12/12/19 |   Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

Parceria entre Embrapa e USP de São Carlos em RMN conquista Prêmio Capes de Química

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Foto: João Vitor Colnago

João Vitor Colnago - Luiz Alberto Colnago orientador do estudo de Flávio Kock nas diversas aplicações de RMN.

Luiz Alberto Colnago orientador do estudo de Flávio Kock nas diversas aplicações de RMN.

Um estudo envolvendo duas instituições de São Carlos (SP), a Embrapa Instrumentação e o Instituto de Química da USP, sobre o uso da técnica de ressonância magnética nuclear em baixa resolução (RMNBR), conquistou o Prêmio CAPES de Tese – edição 2019 na área de Química. A pesquisa abrangente avaliou vários agentes complexos - compostos capazes de formar ligações com outros elementos químicos - com aplicações que se estendem do agro á área médica.

A cerimônia de entrega ocorre nesta quinta-feira (12), às 17 horas, na Associação dos Servidores da Câmara dos Deputados, em Brasília. Participam da solenidade o pesquisador da Embrapa Instrumentação, Luiz Alberto Colnago, e Flávio Vinícius Crizóstomo Kock, que apresentou o estudo ao Instituto de Química de São Carlos da USP para obtenção do título de doutor.

Graduado em Farmácia e com três pós-doutorados em Ressonância Magnética Biomolecular, pela Universidade da Pensilvânia, Filadélfia (EUA), o pesquisador Luiz Alberto Colnago disse que é uma honra ter o trabalho de pesquisa e orientação reconhecidos com o Prêmio CAPES de Teses, o mais importante da pós-graduação no Brasil.

“A tese do Flavio Kock demonstrou como a ressonância magnética nuclear pode ser usada para estudar complexo bioinorgânicos. Esse ramo da bioquímica tem aplicações diversas da remoção de contaminantes de metal pesado até como agente de contraste para imagens por ressonância magnética”, afirma o pesquisador.

Colnago desenvolve métodos e instrumentos de ressonância magnética nuclear de baixo custo, para análise não invasiva de alimentos in natura ou embalados há mais de 30 anos. A técnica, atualmente, é usada na Embrapa Instrumentação, pioneira na aplicação do método na agropecuária, para estudar a variabilidade dos compostos presentes em uvas e na qualificação de tomates quanto à firmeza e maturação. Em parceria com a Fine Instrument Technology, equipamentos usando a metodologia de RMN estão sendo utilizados no setor produtivo da área de óleo de palma (dendê) para analisar o fruto e medir o teor de óleo nos resíduos do processo.

Pesquisa amplia uso da aplicação de RMN

Flávio Kock diz que o prêmio representa uma coroação por todo o trabalho realizado ao longo de cinco anos no Brasil e na Itália. “Sinto-me muito feliz e honrado por ter recebido esta notícia, destacando a tese como uma das vencedoras do Prêmio CAPES”, comemora.

Segundo ele, a distinção demonstra que o trabalho possui grande potencialidade de aplicações que podem impactar a sociedade em diversos segmentos. “Na educação, pode ser proposto um método alternativo que possa ser utilizado nos cursos de graduação em química, enquanto na saúde, há a possibilidade de novos agentes de contrastes mais específicos, por exemplo, para o diagnóstico do câncer de próstata”, afirma.

O estudo, apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), abordou complexos contendo íons paramagnéticos em solução por técnicas de ressonância magnética nuclear. Os complexos têm aplicações diversas, para solubilização de micronutrientes em sistemas de fertirrigação, hidroponia, na liberação controlada de micronutrientes e pesticidas. Mas Kock também identificou, por imagem de RMN, um agente de contraste para diagnóstico de doenças.

Ele analisou células de câncer de próstata, linha tumoral PC-3, em camundongos, usando um novo complexo macromolecular, que envolve uma proteína e possibilitou a clara visualização do tumor e uma rápida excreção renal, em relação a métodos tradicionais.  

“É possível expandirmos a sua aplicabilidade para outros tipos de tumores altamente letais, como o câncer de pulmão, pâncreas e estômago”, concluiu. A RMN na química inorgânica era majoritariamente realizada para elucidação estrutural para compostos metálicos. O nosso trabalho veio com uma propositiva totalmente distinta. Queríamos mostrar que a RMN, especialmente, em baixa resolução, poderia ser utilizada nas pesquisas de compostos de coordenação em solução”, diz.

Ele conta que foi feita uma proposta à comunidade acadêmica para  empregar a RMN em baixa resolução no estudo de compostos de coordenação em alternativa, por exemplo, a espectrofotometria no UV-Vis. O pesquisador lembra que a técnica não resolve todos os problemas de química de coordenação mas fornece, principalmente, uma nova perspectiva aos desafios da química inorgânica.

“Um grande exemplo disto, ocorreu durante o estágio no Molecular Biotechnology Center-MBC vinculado a Universidade de Turim, na Itália. Lá tive a oportunidade de desenvolver novos candidatos a agentes de contrastes que pudessem ser mais seletivos e eficientes para o diagnostico precoce de câncer. O estudo utilizou técnicas de RMN, principalmente, de baixa resolução e alta resolução de imagem. Neste momento, percebi que poderíamos fazer uma grande contribuição à ciência inserindo a RMN - em todas as suas vertentes - nos estudos de compostos de coordenação, objetivando aplicações desde a educação até a mais moderna medicina”, conclui.

Prêmio CAPES

A seleção realizada pela Comissão de Pós-Graduação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) considerou as melhores teses de doutorado defendidas em 2018, em cada uma das quarenta e nove áreas de avaliação reconhecidas pela CAPES em programas de pós-graduação.

O Prêmio CAPES de Tese consiste, entre outros benefícios, em recebimento de certificado de premiação para o orientador, coorientadores e ao programa em que foi defendida a tese; certificado de premiação e medalha para o autor; prêmio ao orientador para participação em evento acadêmico-científico nacional, no valor de R$ 3 mil reais; bolsa para realização de estágio pós-doutoral em instituição nacional por até 12 meses para o autor da tese.

Além desses, serão concedidos prêmios adicionais por entidades parceiras, entre elas, a Fundação Carlos Chagas, Comissão Fulbright, Instituto Serrapilheira, Instituto Ayrton Senna.

Joana Silva (MTb 19.554/SP)
Embrapa Instrumentação

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