"O clima está mudando. O Brasil está altamente vulnerável na questão de abastecimento de água. A segurança hídrica do país está ameaçada. Se não for feita a revegetação das nascentes hídricas e das Áreas de Preservação Permanente (APPs) vai faltar água", alertou o pesquisador da Embrapa, Eduardo Assad, durante a palestra sobre o tema "Climatologia – incertezas e mudanças climáticas na agricultura", dia 1º, na Bienal da Agricultura, em Campo Grande (MS). O pesquisador explicou que as temperaturas estão crescentes e que os picos de frio ou de calor por pouco tempo têm reflexos intensos na agricultura. "Observamos situações como aumento da intensidade das chuvas por pequeno período de tempo e isso traz problemas sérios de erosão, carreamento de adubo e destruição da lavoura", disse. Durante a palestra, Assad explicou ainda como está sendo vista a questão do aquecimento global no Brasil sobre três aspectos: a vulnerabilidade do país quanto ao problema; que tipo de ações podem ser feitas para reduzir a emissão de gases de efeito estufa, com consequente elevação na temperatura, e as práticas de adaptação que já existem e podem ser usadas para evitar perdas na agricultura. De acordo com ele, a primeira prática – que a Embrapa tem enfatizado - é uma mudança de sistemas onde se pode trabalhar com a Integração Lavoura-Pecuária, a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta e a recuperação dos pastos degradados. O pesquisador lembra aos produtores rurais sobre a importância de fazerem terraço nas áreas cultivadas para a proteção do solo, além de acompanharem sites de meteorologia como, por exemplo, o Sistema de Monitoramento Agrometeorológico - Agritempo (www.agritempo.gov.br), desenvolvido pela Embrapa e Unicamp, que fornece informações importantes às atividades agrícolas como mapas de estiagem, chuvas, disponibilidade de água no solo, temperaturas máximas e mínimas e previsão do tempo. Os dados são fornecidos por região ou estado e em tempo real. Pesquisa Durante a palestra sobre "Importância da Pesquisa, Ciência & Tecnologia e Inovação na agricultura", o chefe do Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, Celso Moretti, mostrou como o Brasil saiu, na década de 70, da condição de importador de alimentos para um dos maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo. Falou ainda sobre a programação de pesquisa da Embrapa e os grandes desafios enfrentados pela agricultura, como as pragas que estão chegando ao país, doenças que já existem e como esses desafios podem ser vencidos. "A Embrapa desenvolve um trabalho intenso através do sistema de inteligência estratégica, o Agropensa, para modelar o futuro e antever essas ameaças analisando como continuaremos sendo competitivos e também esse grande ator na produção de alimentos no mundo", destacou Moretti. Bienal Segundo informações da Assessoria de Imprensa da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), durante os dois dias da Bienal dos Negócios da Agricultura Brasil Central, cerca de duas mil pessoas passaram pelos estandes, eventos paralelos e painéis da vitrine do agronegócio, provenientes de cinco estados e do Distrito Federal. O público do evento foi formado por produtores rurais, profissionais e estudantes, lideranças políticas e rurais. A Bienal da Agricultura acontece a cada dois anos, realizada rotativamente nas capitais dos estados do Centro-oeste e é organizada pelas federações de agricultura e pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Mato Grosso (Famato), Goiás (Faeg) e Distrito Federal (Fape-DF).