“Brasileiros precisam mudar cultura alimentar”, diz FAO
“Brasileiros precisam mudar cultura alimentar”, diz FAO
Desde 1945, quando até países desenvolvidos enfrentavam a escassez de alimentos em função da Segunda Guerra Mundial, o Dia Mundial da Alimentação é celebrado em 16 de outubro. Passados mais de 70 anos, a falta de comida deixou de ser endêmica, mas o mundo ainda possui 821 milhões de pessoas passando fome e os índices de sobrepeso e obesidade crescem até mesmo em países em desenvolvimento. “O acesso a alimentação nutritiva está longe de ser bem comum. É preciso prover dietas saudáveis. O grande desafio é reduzir a obesidade, por que estamos arrodeados de incentivos para consumir alimentos processados”, comenta Rafael Zavala, representante da FAO no Brasil.
Neste ano, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO Brasil) uniu-se ao Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (WFP) e Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) para promover o tema “dietas saudáveis”, elencado pela FAO como prioritário na agenda global do setor agroalimentar para combater o avanço do sobrepeso e da obesidade. Em Brasília, a data foi celebrada nos dias 14 e 15 de outubro no Museu da República.
Para o presidente em exercício da Embrapa, Cleber Soares, a pesquisa agropecuária tem os desafios de contribuir com o enfrentamento da fome, incrementar a qualidade nutricional dos alimentos ofertados e fortalecer também a conexão entre alimentos e experiências de consumo. “Não podemos prescindir de investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação para ampliar a produção de alimentos nutritivos”, ressalta.
O representante da FAO e Hernán Chiriboga, representante do IICA no Brasil, defenderam mais ações intersetoriais para o enfrentamento do sobrepeso no País, problema que já atinge mais da metade da população. “É preciso equilíbrio entre cultura, identidade e saudabilidade”, pondera Zavala, para quem a dieta típica do brasileiro favorece a abundância e pouca diversidade. Os especialistas ressaltam que elevar o consumo de frutas e hortaliças deve ser uma prioridade das políticas públicas no Brasil.
“Repensar o atual sistema agroalimentar e mudar a cultura alimentar” são condições para incrementar as dietas saudáveis, avalia Zavala. “O compromisso público e político de fortalecer o sistema alimentar com foco em saúde” deve ainda estar alinhado com respeito à natureza, incentivo aos pequenos agricultores e melhoria da distribuição de renda no campo, complementa.
Reduzir perdas e desperdício de alimentos
A FAO lançou neste mês a nova edição do relatório anual “Alimentação e agricultura no mundo”. A publicação volta a enfatizar a importância de reduzir perdas e desperdício de alimentos para elevar a disponibilidade de alimentos de modo sustentável.
“Mais do que produzir em quantidade e com qualidade, o grande desafio está na distribuição e na redução do desperdício, que pode chegar a 20% na produção de grãos e a estratosféricos 50% na produção de frutas e hortaliças”, salienta o pesquisador Celso Moretti, presidente interino da Embrapa.
A América Latina, região que abriga 9% da população global, responde por 20% das perdas e do desperdício mundial. A FAO trabalha para estabelecer um índice global de perdas e desperdício de alimentos. No Brasil, IBGE, Embrapa e MAPA, com apoio da FAO, estão discutindo metodologia para mensuração. O grupo de trabalho tem videoconferência agendada com a FAO na próxima sexta-feira (18).
Gustavo Porpino (RN 648JP)
Secretaria de Inovação e Negócios
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