14/02/20 |   Biotecnologia e biossegurança  Transferência de Tecnologia

Bioeconomia é tema de palestra no estande da Embrapa na Abertura Oficial da Colheita do Arroz

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Foto: Paulo Lanzetta

Paulo Lanzetta - Pesquisadora Maria Laura Mattos abordou inoculação nas culturas do arroz e soja

Pesquisadora Maria Laura Mattos abordou inoculação nas culturas do arroz e soja

Durante a quinta-feira (13), o estande da Embrapa na 30ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz, realizada de 12 a 14 de fevereiro, no Capão do Leão/RS, recebeu uma série de palestras técnicas sobre inovações na agricultura, principalmente para as lavouras de arroz. E um dos assuntos abordados foi a bioeconomia – quando são utilizados recursos biológicos, como bactérias e fungos, para a produção agrícola.

A apresentação da pesquisadora da Embrapa Clima Temperado (Pelotas, RS) Maria Laura Mattos abordou a importância do uso de inoculantes – microrganismos benéficos para o desenvolvimento das plantas – na cultura do arroz e da soja e, ainda, uma inovação para aplicação desses produtos diretamente no sulco.

Segundo a pesquisadora, o uso de produtos biológicos ainda representa uma exceção. Mas, que, aliada ao uso de químicos, pode representar uma revolução tecnológica, contribuindo para uma agricultura de baixo carbono e para maior produtividade e rentabilidade das lavouras.

Resultados

Durante a palestra, Maria Laura apresentou resultados de pesquisas realizadas na Embrapa Clima Temperado, por cinco safras agrícolas, com a inoculação em arroz irrigado, principalmente na variedade BRS Pampa. A bactéria utilizada foi a Azospirillum brasilense.

A inoculação com essa bactéria promove o crescimento das raízes, o que garante maior sustentação às plantas e evita o acamamento. Também, aumenta a absorção de nutrientes. Isso resulta em maior número de perfilhos e panículas e, consequentemente, em melhor performance da planta. “É ganho para a vida do solo e para o sistema. Solo tem que ter vida”, afirmou.

Em experimentos avaliados em granjas orizícolas da região, a produtividade por hectare chegou a ser 23,6% maior, com economia de 15 quilos de nitrogênio por hectare e, consequemente, com economia de custo. A maior produção registrada foi de 12,3 mil quilos por hectare.

De acordo com Maria Laura, esse é apenas um dos novos microrganismos para arroz irrigado estudados pela Embrapa Clima Temperado. Na Unidade, a pesquisadora é responsável por uma coleção com mais de 20 anos e quase 500 microrganismos isolados para o arroz irrigado no ambiente de terras baixas. “Nós buscamos os mais eficientes para alta produtividade nas cultivares de arroz Embrapa”, comentou.

A ideia, é estudar os microrganismos e suas possíveis compatibilidades, de maneira a viabilizar a inoculação simultânea das sementes, visando diferentes funcionalidades. “Em níveis de parcelas experimentais, algumas estirpes já apresentaram altos resultados de produtividade”, acrescentou.

A tecnologia também se aplica à cultura da soja. Na palestra, a pesquisadora ainda comentou sobre a coinoculação de dois microorganismos na soja, de maneira a estimular o aumento da área radicular. Isso resulta em maior absorção de nutrientes, água e fertilizantes, promovendo a Fixação Biológica do Nitrogênio (FBN).

Inovação

A pesquisadora também abordou os experimentos para validação da inoculação diretamente no sulco de plantio do arroz. Segundo Maria Laura, o método ainda não havia sido estudado para a cultura e representa uma inovação porque a aplicação do inoculante ainda é um gargalo para o produtor.

O trabalho, realizado em parceria com empresas do setor privado, como Orion, Polisul, Total Bio e Di Arroz já tem apresentado bons resultado. “A eficiência do equipamento para inoculação no sulco foi de cem por cento. Não houve falhas nas lavouras”, adiantou Maria Laura.

Sistematização

Também no estande da Embrapa, o pesquisador José Maria Parfitt, juntamente dos parceiros Marcos Valle Bueno (Inia) e Henrique Bergmann (Embrapa/UFPel), falou sobre os “Novos modelos de sistematização das terras baixas: suavização.” A ideia foi mostrar os efeitos dos cortes e aterros feitos pela sistematização – ou seja, pela adequação da superfície do terreno de acordo com as necessidade de irrigação ou drenagem da área – sobre a produtividade do arroz e da soja.

Na oportunidade, eles abordaram as diferenças entre a sistematização com declividade uniforme e a sistematização com declividade variada (suavização). De acordo com os pesquisadores, a suavização tem apresentado benefícios por movimentar menos o solo, sendo mais rápida e mais barata.

Francisco Lima (13696 DRT/RS)
Embrapa Clima Temperado

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