Embrapa e CIAT avaliam impactos de projeto de cooperação técnica para melhoramento do algodão em países africanos
Embrapa e CIAT avaliam impactos de projeto de cooperação técnica para melhoramento do algodão em países africanos
Foto: Banco de imagens Embrapa
Pesquisadores vão a campo para realizarem a avaliação de impacto do Projeto
A Embrapa e o Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT), com sede em Cali (Colômbia), sob a coordenação da Agência Brasileira de Cooperação (ABC) do Ministério das Relações Exteriores, iniciaram trabalho de avaliação de impacto do Projeto Regional de Fortalecimento do Setor Algodoeiro nas Bacias do Baixo Shire e Zambeze, nos países africanos Malaui e Moçambique.
O projeto, em execução desde o início de 2015, chegou à fase final da primeira etapa. Os pesquisadores da Embrapa participaram das diferentes fases do projeto, incluindo o apoio à ABC na concepção e coordenação, execução, com ênfase especial no processo de capacitação de técnicos africanos, e na estruturação do sistema de produção de sementes de algodão.
A coleta de dados nos dois países, para a avaliação, foi realizada entre outubro e novembro, e incluiu uma amostra composta por 284 agricultores das duas regiões que receberam e introduziram em seus plantios as sementes do Projeto, além de grupos de controle (produtores que não receberam sementes do projeto), e tem o objetivo de avaliar os impactos econômicos.
Uma segunda amostra com 90 entrevistados, envolvendo produtores que plantaram as sementes básicas para fornecimento ao Projeto, técnicos de extensão rural, pesquisadores e dirigentes de instituições africanas, visa avaliar os impactos socioambientais e institucionais e o potencial de escalabilidade (“scalingup”). Atualmente, uma segunda etapa do projeto encontra-se em negociação.
A equipe da Embrapa foi convidada a participar do trabalho de avaliação pela ABC em decorrência de sua reconhecida experiência em avaliação de impacto multidimensional, cujos resultados são anualmente publicados no Balanço Social. Já no caso do CIAT, o centro foi selecionado através de um edital internacional promovido pela ABC e gerenciado pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), dada a sua enorme experiência no tema, inclusive em países africanos.
O CIAT é vinculado ao Consórcio CGIAR, instituição que coordena pesquisas realizadas por 15 centros de investigação científica que atuam no campo da segurança alimentar, redução da pobreza rural, melhoria das condições de saúde e nutrição humana.
Primeiros resultados da avaliação
Análises preliminares da avaliação de impacto indicam que os produtores que plantaram as sementes básicas de algodão conseguiram triplicar sua produção. “Antes, eles colhiam cerca de 500 a 600 quilos por hectare, a partir do projeto, passaram a produzir entre 1,5 mil a 2 mil quilos por hectare”, afirmou o pesquisador da Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas da Embrapa (SIRE), Flavio Avila, um dos responsáveis pela coleta de dados da segunda amostra.
Como desdobramento desse aumento de produtividade, Avila observa que os produtores de sementes de algodão conseguiram aumentar a renda e passaram a viver com mais qualidade de vida, com uma alimentação melhor e adquirindo, inclusive, bens como motos e animais de tração para uso nas lavouras.
“O projeto também promoveu melhorias institucionais, pois tanto técnicos como pesquisadores dos institutos locais receberam capacitações e estão aptos para tornarem-se multiplicadores em tecnologias de melhoramento das sementes, manejo integrado de pragas e doenças e plantio com espaçamentos adequados”, acrescenta o pesquisador.
Além da avaliação de impacto em si do Projeto, a ABC está interessada em usar a experiência da Embrapa e do CIAT para montar o seu próprio sistema de monitoramento e avaliação de impacto dos projetos de cooperação técnica,envolvendo outros produtos e áreas de atuação que não o algodão, e que estão em execução em várias regiões do mundo, além da África.
Avila ressalta que a realização da avaliação do Projeto Shire Zambeze junto com a equipe de impacto do CIAT trará subsídios para o aprimoramento da experiência da Embrapa, cujos resultados são anualmente divulgados no Balanço Social.
