Imagine o cenário: um pomar com 20 a 25 espécies frutíferas plantadas no quintal de alguma residência num endereço qualquer das áreas rurais do semiárido do Brasil e todo dia do ano, faça chuva ou faça sol, a família sai a colher cerca de 3 kg de frutas pra comer in natura, fazer sucos, doces, doar pros vizinhos, vender nas feiras, se alimentar do bom e do melhor. Esta é uma possiblidade que pesquisadores e técnicos da Embrapa Semiárido expõem na Feira Semiárido Show 2019. Compondo tecnologias de armazenamento de água de chuva com sistemas de irrigação por microaspersão e gotejamento e, principalmente, práticas de manejo, estabelecem estratégias de gestão capazes de “elevar a segurança alimentar das famílias com uma dieta de boa qualidade por meio da inserção de frutas e hortaliças”, afirma Luiza Teixeira de Lima Brito, pesquisadora da instituição. Cisternas - O tema será tratado no minicurso sobre o “Uso da água de chuva em quintais produtivos” com apresentação de dados e conhecimentos gerados em projetos de pesquisa da Embrapa e que têm contribuído na estruturação de programas do Governo Federal, a exemplo do P1+2. Na área de exposição da feira os visitantes podem observar como é integrado o conjunto de tecnologias e se inteirar dos resultados que podem ser obtidos. Para Luiza, a colheita numa área do quintal de aproximadamente 900 m2 pode chegar a ser de 1000 kg de fruta no ano, ou seja, 3 kg por dia. Essa informação vem sendo consolidada em projetos de pesquisa que tiveram as primeiras avaliações com uma cisterna de 16 m3 para irrigação de 36 espécies frutíferas: mangueiras (Espada e Rosa), aceroleira, limoeiro, cajueiro, mamoeiro – seis plantas de cada. Em área (8m2) vizinha instalou canteiros para cultivo de tomate, cebolinha, coentro, alface, pimentão, berinjela, rúcula e cenoura, além de espécies medicinais. Neste estudo, os pesquisadores e técnicos aplicaram ao longo do ano e três vezes por semana lâminas de água diferentes de acordo com o período de chuva da região. Assim, nas 14 semanas (janeiro a meados de abril) que costuma durar a época de chuva, foram aplicados 2 litros de água por planta. Nos meses considerados intermediários - 18 semanas entre abril e agosto - a oferta era um pouco maior: 3 L/planta. E na seca mais intensa, as 20 semanas que se estendem de setembro a dezembro, o volume de irrigação foi aumentado para 5,0 L/planta. Estratégico - Na sequência, as avaliações tiveram como referência a disponibilidade de água acumulada em uma cisterna de 52 m3 para irrigação de um pomar com 30 frutíferas e canteiros de hortaliças com 8 m2. O volume aplicado correspondeu, respectivamente, a 5,0 L/planta, 7,0 L/planta e 14,0 L/planta, nos mesmos períodos e frequência. De acordo com a pesquisadora da Embrapa em qualquer dos períodos, se fosse registrado ocorrência de chuvas superiores a 8,0 mm a aplicação da água era suspensa. A irrigação retornaria assim que fosse percebido o solo secando e sem perspectivas de mais precipitações. Luiza esclarece que as produções obtidas nestes pomares e canteiros “não podem ser comparadas com aquelas obtidas com a irrigação convencional”, até porque a água disponível é limitada à quantidade armazenada pelas cisternas. Daí, diz, “é estratégico definir bem o tamanho da área e as espécies a serem cultivadas e o número de fruteiras, de modo que não falte água na cisterna durante o ano”. A Feira Semiárido Show é uma realização conjunta da Embrapa e o Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA). Na organização do evento são apoiadas por instituições públicas, entidades da sociedade civil e organismos internacionais que financiam projetos agrícolas no Brasil: Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA), Senac, Sesc, Sebrae, Senai, Senar/CNA, Programa Água Doce, Prefeitura de Petrolina, Projeto Bem Diverso/PNUD/GEF, IICA/FIDA/Projeto Semear Internacional, Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Governo do Estado da Bahia/SDR)/SUAF/CAR/Pró Semiárido/Bahia Produtiva/Grupo Banco Mundial, Emater/Governo do Estado do Piauí, Universidade do Estado de Pernambuco (UPE), Secretaria de Turismo e Lazer/Governo do Estado de Pernambuco, FAO, Agência Brasileira de Cooperação (ABC)/Ministério das Relações Exteriores, BNDES, Banco do Nordeste, Banco do Brasil, Chesf, Sudene, IBAMA, Ministério do Desenvolvimento Regional e Ministério da Cidadania. As informaçoes sobre o evento estão disponíveis na página https://www.embrapa.br/semiaridoshow