Transferência de tecnologias fortalece cultura do coqueiro no Brasil
Transferência de tecnologias fortalece cultura do coqueiro no Brasil
A Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE) promoveu em 2019 uma série de ações para disseminar boas práticas e soluções inovadoras e sustentáveis para a cultura do coqueiro, produto de grande relevância agrícola para o Nordeste e outras regiões.
Muitas dessas iniciativas fazem parte do projeto ‘Transferência de Tecnologias validadas para a cadeia produtiva do coco’, e integram o conjunto de projetos do arranjo ‘Geração, aprimoramento e transferência de tecnologias para a produção sustentável de coco (TT Brascoco)’.
Bahia
O Assentamento Dois Valles, em Conde, no Litoral Norte da Bahia, vem recebendo agentes da Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE) para a implantação de uma série de soluções tecnológicas sustentáveis aplicadas à produção de coco, decididas de forma participativa com os agricultores familiares.
Após discutir e validar com os agricultores foi instalada uma Unidade de Aprendizagem em área coletiva dentro do assentamento, cujo arranjo produtivo prevê o consórcio entre diferentes culturas como coco, laranja, banana e maracujá - principais frutíferas produzidas pelas famílias e comercializadas na região. A leguminosa gliricídia também compõe o arranjo e destaca-se como prática de adubação verde do coqueiro – tecnologia Gliricoco, uma alternativa de baixo custo para aumentar o teor de matéria orgânica no solo e melhorar sua fertilidade.
A contribuição técnica da Embrapa foi destaque na segunda edição do Festival do Coco e Florestas Plantadas de Conde, realizado de 6 a 10 de agosto. A Embrapa Tabuleiros Costeiros promoveu durante o festival o lançamento de livros, cursos e dia de campo sobre a cultura do coqueiro, além da participação da reunião da Câmara Técnica do Coco do Estado da Bahia, criada na primeira edição, em 2018.
No dia de campo realizado durante o festival no Assentamento Dois Valles, os participantes puderam ver de perto diversas soluções integradas, desde a definição das culturas consorciadas, preparo de mudas e solo, práticas de manejo e controle de pragas sem uso de pesticidas químicos, com a solução da armadilha feita com garrafas PET para captura de pragas, aproveitamento da casca para adubação orgânica e muito mais. Tudo construído de forma participativa com os agricultores assentados.
O líder da Associação, César Sousa, destacou a cooperação entre os parceiros da Embrapa e os agricultores familiares. “Esse trabalho conjunto tem dado excelentes resultados, e hoje foi uma grande oportunidade de compartilhar com outras famílias”, afirmou.
Sergipe
Em novembro, agricultores familiares e técnicos do Agreste Sergipano participaram de uma oficina promovida pela Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE) para apresentação de resultados de pesquisas com foco no uso de resíduos do coco como alternativas aplicáveis ao cultivo orgânico de hortaliças.
No evento realizado em Campo do Brito, a pesquisadora Maria Urbana Nunes apresentou resultados de avaliação da eficiência da biomanta feita com fibra de coco no controle de plantas espontâneas em cultivos de alface, tomate e morango, que contribui para a redução de capinas, manutenção da umidade do solo e diminuição das perdas de produção devido ao contato das plantas e dos frutos com o solo.
A oficina aconteceu em uma Unidade de Referência Tecnológica (URT) da Embrapa Tabuleiros Costeiros instalada na propriedade do agricultor familiar José Adelson Fonseca, no povoado Garangau. A ação de transferência de tecnologia integra o projeto ‘Desenvolvimento de tecnologias para o aproveitamento da casca de coco seco e verde na geração de insumos’, liderado por Maria Urbana e que conta com a parceria da Cooperativa da Produção Sustentável de Sergipe (Coopersus).
Urbana apresentou a solução da biomanta e outros métodos de aproveitamento dos resíduos do coqueiro durante a “Oficina Resíduo de Coco, de problema ambiental à oportunidade de negócio”, promovida pela Associação de Engenheiros Agrônomos de Sergipe (AEASE) em parceria com a Embrapa Tabuleiros Costeiros e Sebrae, no dia 18 de novembro.
Ela destacou as formas de aproveitamento da casca como adubo orgânico, organomineiral, biofertilizantes, substratos e cobertura morta (mulching) e compostagem laminar em coqueiro ou outras plantas frutíferas que, além de fonte de nutrientes, reduz a evaporação da água do solo, temperatura do solo, ervas daninhas e os custos com capina e, em muitos casos, evita o contato direto dos frutos e folhas com o solo.
A pesquisadora destacou ainda o substrato denominado coquita, preparado com pó de casca de coco e composto orgânico e enriquecido com o fosfato de rocha hiperfosfato de gafsa, utilizado para produção de mudas.
Sergipe também foi palco de cursos e capacitações sobre a cultura do coqueiro, a exemplo de ‘Controles de Praga para Cultura do Coqueiro’, realizado em parceria com a Codevasf no Povoado Santa Cruz – Projeto Cotinguiba, em outubro em Propriá. A parceria com a Codevasf rendeu também os cursos ‘Controles de Doenças para a Cultura do Coqueiro’ e ‘Compostagem: Conhecendo e reaproveitando os resíduos agrícolas’, realizados ao longo do mês no mesmo local.
