A batata-doce ganha espaço à mesa no inverno, mas é preciso atenção ao sistema de produção da cultura
31/08/15
|
Agricultura familiar Segurança alimentar, nutrição e saúde
A batata-doce ganha espaço à mesa no inverno, mas é preciso atenção ao sistema de produção da cultura
O preparo de mudas é o primeiro ponto a ser trabalhado pelo produtor rural. Etapa acontece agora em setembro.
Em tempo de temperaturas frias, as opções de cardápio nas famílias gaúchas ficam na busca por alimentos que tragam aquecimento e energia para driblar a estação do inverno. Uma dessas alternativas está no consumo de batata-doce. O tubérculo, com repercussão na utilização das dietas fitness e no consumo de alimentos saudáveis, tem um desenvolvimento propício para regiões de variações climáticas, desde desértico até regiões de clima tropical. O Rio Grande do Sul, por exemplo, é um dos maiores produtores, mas ainda possui uma produtividade baixa. O desafio está em incrementar a produtividade no Estado, e para isso, é necessário conscientizar o produtor e os órgãos de pesquisa sobre o potencial que a cultura apresenta como fonte de renda, de alimento e de transformação na alimentação animal, além de grande potencial na produção de agroenergia. O princípio está na necessidade de melhorar o sistema de produção da cultura e um dos primeiros pontos para o produtor rural ter cuidado é na preparação de mudas de boa sanidade. E o preparo das mudas acontece, logo em seguida, no mês de setembro.
O preparo das mudas da batata-doce é considerado algo simples por que ela é uma planta, que se multiplica por partes do próprio caule, e com isso, é possível propagar diversas mudas da espécie. Segundo a analista da Embrapa Clima Temperado, Andrea Noronha para plantar a batata doce é fácil, pode-se utilizar das folhas às mudas, mas a atenção deve ser dada para que não se deixe a muda entrar em contato com o solo e com a sujeira. "O solo é uma fonte de contaminação de bactérias e fungos, que em contato com a água poderá incentivar o material entrar em decomposição", explica.
No inverno, pode-se colocar as batatas em túneis baixos, plantando direto em canteiros, as quais se encherão de raízes e então darão forma as mudas, ou colocar em um copo com água natural (um ramo da cultivar imerso em água) e adicionar o material seccionado. A durabilidade do plantio varia de 30 a 45 dias, após esse período, pode-se deslocar a muda para a terra. Cada folha produz uma planta, que pode gerar de três a nove kilos de batata-doce.
A cultura da batata-doce é tolerante à seca, tem boa adaptação a solos com baixa ou média produtividade. O crescimento das raízes, dependendo da estação do ano, varia de três a quatro dias, quanto menor a temperatura mais demorado é o desenvolvimento das mudas, o plantio pode ser feito a partir de setembro para que durante seu ciclo a cultura não seja exposta a extremos climáticos.
A cultura pode ser plantada em praticamente em todo o mundo, em regiões localizadas desde a latitude 42o N até 35o S, desde o nível do mar até três mil metros de altitude, em locais de climas diversos como o da Cordilheira dos Andes; em regiões de clima tropical, como o da Amazônia; temperado, como no Rio Grande do Sul e até desértico, como o da costa do Pacífico, portanto, é uma cultura de extrema importância para alguns povos e se constitui no sexto cultivo mais importante no mundo.
No Brasil, segundo o pesquisador Luís Antonio Suita de Castro, o potencial da cultura está sendo menosprezado. Por ser uma cultura rústica, de fácil cultivo, de ampla abrangência climática são poucos os investimentos realizados em pesquisas e também pelos produtores, que não investem em seus cultivos. "O trato do cultivo é tomado como secundário, não realizando tratos culturais adequados, utilizando mudas sem procedência e com alta carga de enfermidades acumulada durante anos de plantios sucessivos de ramas e raízes contaminadas", alertou Luís.
O pesquisador avalia que em outros países a cultura é bem mais valorizada. "Praticamente tudo é aproveitado desta planta, desde folhas, talos e raízes", fala.
Cultivares da Embrapa
Uma das formas de contribuir para valorização da cultura é apresentar ao consumidor cultivares que tenham características desejáveis ao paladar e ao destino culinário. A Embrapa se encarregou de realizar o melhoramento genético da cultura. Na Embrapa Clima Temperado, o pesquisador Luis Antonio Suita de Castro, realiza diversas pesquisas com cultivares de batata-doce e nos últimos anos foram lançadas as cultivares: BRS Amélia, BRS Rubissol e BRS Cuia. A BRS Amélia, se destaca por seu formato elíptico longo, de cor rosa claro e com pigmentações rosadas e a polpa alaranjada. A colheita inicia 120 a 140 dias após o plantio, a produtividade é em média de 32 toneladas por hectare e acontece nesta época do ano. Apresenta índice elevado de glicose, além de alto valor protéico. A cultivar é relevada pela grande aceitação do consumidor. Quando cozida ou assada, a textura é úmida e melada, macia e doce, fazendo com que a sua casca se desprenda com facilidade.
Proveniente da região de Pelotas (RS), a cultivar BRS Cuia foi selecionada por apresentar raiz mais homogênea e melhor produtividade, apresenta plantas vigorosas, ramos e cor vermelho – púrpura, folhas verdes e os brotos apresentam leve pigmentação púrpura. Tanto a casca como a polpa apresentam cor creme, porém em tonalidades diferentes.
Com pesquisa desde 1994, a BRS Rubissol, exibe plantas vigorosas com ramos vermelho-púrpura, a polpa é de cor creme tendendo ao amarelo. Possui excelentes características para consumo de mesa e também pode ser utilizada no processamento industrial. Destaca-se por apresentar expressiva produtividade, com média muito superior à obtida atualmente nas regiões produtoras brasileiras.
A batata-doce tem sido atrativo no prato dos brasileiros, devido aos inúmeros benefícios que auxiliam à qualidade de vida. Rica em vitaminas A e C, ela fornece energia com carboidratos saudáveis, por isso é uma ótima escolha para quem pratica exercícios físicos, além de fortalecer o sistema imunológico e ajudar no combate ao diabetes. Ela pode substituir vários pratos da alimentação básica, como por exemplo o pão. Também seu excedente pode ser transformado em farinhas para alimentação animal.
Cristiane Betemps e Letícia Eloi Pinto (MTb 7418-RS)
Embrapa Clima Temperado
Contatos para a imprensa
clima-temperado.imprensa@embrapa.br
Telefone: (053) 3275-8215
Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/