A Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE), em parceria com a Embrapa Solos UEP Recife, realizou, na terça-feira (25), o primeiro curso sobre Sistemas de Produção de Mangaba. Realizada em Tamandaré, no litoral sul de Pernambuco, a capacitação contou com a participação de mais de 40 agricultores, extensionistas rurais e agentes de desenvolvimento local.

O evento, que aconteceu no sítio de Seu Amaro Gomes da Silva (Amaro Laranjeira), no Assentamento Brejo, foi articulado pelo Núcleo de Articulação e Fomento para o Desenvolvimento Sustentável da Zona da Mata Pernambucana (NAF), vinculado ao Governo do Estado, com apoio da Secretaria Municipal de Agricultura de Tamandaré.

O curso foi ministrado pelo pesquisador Josué Francisco da Silva Junior e foi constituído de módulos sobre a espécie, ecologia, produção de mudas, plantio, tratos culturais, adubação, tratos fitossanitários, colheita, pós-colheita e comercialização.

Participaram do curso agentes de desenvolvimento do NAF lotados no litoral, extensionistas rurais do IPA dos municípios de Tamandaré, Rio Formoso e Barreiros, representantes da Secretaria Municipal de Agricultura de Tamandaré, do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável, do Sindicato dos Agricultores Familiares e Empreendedores Rurais (Safer) e do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar, técnicos da Cooates e agricultores dos Engenhos e Assentamentos Brejo, Mascatinho, São João, Laranjeira, Saué Grande e Jundiá de Cima.

As áreas de ocorrência natural da mangaba em Pernambuco se apresentam como em estado mais crítico, quando comparadas a outras regiões do Brasil. "A dizimação de mangabeiras no litoral pernambucano deve-se, sobretudo, à especulação imobiliária, criação de camarão e cultivo de cana-de-açúcar. Ações de conservação das áreas nativas e de promoção no aumento de mangabeiras no Estado devem ser prioritárias", explica Josué Francisco.

"Essa capacitação foi muito gratificante, não apenas por ter sido ministrada no meu estado natal, mas também por ser o primeiro curso sobre a mangaba que a Embrapa realizou em Pernambuco", avaliou o pesquisador.

A mangaba é uma fruta de grande importância econômica e cultural para Pernambuco, sendo uma das primeiras frutas registradas pelos holandeses quando da sua estada na então capitania, no século XVII.

De acordo com o agricultor Seu Amaro, a mangaba é um produto de alta qualidade para o consumo na sua região e muito apreciada por todos. "A gente tem que preservar e planta mais porque é uma cultura que tá sendo devastada. Eu gostei demais do curso, não achei 10 não, achei foi 15. E se quiserem aprender comigo o que eu aprendi, eu ensino", completou, bastante empolgado.

Para Wellington Máximo Lima da Silva, membro do NAF e principal articulador do evento, o curso foi excelente, porque resgatou um cultivo de grande importância para o município e que tem grande valor econômico e ecológico, mas que tinha quase desaparecido.

O extensionista rural do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), Pedro Rocha, reforçou ser extremamente importante para essa região a parceria entre a pesquisa, a extensão e os agricultores familiares, no sentido de trabalhar a diversificação de cultivos e o resgate de espécies nativas, como a mangaba.

O curso terá ainda um módulo prático, que será realizado no Assentamento Brejo, no dia 15 de setembro. Ao final, produtos à base da fruta, produzidos pelas catadoras de mangaba de Sergipe e ainda desconhecidos dos participantes, foram mostrados e distribuídos para degustação.

Texto: Embrapa Tabuleiros Costeiros