrando ao mundo a importancia do agricultor como liderança no processo de sustentabilidade da agricultura brasileira".