Além do controle de pragas e doenças com alternativas como a Armadilha Pet e outras soluções, os agricultores conheceram técnias de adubação e se familiarizaram com o software FertOnline, desenvolvido pelo pesquisador Lafayette Sobral, que calcula os níveis de adubação necessário para o plantio de coqueiro e outras culturas com base nas análises de solo e folha.
Alagoas
Em agosto, participantes do encontro ‘ILPF em novos territórios agrícolas: o caso SEALBA’ visitaram a Fazenda Bolandeira, em Jequiá da Praia, onde o produtor Lucas França, por meio de intercâmbio técnico com agentes da Embrapa Tabuleiros Costeiros, implantou uma Unidade de Referência Tecnológica de integração entre coqueiro mestiço, pastagem para o gado de corte e a leguminosa arbustiva gliricídia.
“Desde que implementamos o sistema aqui na propriedade, tem sido impressionante o ganho de produtividade dos coqueiros, sem falar da qualidade do pasto e da redução de custos com adubo nitrogenado e suplementação para os animais por conta d gliricídia”, revela França.
Essas estratégias buscam maior sustentabilidade dos pontos de vista econômico, por reduzir os custos de produção, e ambiental por fazer uso da terra com cobertura e preservação dos solos e também reduzir a necessidade de insumos químicos e de controle de pragas por tratar-se de um sistema integrado com várias culturas em constante simbiose.
Ceará
Em mais uma edição da Feira Nacional do Coco (Fenacoco), de 6 a 9 de novembro em Fortaleza (CE), a Embrapa teve participação efetiva de pesquisadores de diversas Unidades, que realizam pesquisas agronômicas e agroindustriais com foco no incremento da cocoicultura.
O chefe-geral da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Marcelo Fernandes, participou da abertura da feira, e fez o lançamento oficial dos dois mais novos livros da Embrapa sobre a cultura – ‘Coleção 500 Perguntas, 500 Respostas – Coco: o produtor pergunta, a Embrapa responde’ e ‘A Cultura do Coqueiro no Brasil – 3ª Edição’.
Apresentações de pesquisadores e analistas da Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE), da Embrapa Agroindústria Tropical (Fortaleza, CE) e da Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro, RJ) integraram a programação, com informações e debates atuais sobre soluções tecnológicas para as demandas dos produtores brasileiros.
Pará
Por conta da instalação e expansão da Sococo, a maior fabricante de derivados de coco do Brasil, no Pará, o estado assumiu papel de protagonista entre os grandes produtores do país, ficando atrás apenas dos líderes Bahia, Sergipe e Ceará, representando 12% da produção nacional em 2017, segundo dados do IBGE.
A contribuição da Embrapa nessa caminhada recebeu um importante reconhecimento em dezembro. A pesquisadora da Embrapa Tabuleiros Costeiros Joana Ferreira, experiente especialista em pragas do coqueiro, recebeu uma homenagem especial da empresa Sococo durante a cerimônia de comemoração dos 40 anos da atuação da empresa no Pará.
Joana recebeu o prêmio de ‘Madrinha’ da organização, e a Embrapa recebeu a distinção de ‘Instituição de Pesquisa Parceira’, no evento que ocorreu no domingo (15) na fazenda da Sococo em Moju, no Nordeste do Pará, onde a empresa implantou em 1979 um grande projeto agrícola, com mais de 20 mil hectares de área plantada.
Entre suas grandes contribuições para o tema estão a armadilha plástica feita com garrafas pet para captura da broca-do-olho (Rhynchophorus palmarum), uma importante praga do coqueiro no Brasil, protocolos de controle de ácaros do coqueiro com uso de óleos vegetais combinados com detergentes neutros biodegradáveis e estudos dos aspectos bioecológicos e manejo do ácaro-da-necrose-do-coqueiro.
Outros estados
O Espírito Santo e Minas gerais, que ao longo dos últimos anos têm aumentado sua produção de coco e ganhado maior destaque no cenário nacional, tiveram capacitações para identificação de pragas e doenças.
Em junho, técnicos do Ministério da Agricultura em Minas e do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) participaram, em Belo Horizonte, de capacitação para identificação do amarelecimento letal do coqueiro – perigosa doença quarentenária ainda não presente no país – e de técnicas de amostragem e Levantamento de insetos vetores.
Em novembro, Fiscais Federais do Mapa e da Agência de Defesa Vegetal do Estado do Espirito Santo receberam, em Linhares, a capacitação para identificação da doença, dos potenciais vetores com ênfase em levantamento, coleta de amostras de plantas para análise molecular e harmonização dos procedimentos previstos nos planos de contingência para amarelecimento letal do coqueiro.
Saulo Coelho (MTb/SE 1065)
Embrapa Tabuleiros Costeiros
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