06/11/19 |   Agricultura familiar

Curso na região sul fluminense discute potencial dos sistemas agroalimentares localizados

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Foto: Liliane Bello

Liliane Bello -

Entender as dinâmicas agroalimentares e como se organizam os sistemas de produção de uma determinada região foi a proposta do curso Sistemas Agroalimentares localizados e agroecologia – estratégias para a agricultura familiar, ministrado ao longo do mês de outubro pela pesquisadora da Embrapa Agrobiologia Cristhiane Amâncio, no Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) em Pinheiral, município do sul fluminense. A intenção foi debater como aumentar a autonomia dos agricultores para produzir e fomentar a circulação dos produtos em seus territórios e, com isso, aumentar sua renda, melhorar a capacidade nutricional das pessoas do local e buscar alternativas de agregação de valor às mercadorias.

A proposta do curso foi estudar a rede agroalimentar da região sul fluminense – que engloba os municípios de Piraí, Barra do Piraí, Volta Redonda, Resende e Itatiaia, entre outros –, abordando todo o sistema em torno do plantio de alimentos, desde a compra de insumos para o cultivo até a distribuição e o consumo dos produtos. “A gente tem trabalhado essa mudança de paradigma, recolocando o olhar no complexo de relações envolvidas na produção e não só na cadeia produtiva, que é uma linguagem muito restrita da economia agrícola”, afirma Cristhiane. Ela explica: “Se eu reduzo o meu olhar apenas para a cultura e não entendo o complexo de relações envolvidas, eu aumento o risco de propor uma mudança apenas tecnológica, desconsiderando que as necessidades nem sempre são apenas tecnológicas.”

Segundo a pesquisadora, a partir do entendimento de como estão organizados os sistemas agroalimentares e as dinâmicas da produção, da distribuição e do consumo de derivados para a alimentação, é possível trabalhar nas mudanças necessárias. “Entender como essas dinâmicas se organizam é importante para gerar mais autonomia e, consequentemente, gerar mais valor para os agricultores, especialmente os que não estão inseridos em uma lógica de mercado globalizado”, aponta.

Cristhiane lembra que os produtores nem sempre compram insumos locais para sua produção, buscando-os muitas vezes em indústrias em grandes centros comerciais, obtendo sementes de fornecedores distantes e até mesmo comercializando os alimentos em outras cidades. “Não adianta nada um agricultor fazer uma feira local se ele só usa o lugar para botar a semente, colher e vender. É preciso fomentar as relações locais. E nós também precisamos superar isso e entender que nossa alimentação é um compromisso com o desenvolvimento da nossa região”, diz.

No caso do sul fluminense, os produtos agrícolas que têm maior potencial para trocas e comercialização são as hortaliças, produtos processados – como conservas e geleias –, batata e feijão. “A ideia foi provocar os alunos para que entendessem melhor a dinâmica agroalimentar do lugar onde estão inseridos, de forma que fomentem circuitos de proximidade para comercialização desses produtos, diminuindo os elos da cadeia de distribuição. Isso reduziria o custo com transporte e uso de combustível fóssil e estreitaria os laços entre consumidor e produtor, gerando vínculos de confiança”, cita.

O curso foi realizado pelo IFRJ – campus Pinheiral, que coordena uma ação na região sul fluminense de articulação de vários grupos de Sistemas Participativos de Garantia (SPGs) e de agricultores que estão em transição agroecológica ou têm o interesse de deixar a agricultura convencional. Participaram das aulas funcionários de prefeituras, representantes da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e da Federação de Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio de Janeiro (Fecomercio), professores e recém-formados, além de gestores de associações de agricultores.

Liliane Bello (MTb 01766/GO)
Embrapa Agrobiologia

Raquel Lima (Estagiária de Jornalismo)
Embrapa Agrobiologia

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