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Plano Diretor da Embrapa é elaborado de forma coletiva

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Foto: Magda Cruciol

Magda Cruciol -

A Embrapa realizou em agosto dois workshops em Campinas (SP) para subsidiar a elaboração do seu novo Plano Diretor (PDE). Entre os dias 8 e 16 de agosto, representantes das Unidades Descentralizadas, institutos de pesquisa, fundações de fomento, universidades, ministérios, associações de produtores e empresas do setor agrícola de todas as regiões do País discutiram desafios para o futuro da agricultura e temas prioritários para a pesquisa agropecuária, captando especificidades regionais. O primeiro workshop contou com a presença de representantes da Embrapa e stakeholders do Norte e Nordeste. O segundo teve a participação de representantes das regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste.

Veja aqui matéria sobre o primeiro workshop
Veja aqui matéria sobre o segundo workshop
Veja aqui as fotos do evento

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Para o chefe-geral da Embrapa Roraima, Otoniel Ribeiro Duarte, que esteve no primeiro workshop, é fundamental o trabalho de realinhamento do PDE, nesse momento, em razão das muitas mudanças que estão ocorrendo. “Precisamos estar sempre captando sinais e estar adequados às mudanças necessárias. Assim, essa é uma oportunidade ímpar para que possamos, nesse momento, realinhar a nossa visão e dar à sociedade o retorno adequado com nossas pesquisas, retroalimentando nosso sistema de produção de pesquisa, transferência e tecnologia”, frisou.

“Estamos vivendo a quarta revolução industrial, um processo profundo de transformação em vários setores da economia, incluindo a agricultura. Por isso, discutir agricultura do futuro e elaborar o VII PDE neste momento é particularmente especial tanto internamente, para os empregados da Embrapa, como para os nossos parceiros e a sociedade de modo geral”, segundo a chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária, Silvia Massruhá, que esteve na abertura do segundo workshop.

Moretti participou da abertura dos trabalhos em Campinas e ainda reuniu-se com os chefes das Unidades Descentralizadas presentes aos eventos. “Nós temos feito, além do nosso Plano Diretor, um trabalho muito importante para demonstrar para a sociedade o quanto que a tecnologia tem contribuído com a balança comercial brasileira. A tecnologia que nós desenvolvemos, a tecnologia tropical, permitiu que ao longo dessas últimas quase cinco décadas nós aumentássemos em quase 600% a área de produção, aumentando só 60% a área produzida”, comentou o presidente.

Ele ainda enfatizou a relevante contribuição, tanto do ambiente interno como do externo. “Acho que é importante frisar que nós, obviamente, estamos olhando para o ambiente interno, então, quase 100% de nossos gestores passaram aqui nesses dois eventos, em duas semanas, mas, principalmente, nós chamamos pessoas do setor privado, das cadeias, das cooperativas, das associações. Isso é extremamente importante porque essa visão, combinada com a visão do nosso pessoal interno, vai permitir que nós consigamos fazer os ajustes de rumo e as entregas relevantes para a sociedade brasileira”, destacou.

Segundo Moretti, a Embrapa está de portas abertas para o setor produtivo, para as cooperativas, para o setor privado. “Obviamente nós não vamos ter condições de atender todas as demandas com os recursos do Tesouro Nacional, e é por isso que, muitas vezes, fazemos parcerias, assinamos contratos. Mas tragam suas demandas, tragam as suas inquietações, para nos ajudar a construir esse VII Plano Diretor da Embrapa”, proclamou.

O Brasil hoje utiliza 30% do seu território para produzir alimentos, fibras e bioenergia, de acordo com Moretti. “Estamos falando de algo em torno de 270 milhões de hectares e nós, no ano passado, demonstramos, e esses dados estão à disposição de quem quiser ter acesso, que 50% de área agrícola e pecuária brasileira, ou seja, 130 milhões de hectares, têm tecnologia da Embrapa e dos seus parceiros,” ressaltou. Os dados estão disponíveis no Balanço Social.

Oportunidade

O diretor-presidente da Peixe BR, Francisco Medeiros, avaliou como uma grande oportunidade para o setor produtivo participar desse momento de construção do PDE. Segundo ele, são grandes os desafios do setor e a Embrapa é o principal parceiro, com recursos humanos qualificados, que pode atender às demandas do setor de forma a construir juntos um cenário que beneficie, principalmente, o Brasil.

