Congresso de Biodiesel debate qualidade de produtos e mistura ao diesel
Congresso de Biodiesel debate qualidade de produtos e mistura ao diesel
Assuntos como novas matérias primas, legislação, qualidade de produto e tendência do mercado de biodiesel foram discutidos no VII Congresso da Rede Brasileira de Tecnologia e Inovação de Biodiesel, realizado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O aumento da percentagem de mistura do biodiesel ao diesel comercializado no país, que hoje compõe 11%, e para o qual existe legislação para atingir 15% em 2023, e os seus resultados para a cadeia produtiva do biodiesel foram assuntos muito lembrados no Congresso.
Segundo Bruno Laviola, presidente da Comissão Organizadora do VII Congresso, a produção de biodiesel, que no ano de 2018 bateu o recorde no Brasil, chegando a 5,34 bilhões de litros produzidos, poderá superar a os 6 bilhões de litros em 2019 devido ao estímulo do aumento da percentagem da mistura de 10% para 11%. Para Laviola, isso significa maior ganho ambiental, com redução das emissões de gases do efeito estufa, resultando em mais renda e desenvolvimento para o país. “O biodiesel é um biocombustível muito importante para o país gerando impacto econômico, social e ambiental”, finaliza.
Eduardo Soriano, coordenador Geral de Estratégias e Negócios do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), relaciona os principais desafios do biodiesel hoje para aumentar a sua competitividade. Segundo ele, precisamos valorizar os coprodutos, como, por exemplo, a glicerina, que ainda é comercializada, de um modo geral, no País, apenas na sua forma bruta, agregando seu valor de forma a convergir para o conceito de biorefinarias. É preciso introduzir “tecnologias habilitadoras”, como novos materiais, nanotecnologia, Internet das Coisas, etc. “Entendo, ainda, que o biodiesel pode interagir melhor com outras cadeias produtivas, como a do biogás, e principalmente dos combustíveis aeronáuticos renováveis”, afirmou.
Data: 4 a 7 de novembro de 2019 Local: Costão do Santinho Resort, Florianópolis, SC |
Agricultura familiar
A produção de matéria prima para o biodiesel pela agricultura familiar também foi debatida durante o Congresso. Marco Aurélio Pavarino, coordenador Geral de Extrativismo da Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), falou sobre a importância do Selo Combustível Social para a inserção da agricultura familiar na produção de biodiesel no país. Segundo ele, hoje, devido a adaptação das empresas privadas para a obtenção do selo, as indústrias passaram a considerar os agricultores familiares e cooperativas como importantes produtores de matéria prima para biocombustíveis.
Outra palestra que tratou da inserção da agricultura familiar na produção de matérias primas para o biodiesel foi ministrada pela professora Juliana Espada Lichston, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que mostrou os resultados das pesquisas realizadas com o Cártamo (Carthamus tinctorius L.) no semiárido brasileiro. A pesquisadora, que realiza seu projeto junto a agricultores familiares do Rio Grande do Norte ligados à Cooperativa Potiguar de Apicultura e Desenvolvimento Rural Sustentável, mostrou o potencial de produção daquela espécie, que é tolerante ao calor e aos estresses hídrico e salino, além de altamente produtiva. Segundo ela, com ciclo mais curto (de 70 dias) na região, maior produtividade (alcançando até 6 ton/ha, enquanto que a soja alcança 3 ton/ha) e mais óleo na semente (45% de óleo, maior do que na soja, que contém 20% de óleo), a espécie é melhor do que a soja para a produção de biodiesel no nordeste brasileiro e para a inserção da agricultura familiar da região na cadeia de biodiesel.
Qualidade do produto final
A qualidade do biodiesel em todas as fases do produto (produção de matéria prima no campo, processamento, industrialização, logística e armazenamento) também foi debatida no Congresso. Nelson Antoniosi, da Universidade Federal de Goiás, afirmou que a qualidade pode inviabilizar o uso de biodiesel no Brasil. Por isso, o controle de qualidade deve ser uma constante no setor. Para Donizete Tokarski, da União Brasileira de Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), o país precisa ter uma política pública para fomentar o investimento crescente na indústria de biodiesel enquanto promove a diminuição da importação de combustíveis fósseis.
Representantes da indústria também trataram do controle de qualidade naquele setor. Luciana Languila, da BSBIOS, mostrou, aos participantes, a rotina de controle de qualidade na indústria e disse sobre a preocupação daquela empresa com qualidade do produto final.
Além do combustível, a qualidade dos aditivos também é importante para a manutenção dos motores e equipamentos que utilizam biodiesel. Gilles Laurent, da empresa Actiol Comércio de Produtos Químicos, levou aos participantes do Congresso informações sobre os aditivos multifuncionais. Isso porque, segundo ele, o mercado de combustíveis e os veículos (sejam eles, tratores, carros, ônibus, caminhões, etc) acabam sofrendo, com o tempo, diversos problemas no dia a dia, tais como a perda de potência, consumo excessivo, troca antecipada de peças, devido a um processo de degradação natural desses combustíveis. Segundo ele, os aditivos multifuncionais podem levar ao mercado consumidor a possibilidade de se manter a qualidade do combustível, levando ao melhor funcionamento de máquinas e equipamentos.
Eduardo Cavalcanti, pesquisador do Instituto Nacional de Tecnologia, salientou a importância da preservação da estabilidade no armazenamento e de toda a logística do biodiesel. Além de ser aprovado em todos os parâmetros de qualidade desde a produção no campo até a fábrica, a qualidade do produto deve ser mantida também até a entrega final. Para isso, existem hoje, no mercado, antioxidantes que podem ser utilizados com responsabilidade pelas empresas produtoras, garantindo a qualidade do biodiesel, especialmente para protege-lo do principal fenômeno que pode atrapalhar sua qualidade, a oxidação, e que inviabiliza sua comercialização.
Embrapa Agroenergia
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