Análises apontam que a produção não modifica o ambiente Para comemorar o Dia do maricultor, os professores da Escola do Mar, Ciência e Tecnologia da Univali, Gilberto Manzoni e Katia Kuroshima, e o bolsista de Desenvolvimento Tecnológico e Industrial (DTI-A do CNPq), vinculado ao projeto BRS Aqua na Embrapa Meio Ambiente, Marcelo Gomes da Silva, apresentaram, em um seminário técnico, no dia 21 de agosto, os resultados parciais das pesquisas das campanhas realizadas no período de verão e outono deste ano, sobre o fluxo de gases do efeito estufa (GEE) e paramentos físico-químicos na água e os dados de sedimentação em áreas de cultivo de moluscos na região da Baia Sul de Florianópolis (Ribeirão da Ilha e Palhoça) e na Penha, em SC. O evento foi uma ação promovida pela Associação de Maricultores do Sul da Ilha (Amasi), em alusão ao Dia do Maricultor, comemorado em 18 de agosto, e direcionado aos produtores locais. Os resultados das pesquisas apontam que os cultivos de moluscos não modificaram o ambiente nas áreas analisadas, pois os parâmetros analisados, tanto nas áreas de cultivo, como nas áreas de controle (sem cultivo), apresentaram valores similares. A chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Meio Ambiente, Paula Packer, ressalta que a não interferência do cultivo no ambiente está ligado a fatores importantes, que associados, fazem a diferença. “São características inerentes aos manejos executados nos cultivos e à dinâmica oceanográfica destes locais, que inviabiliza a ocorrência de deposição de matéria orgânica nas áreas de cultivo”, disse. Os cientistas ainda ressaltaram que os cultivos de moluscos também não interferem no balanço de gases do efeito de cultivo nestes locais, pelo contrário, contribuem na manutenção deste inventário. As informações sobre as emissões associadas à cadeia produtiva de peixes e moluscos, tanto em águas da União (represas e reservatórios) ou na marinicultura (um ramo especializado da aquicultura que envolve o cultivo de organismos marinhos) ainda são muito escassas e não permitem comparação, por falta desses dados, com as principais cadeias produtivas de proteínas animais. “O que se busca é ampliar o conhecimento da dinâmica dos GEE nessas atividades e, com isso, criar conhecimento robusto para apresentar a aquicultura como alternativa econômica e ambientalmente viável para a produção de proteína com baixa emissão de carbono, ” pontuou Gomes. Dados da pesquisa subsidiam o BRS Aqua, o maior projeto de pesquisa em aquicultura já realizado no país Questões relacionadas ao aquecimento global e à sustentabilidade ambiental estão no escopo do projeto BRS Aqua, que prevê o desenvolvimento de equipamentos para monitoramento da liberação dos gases de efeito estufa na piscicultura. Também está prevista a análise da relação da produção e suas emissões de GEE, além dos parâmetros da qualidade da água. O acompanhamento das variáveis físicas, químicas e biológicas de sedimentos e da água, incluindo contaminação do solo e tratamento de efluentes gerados pela produção de peixes, também é alvo de estudos pela Embrapa e outras instituições parceiras, como é o caso da Univali. As coletas de dados e o levantamento dos parâmetros físico-químicos de produção aquícola e os dados ambiental da produção, tanto em reservatórios da União, quanto no mar, irão subsidiar a revisão dos condicionantes ambientais do CONAMA 357/2005, que dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes e outras atividades.