O VII Plano Diretor da Embrapa (PDE) é um documento da sociedade brasileira, que retrata a visão de futuro da pesquisa, tecnologia e inovação para a sustentabilidade da agricultura no Brasil. O documento, principal instrumento de gestão estratégica, que define as diretrizes da Empresa e orienta o seu rumo está em construção, de forma coletiva e com a participação de mais de 3,5 mil pessoas, incluindo empregados e representantes do setor agropecuário, do governo e de instituições públicas.

As transformações mundiais que resultarão em desafios de pesquisa, tecnologia e inovação para a sustentabilidade da agricultura no Brasil estão no foco da elaboração do documento. Os papéis das organizações públicas de pesquisa agropecuária e seu posicionamento no sistema de inovação são o outro tema central. “A Embrapa segue entendendo que o planeamento estratégico é algo extremamente importante para direcionar os trabalhos de pesquisa, desenvolvimento e inovação, e a entrega de soluções para a sociedade brasileira”, diz o presidente da Empresa, Celso Moretti.

A Embrapa tem contribuído, com as universidades, empresas estaduais de pesquisa agropecuária, de assistência técnica e extensão rural e com o setor privado, para o grande desenvolvimento que o Brasil teve ao longo das últimas cinco décadas, na visão do presidente. “A Embrapa tem tradição de fazer planejamento, porque nós entendemos que é algo muito positivo; porque o planejamento permite enxergar rumos, enxergar caminhos e, enfim, ele funciona como uma carta de navegação”, explica.

Essa tradição da Embrapa de planejar o seu rumo existe desde que ela foi fundada, em 1973 e, em 1988, os estudos foram consolidados no I PDE. Para a produção do VII PDE, a Embrapa está desenvolvendo um processo de ampla consulta aos stakeholders internos e externos, entrevistas com especialistas no setor agropecuário nacional e internacional, além de analisar e revisar mais de 60 documentos e estudos prospectivos produzidos pela Empresa sobre a visão de futuro da pesquisa e da tecnologia agropecuária. A expectativa é que o VII PDE seja concluído até dezembro.

“É uma medotologia robusta; já foram recebidas 2.736 respostas internas e 540 externas pela ferramenta de pesquisa survey, e ainda não fechamos o processo. Eu fico pensando como analisamos todas essas opiniões e expectativas”, contou a chefe da Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas (Sire), Rita Milagres. “Então é um exercício que estamos fazendo e isso nos dá uma tranquilidade. Estamos consultando todos para termos o rumo do que precisamos fazer, onde a Embrapa tem que se posicionar”, afirmou.

Prioridade de atuação

A elaboração do VII PDE foi conduzida pela Embrapa com apoio metodológico do Laboratório de Estudos sobre Organização de Pesquisa e da Inovação (Geopi), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O professor Sérgio Salles Filho, coordenador do Geopi, apresentou aos participantes dos workshops as diretrizes e atividades do planejamento estratégico. Nesses eventos, os representantes dos ambientes internos e externos foram distribuídos em seis grupos para desenvolverem trabalhos em uma agenda estruturada.

A agenda de atividades foi bastante intensa, com debates em grupos, que duraram cerca de cinco horas. “Uma produção até de conhecimento novo sobre o que deve ser feito, uma interação de ideias e que permitiu para esse momento e para o objetivo, que é o planejamento, um insumo que a gente não conseguiria em nenhum outro lugar. Fazendo entrevistas individuais a gente não consegue isso. Fizemos um amplo questionário e já tivemos 3,5 mil respostas, mas são posições dos indivíduos que respondem. Então, nos workshops, obtém-se uma informação muito qualificada, nova e absolutamente essencial para o desenho de um planejamento que se espera que possa apontar os rumos estratégicos e táticos da Embrapa nos próximos anos”, salientou Salles.

Os participantes analisaram uma lista de desafios para o futuro da agricultura, indicando tópicos prioritários de pesquisa, desenvolvimento e inovação que devem ser enfrentados nos próximos cinco anos. Os temas priorizados nos grupos referem-se aos que o Brasil deve desenvolver para ampliar a competitividade e a sustentabilidade da agricultura, no curto, médio e longo prazo, na visão dos stakeholders.

Também foram indicados novos desafios, com base nas discussões das equipes de trabalho, e apontados os focos preferenciais de atuação para a Embrapa, além dos principais parceiros com os quais a Empresa deve se relacionar para atuar nos desafios priorizados. Outro ponto trabalhado foi a identificação de melhorias em práticas e processos gerenciais da Embrapa.

