23/03/20 |   Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

Seminário discute ações do projeto Manejo Florestal e Extrativismo na Amazônia

Informe múltiplos e-mails separados por vírgula.

Foto: Mauricília Silva

Mauricília Silva - Participantes do Workshop do Projeto Manejo Florestal e Extrativismo (MFE_Amazônia). Líderes das Unidades da Embrapa Acre, Rondônia, Meio Norte, Amazônia Ocidental, Amapá, Cocais, Roraima, Meio Ambiente e Instrumentação.

Participantes do Workshop do Projeto Manejo Florestal e Extrativismo (MFE_Amazônia). Líderes das Unidades da Embrapa Acre, Rondônia, Meio Norte, Amazônia Ocidental, Amapá, Cocais, Roraima, Meio Ambiente e Instrumentação.

Pesquisadores da Embrapa que atuam na região Amazônica se reuniram para discutir atividades e avaliar resultados preliminares do projeto Manejo Florestal e Extrativismo: criando referências para o desenvolvimento territorial na Amazônia (MFE-Amazônia). O evento foi realizado entre os dias 3 e 5 de março, na sede da Embrapa, Brasília (DF).

Desenvolvido em oito estados da Amazônia Legal (Amapá, Acre, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia e Roraima), o MFE-Amazônia contempla ações voltadas para a disseminação do conhecimento e fortalecimento da produção sustentável do açaí, andiroba, castanha, babaçu, pau mulato, pracaxi, copaíba, bacuri, buriti, camu-camu e cupuaçu, produtos do extrativismo vegetal e espécies frutíferas da região. Além de buscar soluções tecnológicas, o projeto também pretende integrar o resultado das ações com as políticas públicas e iniciativa privada em desenvolvimento na região.

A troca de experiências e reflexões sobre as ações desenvolvidas em 15 meses de execução do projeto tiveram como base apresentações de lideres das Unidades da Embrapa Acre, Rondônia, Meio Norte, Amazônia Ocidental, Amapá, Cocais, Roraima, Meio Ambiente e Instrumentação. O prazo final de execução do projeto está previsto para janeiro de 2021.

Para a coordenadora do projeto, pesquisadora Ana Euler, da Embrapa Amapá, o seminário foi um momento de muito aprendizado e interação. O apoio do Fundo Amazônia tem sido fundamental para viabilizar soluções tecnológicas que mantenham a floresta Amazônica em pé, por meio de sua valorização e da melhoria de qualidade de vida das populações “Avaliamos a gestão dos recursos e o estágio em que se encontra cada atividade. A partir dessas informações, ajustamos o cronograma de atividades do projeto para  cumpri-lo da melhor forma possível, buscando caminhos para organizar as diversas cadeias do extrativismo, de forma que traga maiores benefícios para as comunidades envolvidas com a atividade”, comenta.

 

Castanha-da-amazônia

O pesquisador da Embrapa Amapá Marcelino Guedes, considera a troca de experiência entre os membros do projeto fundamental para conhecer os desafios e o sucesso das ações em outras localidades da Amazônia. Ele cita como exemplo as ações voltadas para a pós-colheita de produtos extrativistas, no caso a castanha (Bertollethia excelsa), que envolve os estados do Acre, Mato Grosso e Amapá, para que o produto tenha acesso a mercados globalizados de alimentos.

Neste projeto, a Embrapa Acre e Amapá estão testando modelos de secadores de castanha e silos que poderão ser utilizados em diferentes localidades da Amazônia. “Ao disponibilizar mais de um modelo de secador de castanha, possibilita ao extrativista avaliar qual equipamento melhor se adapta a sua realidade de produção e possibilidades de investimento para a construção do equipamento”, explica a pesquisadora da Embrapa Acre Cleísa Cartaxo.

Outra dificuldade da cadeia produtiva da castanha é o transporte do produto em algumas localidades da Amazônia, devido à necessidade de atravessar regiões de difícil acesso, como rios com corredeiras, áreas alagadas e declivosas. Uma das soluções tecnológicas apresentadas no seminário, pela pesquisadora da Embrapa Amazônia Ocidental Kátia Emídio da Silva, foi o uso de cabos aéreos para facilitar o transporte de produtos extrativistas. A tecnologia está sendo adaptada com equipamentos de montanhismo e escalada e terá capacidade de transportar uma carga de até 200 quilos.

Na Resex Chico Mendes, no estado do Acre, e na Resex do Rio Cajari, no estado do Amapá, pesquisadores e extrativistas estão testando o uso de micro trator com carreta acoplada para otimizar o processo de coleta dos ouriços de castanha em castanhais de difícil acesso. “Estamos treinando os comunitários para o uso do micro trator e avaliando a eficiência de seu uso na colheita e no aumento da produtividade da castanha, uma vez que muitos ouriços deixam de ser coletados devido à dificuldade de acesso e à falta de um meio de transporte adequado para os extrativistas realizarem a atividade”, explica o analista Daniel Papa.

A pesquisadora da Embrapa Rondônia Lúcia Wadt apresentou o trabalho que vem sendo desenvolvido na Resex do Rio Ouro Preto com a implantação de uma unidade demonstrativa do manejo de castanhais nativos, em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade( ICMBio), Pacto das Águas, Associação dos Seringueiros e Agroextrativistas do Baixo Rio Ouro Preto (ASAEX) e Associação dos Seringueiros do Rio Ouro Preto (ASROP). As atividades envolvem o mapeamento das castanheiras, a definição de trilhas de coleta, a montagem de um protótipo de armazém e demonstração de boas práticas para a coleta da castanha. “Este ano os extrativistas já se beneficiaram das trilhas para a coleta da castanha. O próximo passo é a instalação do armazém para demonstração das práticas de pós-coleta”, comenta.

