Zoneamento aponta áreas aptas para cultivos agrícolas em quatro municípios do Acre
Zoneamento aponta áreas aptas para cultivos agrícolas em quatro municípios do Acre
Com o objetivo de orientar técnicos, produtores rurais, pesquisadores, agências de financiamento e estudantes universitários sobre as áreas mais adequadas para o cultivo de café, banana, seringueira e abacaxi no Estado do Acre, a Embrapa lançou uma série de fôlderes para divulgar o resultado do Zoneamento Pedoclimático para essas culturas. Realizada nos municípios de Capixaba, Feijó, Plácido de Castro e Tarauacá, em parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a pesquisa apresenta as áreas preferenciais para as culturas, de acordo com diferentes níveis tecnológicos.
Além do resultado do zoneamento de cada município, o documento apresenta dados como localização, extensão territorial, uso atual da terra, porcentagem de área desmatada disponíveis em tabelas e mapas. “O zoneamento é um instrumento de uso direto e pode se converter em política pública. É importante para a tomada de decisão sobre o plantio e manejo das culturas, de acordo com os padrões tecnológicos utilizados”, afirma o chefe-geral da Embrapa Acre e coordenador da pesquisa, Eufran do Amaral.
Metodologia
As culturas pesquisadas foram indicadas como prioridade para os municípios, pelos gestores. Nessa pesquisa foram considerados três níveis tecnológicos ou níveis de manejo: A, B e C. Cada área demanda um nível de tecnologia diferente conforme as condições do solo, clima e exigências da cultura. Segundo Amaral, o nível A é básico, onde o produtor faz o cultivo com uso mínimo de insumos. O nível B é intermediário, com poucas intervenções, que incluem o uso de adubos e corretivos. Por último, o nível C considera o uso intensivo de tecnologias para melhorar as condições da terra.
“Para cada nível fizemos uma estratificação para permitir que tanto o pequeno como o médio e o grande produtor, dependendo do acesso a recursos tecnológicos, possam estabelecer melhores condições para plantar. É uma tecnologia inclusiva, todos os produtores rurais, indígenas e extrativistas podem usar essa ferramenta”, afirma Amaral.
Resultados
A cidade de Capixaba, localizada na regional do Baixo Acre, apresenta 56,6% do território desmatado e a agricultura anual e perene ocupa 2,7% dessa área. O estudo apontou que 76.9% do território desmatado apresentam áreas preferenciais para o cultivo da seringueira, desde que sejam adotadas técnicas de manejo adequadas e utilizados clones resistentes ao mal das folhas (nível de manejo C). Para o cultivo do café Canéfora, as áreas preferenciais no nível A, onde deve ser priorizado o cultivo, ocupam 31,3%. Acesse aqui o resultado do estudo.
Em Feijó, 6,1% do território está desmatado, com 8% dessa área voltada para agricultura anual e perene. O destaque na produção de banana se dá em função da aptidão do município para a cultura e boa aceitação da fruta no mercado. No território desmatado, 93% de áreas são preferenciais para o cultivo da bananeira, devido à alta capacidade de retenção de água, do relevo plano e boas condições químicas (nível de manejo A). Para a produção de café, as técnicas de manjo e uso de espécies mais adaptadas são fundamentais (nível de manejo C). Acesse aqui mais informações.
Plácido de Castro, localizado na regional do Baixo Acre, possui 77% do território desmatado, onde 2,2% dessa área são ocupadas pela agricultura anual e perene. O zoneamento revelou solos aptos para cultivo do café canéfora em 73,3% do território desmatado, entretanto, é necessário o uso intensivo de técnicas adequadas de manejo da cultura (nível de manejo C). Acesse aqui o folder do zonemaneto do município.
Já Tarauacá, cidade localizada na regional Tarauacá-Envira, apresenta 7,8% do seu território desmatado 4,5% dessa área são destinados à agriculta anual e perene. A produção do abacaxi é uma atividade histórica e tradicional entre os produtores do município. O solo de Tarauacá é adequado para o cultivo dessa planta, com baixo nível tecnológico, devido às condições favoráveis para o plantio (nível de manejo A), que deve ser priorizada como estratégia de desenvolvimento municipal. Em relação à cultura do café, outra prioridade da gestão municipal, as áreas recomendadas para cultivo ocupam 15% da área desmatada. Para saber mais sobre o estudo, acesse aqui.
Zoneamento Pedoclimático
O estudo foi viabilizado por um Termo de Execução Descentralizada (TED), firmado entre a Embrapa Acre e Mapa, através da superintendência local. A ideia é ampliar as áreas de cultivo e melhorar a produtividade das culturas contempladas, através de conhecimentos técnicos envolvendo cada localidade e de recomendações que devem ser seguidas para otimizar o uso da terra.
“Com os conhecimentos técnicos sobre o clima, podemos dispor de informações consistentes para orientar o produtor rural como fazer o manejo de água e sobre a cultura adequada para o local que pretende utilizar para plantar. A importância do clima é crucial para obter sucesso na produção agrícola e mesmo em áreas atingidas no período seco, o produtor pode utilizar um sistema de irrigação para garantir o bom desenvolvimento dos cultivos”, afirma Amaral.
Café Canéfora
O Acre é o segundo maior produtor de café da região Norte e sexto do país, com uma produção anual de 43.816 sacos. No Norte, perde apenas para Rondônia, que produz 2 milhões e 400 mil sacos, segundo dados da Pesquisa Agrícola Municipal 2018, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo pesquisas da Embrapa, as altas temperaturas e os elevados níveis de umidade do ar associados a baixas altitudes, características da região, favorecem o desempenho da cultura. Além de bem adaptado às condições climáticas locais, o café canéfora tem ciclo mais longo, com os frutos geralmente colhidos no mês de maio, quando as chuvas começam a cessar no estado. No Acre predomina o cultivo de café canéfora.
O livro “Zoneamento Edafoclimático para o cultivo de café canéfora (Coffea canephora) no Acre”, produzido pela Embrapa, em parceria com a Universidade Federal do Acre (Ufac), aborda as características gerais da cafeicultura no Acre, o padrão tecnológico e produtividade dos cultivos no estado, condições locais de clima e solo para a cultura e aspectos de mercado.
Devolutiva
Os resultados do zoneamento foram apresentados em Plácido de Castro e Capixaba durante reuniões individuais com os gestores municipais. Em Feijó e Tarauacá, será realizado um seminário para compartilhamento de informações sobre o levantamento pedoclimático, ainda no primeiro semestre de 2020.
Os fôlderes estão disponíveis, em formato digital, no portal da Embrapa Acre. A versão impressa das publicações serão ofertadas gratuitamente em capacitações, oficinas, palestras, eventos e visitas técnicas realizadas pela Unidade.
Priscila Viudes (Mtb-030/MS)
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Diva Gonçalves (Mtb-0148/AC)
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Colaboração: Maria Fernanda Arival
Embrapa Acre
Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
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