Os dois workshops são uma parte do trabalho de planejamento; uma parte essencial, na opinião de Salles. “É o momento em que a Embrapa, com seus gestores, chama pessoas de fora da Empresa para debater suas prioridades, seu posicionamento dentro do sistema de pesquisa e inovação no País e para ver como a Embrapa deve e pode se relacionar melhor com esse sistema, que é complexo, com agentes públicos e privados, que cada vez fazem mais coisas relacionadas e de interesse da Embrapa”, avalia.

Para ele, os eventos são um momento muito especial, porque é quando há interação e o debate face a face de ideias, em que as pessoas vêm dizer o que elas esperam da Embrapa. “Além disso, também é um momento em que os próprios colegas da Embrapa interagem entre si, discutindo coisas que, acredito até já discutam, mas de forma fragmentada. Mas aqui, fazem de uma forma mais organizada, agrupada e com ganhos para todos os lados. As pessoas que participam aprendem. Então, acho que é um momento essencial desse planejamento”, disse Salles.

Conforme o chefe-geral da Embrapa Clima Temperado, Clenio Nailto Pillon, relator de um dos grupos do segundo workshop, foi possível perceber muito claramente a ânsia do setor produtivo de participar das decisões da Empresa. “É preciso exercitar essa prática de intercâmbio de conhecimento com o setor produtivo, com mais intensidade e frequência, e cada vez mais construir as soluções em conjunto”, apontou. Pillon também acredita que a Empresa precisa avançar na modelagem de negócios voltados para a inovação e nos processos gerenciais internos de gestão, ajudando na construção de práticas de governança e na articulação para a indução de políticas públicas.

A Embrapa é uma grande parceira do Sebrae, conforme o gerente da assessoria institucional do órgão, Vinícius Lages. “Uma das principais instituições que contribuem para o desenvolvimento nacional; e o Sebrae sempre foi parceiro na tentativa de se apropriar do conhecimento das tecnologias geradas pela Embrapa para chegar até as pequenas empresas, aos empreendedores brasileiros, que veem nessa grande biblioteca, nessa grande prateleira de oportunidades de tecnologias de todas as regiões, oportunidades de negócios”, contou o gerente.

“Vimos nessas oficinas não só a discussão dos eixos prioritários para pesquisa propriamente dita e os desafios que nós temos que enfrentar, mas estaremos também tratando de como fazer ajuste no modelo, de maneira que a Embrapa se abra e consiga, através de alianças ao longo de toda a cadeia, de produção e da transformação de produtos primários, conseguir encontrar um modelo que se sustente a longo prazo. Tenho certeza que nós temos um diagnóstico muito claro dos desafios; as contribuições também vêm sendo muito ricas, a mediação e o formato da oficina. Então é muito bom ver pesquisadores da Embrapa de diversos centros se abrindo para debater questões que são relevantes”, completou Lages.

Ampla participação

No primeiro workshop, foram convidados representantes das instituições: Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), Articulação Semiárido Brasileiro (ASA Brasil), Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Associação Brasileira de Laticínios (Viva Lácteos), Associação das Empresas de Biotecnologia na Agricultura e na Agroindústria, Associação para o Fomento à Pesquisa de Melhoramento de Forrageiras (Unipasto), Aprosoja Brasil, Banco Mundial, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Cotidiano Aceleradora, Conservação Internacional, Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Giral, GSS Sustentabilidade e Bioinovação, Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Instituto Brasil a Gosto, Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade, Instituto de Economia Agrícola (IEA/Apta), Instituto Senai de Inovação em Biossintéticos e Fibras, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Reflore, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade de Brasília e WWF Brasil.

Para o segundo workshop, foram convidados representantes das instituições: Agrosmart, Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico (ABCBIO), Associação Brasileira de Piscicultura (Peixe BR), Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio), Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale), Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), Finep, Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul (Famasul), Indústria Brasileira de Árvores (IBA), Inova Prospectiva e Estratégia, Instituto Agronômico (IAC) de Campinas, Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), Instituto Terra, Mapa, Ministério das Minas e Energia, Ministério das Relações Exteriores, N2Bio Plásticos, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Senado Federal, Syngenta e Unicamp.

Nadir Rodrigues, com colaboração de Giovanna Zinsly (MTb 26.948/SP)
Embrapa Informática Agropecuária

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