Técnica de movimento e tempo melhora produção de silagem
Técnica de movimento e tempo melhora produção de silagem
Foto: Sandra Brito
As operações realizadas por máquinas agrícolas devem ser bem planejadas para atender ao calendário de atividades.
Transferir tecnologia para capacitar profissionais na otimização do processo de ensilagem, com técnicas que possibilitam maior custo e benefício para o produtor. Esta é uma das missões da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
O pesquisador Evandro Chartuni Mantovani, doutor em Mecanização Agrícola e Agricultura de Precisão, da Embrapa Milho e Sorgo, explica que é importante saber os detalhes de cada operação do processo de ensilagem, com embasamento técnico para uso adequado e otimizado do equipamento. “O estudo de movimento e tempo é uma técnica bem conhecida na indústria, pouco utilizado na agricultura, e que poderá ajudar o agricultor a otimizar suas operações mecanizadas no sistema de produção de silagem”, diz Mantovani.
Normalmente, o agricultor trabalha com um calendário muito apertado para o enchimento do silo, pois, além da necessidade de cortar a forragem, dentro do estágio ideal para ensilagem das culturas, o sistema se compõe de várias operações, entre elas colheita, transporte da forragem, descarga do material no silo e compactação do material picado. Por ser uma atividade que é realizada anualmente, com o passar dos anos, este estudo permite um dimensionamento adequado das atividades, para evitar custos excessivos das diferentes operações.
“A utilização do estudo de movimento e tempo em atividades com máquinas agrícolas, para produção de silagem, é muito eficaz, pois permite avaliar todas as operações do sistema de forma conjunta, identificando problemas e eliminando os gargalos, aumentando desta forma a capacidade de produção”, ressalta o pesquisador.
Produção de silagem começa com planejamento
Para planejar é necessário que o técnico conheça bem a infraestrutura que o agricultor já utiliza para programar a propriedade. “É preciso saber quantos animais e por quanto tempo serão alimentados, qual o consumo diário do rebanho para produção de leite ou de carne e o tamanho do silo e do campo de produção. Assim, com a definição da demanda de silagem, por metro cúbico, pode-se saber o tamanho, em hectares, da área de cultura de milho ou sorgo, por exemplo, necessária para atender o sistema de produção de silagem”, enumera o pesquisador.
Ele ressalta ainda ser necessário conhecer a capacidade do trabalho da colhedora de forragem na proporção tempo por hectare (t/ha), a distância entre o campo e o silo, a cubagem das carretas forrageiras ou dos caminhões e as dimensões do trator compactador ou com rolos.
A etapa seguinte consiste em calcular o tamanho das máquinas forrageiras e sua eficiência no campo. Estas máquinas são a colhedora de forragem, as carretas forrageiras e o trator compactador.
“O dimensionamento destes equipamentos, que compõem o sistema de produção de silagem, é realizado em função do tempo, quantos dias são necessários para a colheita da forragem, da capacidade, em metros cúbicos, do escoamento do material recolhido e da largura do silo”, explica Mantovani.
Segundo ele, as operações realizadas por máquinas agrícolas devem ser bem planejadas para atender ao calendário de atividades da cultura em análise. Elas são dimensionadas para fazer as operações de campo, dentro do tempo disponível e sem alterar a qualidade do trabalho realizado.
‘‘No caso da máquina de colheita de forragem, o sistema tem que ser bem planejado para evitar paradas constantes, por falta de carretas forrageiras para transporte do material. Diferentes modelos e tamanhos de carretas forrageiras são oferecidos no mercado e a escolha deve ser feita em função da capacidade de colheita da máquina forrageira”, orienta Mantovani.
O próximo passo é fazer o correto dimensionamento do silo trincheira. “É uma escolha estratégica. As dimensões do silo deverão ser sempre calculadas em função do número de animais confinados, para atender ao consumo de silagem, durante o número de dias programados, ou melhor, até o final do confinamento, com o peso final de abate”, diz Mantovani.
“Esta medida vai repercutir por muitos anos sobre a qualidade da silagem, na qualidade microbiológica do leite e na saúde dos animais. Para isso, o agricultor deve considerar que a taxa de desabastecimento deve ser de trinta centímetros por dia e estabelecer a altura das paredes da trincheira”, acrescenta o cientista.
Além destes requisitos, segundo Mantovani, a decisão do ponto de colheita do milho para a ensilagem é muito importante e pode definir a qualidade nutricional da silagem, com maior ou menor aceitabilidade pelos animais.
Capacitação sobre otimização do tempo
Para transferir esta tecnologia, o pesquisador Evandro Chartuni Mantovani ministrou o curso “Otimização do tempo de produção e silagem com a técnica de movimento e tempo”. A capacitação foi realizada em 3 março de 2020, na Embrapa Milho e Sorgo, em Sete Lagoas-MG. Participaram 30 técnicos extensionistas da Emater Minas e do SenarMinas. As atividades foram coordenadas pelo analista do setor de Transferência de Tecnologia Marco Aurélio Noce.
O coordenador técnico José Alberto de Ávila Pires, da área de Bovinocultura da Emater, ressaltou que “a produção de silagem, principalmente de milho e de sorgo, requer muita atenção técnica para garantir uma silagem de qualidade. São pequenos detalhes que devem ser observados no processo de ensilagem, para obtenção de um bom produto”.
“A grande oportunidade, além disso, foi a aplicação prática da técnica de movimento e tempo para produção de silagem. Este item, para a gente, é de suma importância. E foi uma novidade vivenciar esta prática em campo, no local de produção e colheita da silagem”, disse Pires, também conhecido como Xapecó.
O supervisor de campo Wender Guedes Borges, e os técnicos de campo Anderson Tenório de Meneses e Eurico Pereira Ramos Neto, do projeto SuperAção Brumadinho, do SenarMinas, também participaram da capacitação.
Borges considera que este curso que veio para agregar muito na vida profissional de cada técnico. “Tivemos a oportunidade de nos atualizar quanto ao processo de ensilagem como um todo, além de desenvolver um olhar diferenciado de cálculos para otimização do processo”, disse.
Ele acrescentou que este conhecimento permite ao técnico ter a certeza de como escolher maquinários e quantidades exatas para cada sistema de produção para atuação no campo. “O curso é uma ferramenta que nos dará ainda mais embasamento na assistência técnica e gerencial, que tem como objetivo maximizar a eficiência e agilidade do processo, com redução nos custos de produção final para o produtor rural, que é o foco do nosso trabalho”, disse Borges.
Para Meneses, o curso demonstrou que é preciso ficar atento aos mínimos detalhes no campo para a obtenção de um material final de excelente qualidade. “Técnicas como ponto de colheita, altura de corte, tamanho de partículas, compactação, velocidade de trabalho, enfim, todos esses detalhes foram demonstrados, visando maior eficiência do processo de ensilagem”, disse.
Já Eurico Neto disse que o evento foi de grande relevância para todos os profissionais que dele participaram, se estendendo também aos produtores. “Demonstrou a importância de que se faça corretamente o dimensionamento e a utilização de máquinas e implementos, para que o resultado seja a produção de uma silagem de boa qualidade e economicamente viável”, considerou.
Sandra Brito (MTb 06230 MG)
Embrapa Milho e Sorgo
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