A Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro, RJ) agora integra o INFOGEST, uma rede internacional de institutos que realizam pesquisa básica multidisciplinar sobre digestão de alimentos. Os modelos experimentais validados internacionalmente por mais de 300 pesquisadores de 40 países serão utilizados em projetos ligados à segurança e à qualidade dos alimentos. A habilitação ocorreu em julho de 2019 por convite do coordenador da rede INFOGEST e se consolida com treinamentos para a equipe. Entre os dias 12 e 16 de agosto, foi realizada uma capacitação para os integrantes dos laboratórios de Bioacessibilidade e de Bioquímica. O treinamento com 40 horas foi ministrado por Luíza Osório, recém-doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências de Alimentos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sob orientação das pesquisadoras Lourdes Cabral e Caroline Mellinger, que passou seu estágio doutoral em laboratório do INRA, na França, onde o método foi desenvolvido. O curso foi dividido em três partes: medições das atividades enzimáticas digestivas, formas de preparo de soluções para os experimentos laboratoriais e execução do método. “Por ter vivenciado na prática, a instrutora pode apresentar minuciosamente cada etapa, esclarecer várias dúvidas e, principalmente, contar os “pulos do gato”, que nem sempre ficam muito claros nos artigos”, conta Flávia Gomes, responsável pelo Laboratório de Bioacessibilidade da Embrapa Agroindústria de Alimentos, que participou do treinamento. Entre os dias 7 a 11 de outubro, a pesquisadora Karina Olbrich, da equipe do Laboratório de Bioacessibilidade, participa do "INFOGEST Training School", um treinamento teórico-prático realizado no Instituto de Investigación en Ciencias de la Alimentación (CIAL), onde atualmente realiza pesquisa pelo programa Cientista Visitante da Embrapa. A Dra Isidra Recio, pesquisadora do Departamento de Bioatividade e Análise de Alimentos do CIAL, será a coordenadora do treinamento,com enfoque no uso dos modelos INFOGEST de digestão in vitro estáticos e semi-dinâmicos. Está confirmada a participação de 25 pesquisadores de diferentes instituições, a maioria européias. Ao integrar a rede internacional INFOGEST, a Embrapa poderá participar mais ativamente de congressos, capacitações, ensaios interlaboratoriais e revisões de literatura, para contribuir com o avanço do método. Criado em 2011, o INFOGEST promove a harmonização dos modelos de digestão usados atualmente. “Muitas respostas sobre nutrição, funcionalidade e segurança dos alimentos podem ser obtidas pela aplicação dos modelos de digestão in vitro, sem necessidade de realização de testes in vivo, bem mais caros”, afirma Caroline Mellinger, responsável pelo Laboratório de Bioquímica. Atualmente, normativa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para alegações funcionais em rótulos de alimentos demandam testes in vivo (com cobaias e humanos) para comprovação do benefício à saúde. “Podemos nos tornar referência internacional nessa área e comprovar as correlações dos testes in vitro e in vivo, a fim de simplificar a legislação nacional, por exemplo”, afirma Caroline.