Mais de uma tonelada de sementes da BRS Pai d’Égua, a cultivar de açaizeiro da Embrapa, foi comercializada no Pará nos meses de dezembro/2019 e janeiro/2020. A nova variedade produz frutos na entressafra e traz mais retorno para quem planta e quem comercializa o açaí. “Somente as sementes registradas e o manejo técnico recomendado garantem segurança ao produtor rural”, afirma Bruno Giovany de Maria, chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Amazônia Oriental. A empresa Amazonflora, localizada no município de Marituba (PA), foi licenciada pela Embrapa para comercializar as sementes da BRS Pai d’Égua. O produtor que compra a semente recebe a documentação que comprova a sua origem e ainda contribui para que parte dos lucros obtidos com a venda retorne à Embrapa para investimento em novas pesquisas para o segmento agropecuário. De a acordo com Antônio Pantoja, da Amazonflora, desde o lançamento da nova cultivar, que aconteceu no dia 29 de novembro de 2019, produtores paraenses e de outros estados têm buscado o material por ser recomendado para a terra-firme e produzir tanto na safra quanto na entressafra do açaí. “Em dois meses vendemos 1.321 quilos da BRS Pai d’Égua”, comemora. Vantagens da BRS Pai d'Égua Um dos maiores diferenciais da nova cultivar é a distribuição bem equilibrada da produção anual. A BRS Pai d’Égua produz 46% no período da entressafra (de janeiro a junho) e 54% na safra (de julho a dezembro). Outro ponto forte desse açaizeiro é a maior produtividade, chegando a 12 toneladas ao ano por hectare, enquanto o açaí manejado de várzea e o cultivado em terra-firme sem irrigação produzem cerca de cinco toneladas anuais por hectare. Além de tudo isso, seus frutos menores rendem 30% mais polpa que os materiais tradicionais. Destaca-se também a produção precoce. A primeira colheita se dá aos três anos e meio, enquanto os materiais tradicionais iniciam no quinto ano. Portanto, ele traz retorno financeiro mais rápido ao agricultor Ao adquirir as sementes do parceiro licenciado, o produtor recebe todas as orientações necessárias ao plantio, como espaçamento, adubação, tratos culturais, entre outras. Além das orientações, que podem ser na sede da Amazonflora, na área do produtor ou à distância, no caso de produtores de outros estados, a equipe técnica faz o acompanhamento dos plantios. “Nosso interesse maior é que o produtor não perca seu investimento, pois o açaí irrigado de terra-firme é uma cultura cara, que dá um excelente retorno, mas a médio e longo prazo”, ressalta Pantoja. As sementes são vendidas a R$ 45,00 o quilo na loja física ou virtual da Amazonflora, que pode ser acessada neste link. O chefe-adjunto da Embrapa, Bruno Giovany de Maria, ressalta ainda que no decorrer de 2020 uma nova licitação deverá ser realizada pela Embrapa para que empresas em outros municípios e estados também possam comercializar a BRS Pai d’Égua. Custo de produção O custo total de implantação de um hectare de açaizeiro irrigado em terra-firme, considerando a estrutura de viveiros, maquinário, encargos sociais, sistema de irrigação, operações mecanizadas e manuais, sementes, entre outros itens, está em torno de 11 mil reais. Esse cálculo, segundo o pesquisador da Embrapa Alfredo Homma, se baseia em um plantio de 16 hectares localizado no município de Igarapé-Açu. O espaçamento adotado foi de 5m x 5m, totalizando 400 touceiras, com três a quatro estipes por touceira. Nos materiais tradicionalmente utilizados no campo, a colheita comercial se inicia a partir do quinto ano, mas é somente a partir do nono ano de cultivo que o produtor começa a obter lucro com a atividade. Como a BRS Pai d’Égua inicia a frutificação aos três anos e meio, a estimativa é que esse retorno financeiro seja antecipado ao produtor.