30/08/15 |   Agroindústria  Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

Pesquisa, indústria e marketing apontam agregação de valor como oportunidade para o agronegócio gaúcho

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Foto: Francisco Lima

Francisco Lima - Pillon abordou a visão da pesquisa sobre as oportunidades para o agronegócio gaúcho

Pillon abordou a visão da pesquisa sobre as oportunidades para o agronegócio gaúcho

O debate buscou discutir as tendências para o crescimento do agronegócio, com indicações de ações e de nichos que possam ser explorados pelo produtor 
 
Em debate realizado na tarde de sábado (29), na casa da RBS TV, durante a 38ª edição da Expointer, representantes da pesquisa, da indústria e do marketing discutiram os cenários e as oportunidades do agronegócio para 2020. O chefe-geral da Embrapa Clima Temperado (Pelotas, RS) participou apresentando as perspectivas da pesquisa, ao representar o presidente da Instituição, Maurício Lopes. Com o tema "Olhar 2020: onde estarão as oportunidades?", o "Campo em Debate" contou ainda com a participação do presidente-executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, e do sócio-diretor da Agência Escala, Fernando Picoral. Dentre as oportunidades apontadas, a agregação de valor foi mencionada por todos os participantes como fator importante para gerar mais renda aos produtores.
 
Saiba mais sobre a participação da Embrapa na Expointer: 
 
Pillon iniciou o debate abordando a evolução da agricultura nos últimos anos, fruto do investimento em conhecimento e tecnologia. Para ele, umas das primeiras oportunidades é a automação dos processos, não necessariamente substituindo a mão-de-obra humana, mas fazendo melhor uso dos maquinários. Nesse sentido, também destacou a importância de se traduzir informações em serviços, já que a sociedade está buscando, cada vez mais, soluções tecnológicas online. Um exemplo é o GD Arroz, programa informatizado lançado recentemente pela pesquisa, que serve como ferramenta para estimar a ocorrência de cada estágio da cultura e servir de auxílio no planejamento da safra.
 
Para Pillon, a produção de alimentos saudáveis e funcionais ou produzidos por meio de processos diferenciados, com foco em nutrição em saúde, também é vista como uma oportunidade. Mas, segundo ele, a multifuncionalidade da agropecuária vai além. Resíduos da agricultura podem ser utilizados para geração de energia, em substituição aos combustíveis fósseis. Algo importante para o Estado, que é responsável por 2% da demanda interna de etanol. Como exemplo, o chefe-geral citou a palha do arroz, da qual podem ser extraídos cerca de 250 litros de etanol a partir de uma tonelada.
 
Finalmente, a pressão social pela conservação do meio ambiente fará com que os agricultores ligados a práticas mais sustentáveis sejam valorizados. "Sustentabilidade, um termo atualmente desgastado, na Embrapa significa eficiência", explica. A diminuição no consumo de recursos como a água e a racionalização do uso de insumos, por exemplo, tornam a agricultura mais eficiente e refletem na diminuição dos custos de produção.
 
A perspectiva da indústria
Em sua fala, Francisco Turra ressaltou o êxodo rural diário de cerca de 180 mil pessoas, que passam de produtores a consumidores. E mencionou a estimativa de que, nos próximos 20 anos, o Brasil será responsável por 40% da necessidade de alimentos do mundo. Frente a esses desafios, o ex-ministro de Agricultura destacou o papel da Embrapa para o agronegócio brasileiro. "Na pesquisa a Embrapa é o milagre. Nos deixa muito feliz ver a Embrapa orientando pesquisadores no mundo todo. É lindo de ver", afirmou.
 
No âmbito da produção animal, Turra frisou a questão da sanidade, aspecto que ajuda o Brasil a expandir os mercados externos. Atualmente, o país exporta aves para 157 países e suínos para 90. Para ele, o que diferencia a produção nacional dos grandes produtores animais e a torna competitiva é a questão da sanidade.
 
Mas essa não seria a única opção de retorno aos produtores. Como perspectiva de futuro, Turra também aposta da agregação de valor, tendo em vista o volume de produção e o contexto de mercado. "Eu mataria o meu setor em quinze dias se deixasse de trabalhar de improviso. Se produzir demais eu mato o meu setor", afirmou. 
 
Com base em exemplos vistos fora do país, Turra destacou dois pontos principais para os produtores: fazer bem a atividade a qual se dedica e investir em subprodutos. Para encerrar, citou como exemplo o couro que é exportado e retorna ao mercado nacional como uma bolsa de grife com valor agregado, chegando a custar 15 mil dólares a unidade. "Tem que agregar valor para tudo. Não da para vender só in natura", concluiu.
 
Gestão estratégica
"Nossa capacidade de agregar valor é muito pequena. Escuto essa necessidade há 20 anos", afirma Fernando Picoral, diretor-presidente da Escala, produtor rural e coordenador da Escala Agro – braço da agência voltado ao agronegócio. Segundo ele, 60% dos pequenos agricultores são escolarizados até o ensino médio e esse é um dos fatores que dificulta essa agregação. Para ajudar a pensar perspectivas para o futuro, o publicitário acredita ser necessária a profissionalização da gestão e a realização de análises de cenário nas propriedades.
 
Durante o debate, como exemplo, o publicitário realizou uma análise de cenário na macroeconomia gaúcha, apontando aspectos como forças e fraquezas, da porteira para dentro, e oportunidades e ameaças, da porteira para fora. Como força, indicou a tradição gaúcha e a mão-de-obra capacitada. Por outro lado, Picoral destacou a falta de valor agregado e o investimento apenas em commodities como fraquezas nas propriedades. A ausência de marcas e o individualismo dos produtores também foram vistos como pontos fracos, por isso Picoral abordou o investimento em cooperativismo como uma oportunidade para o Estado.
 
Da porteira para fora, o publicitário vê a volatilidade do mercado, as rápidas mudanças tecnológicas – as quais exigem grandes investimentos –, a competitividade alta e a dependência cambial como ameaças. Mas também percebe oportunidades, como um mercado consumidor de 7 bilhões até 2050, a posição do Brasil como grande produtor mundial, o potencial de agregação de valor e a possibilidade de certificação de procedência dos produtos regionais. "Temos que fazer essa análise (de cenário) nas propriedades e ter isso bem claro", finalizou.
 
Iniciada no último sábado, a Expointer se estende até o dia 6 de setembro, no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio/RS. Durante o "Campo em Debate", que marcou o início das atividades da Casa da RBS TV na feira, estiveram presentes na plateia os secretários de Estado de Agricultura e Pecuária (Seapa), Ernani Polo, e de Desenvolvimento Rural e Cooperativismo (SDR), Tarcisio Minetto. A mediação ficou por conta da editora do caderno Campo & Lavoura, Gisele Loeblein. 
 

Francisco Lima (13696 DRT/RS)
Embrapa Clima Temperado

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