Percepção do presente e cenários para Amazônia em 2050
Percepção do presente e cenários para Amazônia em 2050
O III Workshop de Percepção Cognitiva "O papel da biodiversidade na mitigação de mudanças climáticas", realizado em Belém, apresentou indicadores para subsidiar políticas públicas e cenários para Amazônia em 2050.
Pode parecer muito distante, mas para a Ciência é um período curto e urge começar a apresentar seus mais relevantes resultados e assim contribuir com as políticas públicas; propor ações e dessa forma participar ativamente do futuro seguindo os pressupostos da sustentabilidade para a região. Foi o que aconteceu, no início de agosto, em Belém, quando representantes de mais de 20 instituições públicas, privadas, não governamentais, representantes do poder público e de comunidades tradicionais participaram do III Workshop de Percepção Cognitiva "O papel da biodiversidade na mitigação de mudanças climáticas", promovido pelo Projeto Robin, organizado pela Embrapa Amazônia Oriental em parceria com a Universidade Politécnica de Madrid.
Esta ampla parceria multinacional, financiada pela Comunidade Europeia, durante cerca de 48 meses de pesquisas vem trabalhando na identificação de indicadores de perda de biodiversidade e utilizando modelos de simulações para estabelecer cenários de suporte à decisão. O Brasil está analisando a Amazônia, tendo como área de estudo local a Floresta Nacional de Tapajós, pela sua relevância como uma das Unidades de Conservação mais estudadas ao longo das últimas décadas. A Embrapa desenvolve projetos de pesquisa na Flona Tapajós há mais de 40 anos.
Um dos destaques do evento foi a apresentação da compatibilização das informações levantadas nos dois workshops anteriores. A coordenadora do Robin no Brasil, Lucieta Martorano, pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental, ressaltou que o terceiro encontro permitiu ampliar o compartilhamento dos conhecimentos técnico- científicos, locais e experiências de campo. E lembrou que "dessa forma ficou bem mais fácil avaliar os mapas cognitivos construídos nos dois Workshops. Tivemos oportunidade ainda de repensar e recomendar novas opções para preservar e conservar a biodiversidade e a floresta amazônica."
Durante o III Workshop, pesquisadores de diferentes nacionalidades conheceram um pouco da História da ocupação da Amazônia no pronunciamento da pesquisadora Lucieta Martorano. Ela lembrou, por exemplo, que as primeiras iniciativas do Governo brasileiro foram atreladas a políticas desenvolvimentistas e de demarcação de território com incentivos ao preenchimento do vazio demográfico como estratégia de soberania nacional. Nesse processo de ocupação a derrubada de florestas nativas foi incentivada como garantia aos agricultores de posse da terra. Em cenários de mudanças climáticas, os estudos apontaram que as emissões da Amazônia de gases de efeito estufa estavam fortemente relacionadas ao desmatamento e queimadas na região, gerando pressões internacionais e exigindo do governo brasileiro, em 2009, estratégias conservacionistas, culminando com uma mudança de postura a partir dos compromissos assumidos na COP15 que desencadearam várias novas ações, inclusive se comprometendo com o "desmatamento zero", reformulando o código florestal brasileiro, adotando medidas de comando e controle, bem como fortalecendo as instituições de pesquisa para garantir o monitoramento ambiental (INPE/EMBRAPA).
Os participantes do evento em Belém, tendo como base as condições atuais, avançaram 35 anos no tempo para avaliar os mapas cognitivos elaborados nos dois Workshops anteriores. Os participantes, cerca de 50, debateram amplamente e, levando em consideração critérios socioeconômico, ambiental e de facilidade de aplicação e, sobretudo, a importância da Amazônia no efeito escala do sistema climático, priorizaram o que deve pautar as ações para os próximos anos naquela região. São elas: opções de manutenção da biodiversidade em áreas preservadas e uso conservacionista, nas áreas antrópicas e elencaram as opções prioritárias estão melhorar a eficiência da governança; implementar o ordenamento fundiário e territorial; desenvolver a capacidade técnica regional; ampliar os investimentos em saúde e educação; monitorar a qualidade da água e de outros serviços ambientais; desenvolver programas que ampliem a consciência ambiental e outros que fomentem a integração das atividades agrícolas e, fortalecer a capacidade de monitoramento florestal. Programas que fomentem a integridade de atividades agrícolas e florestais e melhorem a consciência ambiental também foram propostos, assim como outros que permitam ampliar a participação social no desenvolvimento de políticas públicas.
A implementação de programas voltados à restauração florestal suscitou ampla discussão pela complexidade em identificar os interessados e as necessidades de recursos financeiros para viabilizá-los. A valoração econômica de áreas protegidas e o pagamento por serviços ambientais foi outro tema também bastante discutido. Diante da diversidade de propostas e de sua relevância, foram selecionadas como mais representativas neste momento amazônico e mundial, melhorar a eficiência de governança, ampliar os investimentos em saúde e educação e investir em programas que fomentem a integridade de atividades agrícolas e florestais.
O projeto Robin está com seu término previsto para outubro deste ano.
Ruth Rendeiro (Reg. Prof. 609-DRT-PA)
Colaboradora do Projeto Robin
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