Produtores rurais do projeto de Assentamento Walter Arce, que trabalham com agricultura orgânica, contam com um novo espaço para venda da produção. A Feira de Orgânicos do Horto Florestal acontece uma vez por semana, sempre nas manhãs de sexta-feira, com apoio da Associação de Moradores e Produtores Ordem e Progresso, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), por intermédio da Secretaria Federal de Agricultura e outras instituições que atuam para o fortalecimento da produção orgânica no Estado. A Embrapa Acre apoia a iniciativa por meio da Comissão de Produção Orgânica. No local, o consumidor pode adquirir frutas, polpas, verduras e legumes, além de doces e compotas, entre outros alimentos. Segundo a agricultora Antônia Brito, para manter a qualidade da produção é preciso adotar cuidados específicos em todas as fases do processo produtivo. “O trabalho é demorado e cansativo, mas essencial para oferecer segurança ao consumidor. Optamos por trabalhar com agricultura orgânica porque acreditamos nessa atividade. Esperamos que as pessoas façam desses produtos a sua alimentação predileta”, afirma. De acordo com a legislação que regulamenta o assunto, a produção orgânica deve ser livre de agrotóxicos, hormônios, adubos químicos, antibióticos ou técnicas transgênicas e respeitar aspectos ambientais, culturais e econômicos nas diversas etapas produtivas. Esses fatores ajudam a garantir um sistema agropecuário capaz de proporcionar alimentos mais saudáveis para a população e contribuem para a manutenção de práticas tradicionais de cultivo, geração de renda para os agricultores e conservação ambiental. Entre os agricultores do Assentamento Walter Arce a preocupação começa na escolha dos materiais para formação dos cultivos. “Só utilizamos sementes compartilhadas com nossos vizinhos, porque conhecemos a procedência. Isso evita o uso de materiais com risco de conter resquícios de defensivos agrícolas e outros componentes químicos. Além disso, nosso adubo é natural e todo produzido na comunidade”, ressalta Antonia Brito. Comissão da Produção Orgânica Coordenada pela Secretaria Federal de Agricultura do Mapa, a Comissão de Produção Orgânica do Acre é composta por profissionais de diversas instituições de distintas instâncias governamentais e por representantes de associações de produtores cadastradas para a produção orgânica. Além disso, conta com a parceria do Governo do Estado, prefeituras e Associação de Certificação Socioparticipativa da Amazônia - ACS, entidade autorizada para emissão do selo de produção orgânica. A Embrapa é representada pelo pesquisador Moacir Haverroth e a analista Priscila Viudes. Esse fórum organizado visa auxiliar os produtores em suas demandas, acompanhar as políticas públicas e a legislação vigentes e viabilizar a infraestrutura e apoio necessários para a produção e comercialização da produção orgânica. Todas as instituições integrantes têm como principal função apoiar de forma técnica e logística a produção orgânica no Estado. “De modo mais específico, cabe à Embrapa contribuir com a prospecção de demandas para a Comissão e com ações para fortalecimento das Feiras e outras estratégias de venda, visando expandir a comercialização desses produtos, além de colaborar com a geração de conhecimento técnico e divulgação em torno da temática. Também atuamos como intermediários entre o produtor e o consumidor, visando expandir a comercialização desses produtos”, explica Haverroth. Incentivo à produção Além de favorecer a saúde do consumidor, realizada com base em critérios agroecológicos estabelecidos pela legislação, a produção orgânica agrega benefícios também para o meio ambiente por não utilizar insumos químicos. Para ser considerado produtor orgânico e receber a certificação que garante que o solo de sua propriedade está apto para esse tipo de agricultura, o produtor rural deve cumprir um período de transição. Esse processo deve ser acompanhado pela Comissão Estadual de Orgânicos e por agência certificadora credenciada. Segundo Haverroth, o número de consumidores que buscam por alimentos orgânicos tem aumentado no mercado e para atender essa demanda crescente é necessário ampliar a produção. Entretanto, muitos agricultores não dispõem das condições necessárias para fazer a transição para uma produção agroecológica. “Temos uma legislação que é nacional e já está estabelecida. Então não é um problema legal, é uma questão de incentivar a produção”, afirma. Orgânicos na Embrapa Além da Feira do Horto Florestal e da Feira realizada no mercado municipal Elias Mansour, espaço de venda que já dura 21 anos, em Rio Branco os produtos também são encontrados em feiras semanais, em diferentes bairros da cidade. Para ampliar a presença desses alimentos no mercado, os produtores apostam na diversificação dos canais de comercialização, com venda direta para restaurantes, hotéis e grupos de consumidores fechados. Exemplo disso são as feirinhas acolhidas por algumas instituições. Na Embrapa Acre, a cada 15 dias produtores rurais da Vila Campinas, localizada na BR 364, expõem uma diversidade de produtos orgânicos no espaço de convivência da Unidade, com apoio da Comissão de Clima Organizacional e Qualidade de Vida. Além disso, os empregados podem adquirir esses produtos por meio do serviço “Orgânicos Delivery”, oferecido duas vezes por semana, com entregas personalizadas. Para a analista Elizabeth Lima, lotada no Setor de Gestão de Pessoas (SGP), consumir alimentos orgânicos é uma questão de qualidade de vida, mas muitas pessoas acreditam que não vale a pena pagar mais. “Vejo como um investimento que faz diferença para a saúde e considero justo que um produto com valor agregado tenha preço diferenciado. Trazer os orgânicos para a Embrapa foi uma ideia feliz que nos proporcionou comodidade. Temos a oportunidade de comprar produtos de qualidade no próprio ambiente de trabalho, com economia de tempo. Agora não preciso ir ao mercado aos finais de semana, às cinco da manhã, em busca desses alimentos”, diz.