Conheça alguns resultados preliminares do projeto:
- Extensionista rural do Projeto Shire-Zambeze fala sobre duplicação da produção local de algodão, após o projeto de cooperação técnica
- Avaliação de Impacto do Projeto Shire-Zambeze continua em Moçambique
- Processo brasileiro de deslintamento de sementes muda a realidade de plantio de algodão em Moçambique
Histórico
Assinado em 2015, o objetivo do Projeto era ampliar a capacidade institucional e de recursos humanos nacionais (pesquisadores, extensionistas e produtores líderes do Malaui e de Moçambique) na utilização e difusão de tecnologias de produção do algodão em pequenas propriedades do Malaui e Moçambique. Pelo lado brasileiro, a Embrapa é a instituição responsável pela execução e condução das atividades técnicas referentes à formação de formadores e transferência de tecnologia de forma participativa e horizontal.
Além de promover a melhoria da qualidade das sementes, os pesquisadores da Empresa, em especial, técnicos da Embrapa Algodão, atuaram em capacitações incluindo técnicas de controle de pragas e doenças, espaçamento, plantio com consórcios alimentares, entre outras. O publico alvo do projeto são pequenos produtores, com propriedades que destinam, em média, até 1,5 hectares para o plantio do algodão e cultivos alimentares.
“Uma das constatações feitas no diagnóstico do projeto é que os produtores rurais não usavam sementes de qualidade nas lavouras. Então, um dos objetivos foi trabalhar no sentido de disponibilizar sementes de boa qualidade para os produtores rurais localizados nas áreas rurais dos rios Shire (Malaui) e Zambeze (Moçambique), melhorando assim a competitividade”, explica Avila.
Detalhes da pesquisa
A pesquisa de avaliação de impacto econômico acontece sob a coordenação da equipe de impacto do Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT). A coleta de dados para o estudo se deu por meio de entrevistas realizadas junto a 284 produtores rurais que usaram as sementes básicas de algodão produzidas e distribuídas pelo Projeto e seguiram as recomendações técnicas e junto a produtores que não as usaram (grupo de controle).
A equipe da Embrapa, por sua vez, está trabalhando na avaliação dos impactos econômico, social e ambiental usando o método Ambitec-Agro. Foram levantados dados junto aprodutores de sementes básicas de algodão, técnicos em extensão rural, pesquisadores e dirigentes das instituições africanas que atuaram nos processos de melhoria da qualidade das sementes e do plantio, totalizando uma amostra de 90 participantes.
Foi justamente para coletar esses dados que Avila e a analista da Secretaria de Desenvolvimento Institucional (SDI/Embrapa) Graciela Vedovoto, visitaram em outubro/novembro propriedades localizadas nas bacias do Baixo Shire e Zambeze, nos países africanos Malaui e Moçambique.
“A avaliação ainda está em curso, mas as evidências coletadas já apontam nessa direção positiva”, confirma Avila, destacando que esta é a primeira avaliação de impacto que a Embrapa realiza em projetos internacionais utilizando a metodologia do Balanço Social que inclui as análises econômica, social, ambiental e institucional.
Outra metodologia que está sendo somada à pesquisa de avaliação de impacto do projeto Shire Zambeze é a Vuna, desenvolvida pelo DFID (Department of International Development, do Reino Unido), que mede o potencial de expansão do projeto, ou seja, se é possível ampliá-lo e quais os requisitos necessários. "Tal análise é muito importante, pois o que se espera é que ao término da segunda etapa do projeto eles tenham condições de ser autossuficientes, dando continuidade às ações e incorporando as tecnologias nas estratégias de atuação dos institutos locais e dos produtores, sem mais a presença da Embrapa e da ABC”, afirma Avila.
Em Moçambique participam da execução do projeto o Instituto de Algodão de Moçambique (IAM) e o Centro Investigação e Multiplicação de Sementes de Algodão de Moçambique (CIMSAM), vinculado ao Instituto de Investigação Agropecuária de Moçambique (IIAM). De parte do Malaui participam a Estação de Pesquisa de Makoka, vinculada ao Departamento de Pesquisa Agrícola e Serviços (DARS), do Ministério da Agricultura e o Conselho de Algodão do Malaui. No Brasil também participou do processo de capacitação dos técnicos africanos a Universidade Federal de Lavras (UFLA).
Saiba mais sobre o projeto acessando aqui
Editado em 05/12/2019 às 08:55 para correção de pontuação e relacionamento de conteúdo. (Mariana Medeiros)
Maria Clara Guaraldo (MTb 5027/MG)
Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas (Sire)
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