 

Manejo de açaizais nativos

Já o pesquisador da Embrapa Cocais José Mário Frazão, apresentou o trabalho desenvolvido com o manejo dos açaizais (Euterpe oleracea), no território do Alto Turi e Gurupi, localidade com maior concentração de açaí do estado do Maranhão, ou seja, 70% da produção é oriunda e comercializada neste território. Na área, os extrativistas acompanham de perto o desenvolvimento da atividade, facilitando a troca de conhecimento.

“São áreas nativas, por isso o investimento no manejo dessas plantas. Quando não ocorre o manejo adequado, o número de plantas na touceira aumenta, afina o tronco e deixa de produzir. O manejo envolve o desbaste seletivo das plantas, que podem chegar a mais de 500 touceiras por hectare, mas o recomendado é que sejam mantidas 400, para proporcionar aeração e luminosidade necessárias para que as plantas voltem a produzir satisfatoriamente”, explica o pesquisador.

O manejo de açaizais nativos também está sendo realizado pela Embrapa Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima a partir do inventário florestal de palmeiras de açaí solteiro (Euterpe precatoria). Pesquisadores estão utilizando o enriquecimento de clareiras visando aumentar a densidade em populações nativas de açaí, melhorar o acesso aos açaizais e aumentar a produtividade.

 

Camu-camu e cupuaçu

Outra ação do projeto é a popularização dos benefícios do camu-camu (Myrciaria dubia) na alimentação, como rica fonte de vitamina C. A pesquisadora da Embrapa Instrumentação Tecnológica Maria Fernanda Durigan, enfatiza que há uma procura mundial pelo fruto, mas embora Roraima tenha uma quantidade grande de plantas nativas de camu-camu, a oferta para a comercialização ainda é baixa, por isso a necessidade de adoção de boas práticas de colheita e pós-colheita do fruto. Outro trabalho de adoção de boas práticas também está sendo aplicado à cadeia produtiva do cupuaçu (Theobroma grandiflorum ) para garantir melhor qualidade da polpa, tanto na colheita como na pós-colheita do fruto, além de incentivar a elaboração de novos produtos a partir da polpa do fruto.

 

Pracaxi e Pau Mulato

A produção de óleo de pracaxi (Pentaclethra macroloba) por mulheres extratoras do estuário do rio Amazonas vem sendo estudada pela Embrapa Amapá. Este projeto tem apoiado essas produtoras por meio de treinamentos em boas práticas de pós-coleta e a realização de rodada de negócios em parceira com o Sebrae. O projeto também prevê a estruturação de uma mini usina de beneficiamento de óleos vegetais que servirá para treinamentos e processamento dos óleos de diferentes comunidades. “Com a extração do óleo a frio aumenta o rendimento, reduz a acidez e diminui o tempo de extração do óleo. Além de produzir um produto com qualidade apto a ser utilizado na indústria cosmética e farmacêutica”, explica Marcelino Guedes.

O manejo da regeneração do pau mulato (Calycophyllum spruceanum) , em sistemas agroflorestais também faz parte das atividades do desenvolvida pela Embrapa Amapá na comunidade da Ilha das Cinzas (PA), sob a liderança do pesquisador Marcelino Guedes, por meio do projeto MFE - Amazônia. Essa espécie arbórea da várzea cuja madeira, de média densidade, tem múltiplos usos (embarcação, piso, forro, lenha, móveis etc.) e apresenta grande capacidade de regeneração. A inovação da atividade no projeto está associada ao teste de um biodigestor para produção de energia a partir da biomassa do pau mulato e outros produtos da várzea, como o caroço de açaí e os resíduos de pequenas serrarias.

 

Bacuri

Uma parceria entre as Unidades da Embrapa Amazônia Oriental, Cocais e Meio Norte tem levado a tecnologia de manejo de bacurizais nativos (Platonia insignis) às comunidades dos municípios de Carutapera e Santa Rita, no Maranhão. O manejo acontece em áreas de roçados abandonados com alta densidade de regeneração de bacurizais. “No sistema tradicional as roças são feitas pela derrubada e queima da mata ou capoeira por dois ou três anos seguidos reduzindo as chances de regeneração dos bacurizeiros, enquanto no sistema de manejo recomendado é possível conciliar a produção agrícola com a preservação e regeneração dos bacurizeiros”, explica o pesquisador da Embrapa Meio Norte, Eugênio Emérito Araújo.

 

Fundo Amazônia

O projeto MFE-Amazônia faz parte do Projeto Integrado da Amazônia, financiado pelo Fundo Amazônia e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em cooperação com o Ministério do Meio Ambiente, tem como principal desafio promover o intercâmbio entre o conhecimento técnico-científico sobre manejo florestal e o conhecimento local sobre extrativismo para a conservação da biodiversidade, a geração de renda e qualidade de vida das populações locais e o desenvolvimento de territórios rurais na Amazônia.

 

Mauricília Silva
Embrapa Acre

Contatos para a imprensa

Telefone: 0xx96-3203-0287

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

Galeria de imagens

Encontre mais notícias sobre:

mfe-amazoniapiaamzfundo-amazoniafundo-amazonia