30/04/20 |   Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

BRS Mandobi integra as tecnologias destaque no 47º aniversário da Embrapa

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Foto: Judson Valentim

Judson Valentim -

Lançada em dezembro de 2019, a primeira cultivar brasileira de amendoim forrageiro propagada por sementes, a BRS Mandobi, desenvolvida pela Embrapa Acre, integra a lista de tecnologias apresentadas como destaque da pesquisa agropecuária durante as comemorações do aniversário de 47 anos da Embrapa, completados no dia 26 de abril. A programação comemorativa, em Brasília (DF), é realizada de forma virtual, devido à pandemia do coronavírus, e segue durante toda a semana com entrevistas coletivas, videoconferências e lives com gestores da Empresa e de outras instâncias, transmitidas ao vivo pelo canal da instituição no Youtube.

 

Na segunda-feira (27), mais de duas mil pessoas acompanharam o evento de abertura com a Diretoria Executiva, sobre as contribuições da Empresa para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro ao longo de mais de quatro décadas, inovações tecnológicas recentes e projeções para o futuro. Na programação também estão ações em outras mídias sociais para divulgação das tecnologias disponibilizadas para o setor produtivo no último ano e lançamentos de novas tecnologias. Na terça-feira (28), a cultivar BRS Mandobi foi destaque no Instagram e no Facebook.

 

Recomendada para o consórcio com gramíneas nos biomas Amazônia e Mata Atlântica, a tecnologia é uma alternativa para diversificar as pastagens e intensificar a produção de carne e leite a pasto, com baixo impacto ambiental, um dos principais desafios da pecuária brasileira. “Além de proporcionar alta produtividade de forragem e pastagem de qualidade, o uso dessa leguminosa melhora a dieta do gado por seu alto teor de proteína e digestibilidade, com aumento de até 46% na produção animal”, afirma o pesquisador da Embrapa Acre Maykel Sales.

 

Resposta ao setor produtivo

 

Para disponibilizar a tecnologia, uma equipe multidisciplinar de pesquisadores atuou durante 20 anos no âmbito do Programa de Melhoramento Genético do amendoim forrageiro, coordenado pela Embrapa Acre. A cultivar é produtiva (três mil quilos de sementes/hectare), resistente a doenças, tolerante ao alagamento do solo e à seca, altamente persistente no pasto, apresenta elevada eficiência no processo de semeadura e pode ser consorciada com os capins Marandu, Xaraés, Piatã, Humidícola, Tangola, Decumbens, Mombaça, Massai e Grama-estrela, entre outras forrageiras, tanto na formação de novas pastagens como na reforma de pastos já estabelecidos.

 

Desenvolvida em parceria com a Associação para Fomento à Pesquisa de Melhoramento de Forrageiras (Unipasto), a BRS Mandobi é uma resposta a demandas do setor produtivo, em função do elevado custo da mão de obra na implantação do consórcio de pastagens com as cultivares propagadas por mudas e das sementes comerciais disponíveis no mercado, 100% importadas. “A nova cultivar de amendoim forrageiro vai viabilizar a oferta de sementes nacionais de qualidade, a preços mais acessíveis para o produtor rural e ampliar o uso dessa leguminosa”, afirma a pesquisadora da Embrapa Acre, Giselle de Assis.

 

Vantagens da tecnologia

 

O uso do amendoim forrageiro consorciado com  gramíneas ajuda a suprir a necessidade de fertilizantes nitrogenados no processo de adubação de pastagens, com baixo custo.  De acordo com o pesquisador Judson Valentim, devido à associação com bactérias que vivem na terra essa leguminosa consegue capturar do ar e incorporar no solo até 150 quilos de nitrogênio na pastagem, o equivalente a 330 quilos de ureia, obtidos de forma natural. Além de melhor a fertilidade do solo e gerar economia para o produtor rural, esse ganho aumenta a longevidade das pastagens.

 

“Outra vantagem do amendoim forrageiro é o elevado teor de proteína bruta presente na planta, entre 18% e 25%, nutriente que impacta diretamente a qualidade do pasto e a produtividade animal. Esse aporte proteico na alimentação do rebanho eleva a produção bovina por área, com baixas emissões de carbono, contribuindo para a mitigação dos impactos ambientais da produção e para uma pecuária mais sustentável”, destaca Valentim.

 

Ainda segundo o pesquisador, a tecnologia é uma alternativa para recuperar áreas de pastagens degradadas e viabilizar sistemas intensivos de produção bovina, com baixa emissão de gases de efeito estufa, podendo ser utilizada em mais de 47 milhões de hectares de pastagens somente na Amazônia.

 

Aumento na produtividade

 

Experimentos conduzidos em fazendas comerciais do Acre mostraram que em sistema de cria e engorda, a produtividade do rebanho chegou a 35 arrobas de peso vivo/hectare/ano em pastagens consorciadas com a BRS Mandobi. Já em pastos formados exclusivamente com gramíneas, a produtividade potencial não ultrapassou 24 arrobas de peso vivo/hectare/ano, representando um ganho de 11 arrobas de peso vivo/hectare/ano.

 

“Também avaliamos o uso da leguminosa no período da seca (entre abril e setembro na região amazônica) e a quantidade e boa qualidade da forragem elevou o ganho de peso animal em 86%, passando de sete arrobas/hectare/ano, no pasto puro, para 13 arrobas/hectare/ano, em pasto consorciado, Além disso, com uso do amendoim forrageiro a fase de recria de bezerros, período entre o fim da desmama e a etapa de terminação (engorda), reduziu em 50%, saindo de 24 para 12 meses, com impactos positivos no ciclo de produção bovina”, ressalta Maykel Sales.

 

As pesquisas mostraram, ainda, que em pastagens consorciadas os animais chegaram ao peso ideal para abate aos 30 meses de idade, enquanto em pastagens puras precisaram de 42 meses. Essa redução proporciona economia de mão de obra, alimentação e vacinas e outros cuidados com o rebanho que elevam o custo de produção da arroba. Além disso, a tecnologia melhora em 20% a capacidade de suporte das pastagens, desempenho que permite criar mais animais em uma mesma área e conciliar produção pecuária e conservação da floresta.

 

Os resultados mostram que o uso de amendoim forrageiro BRS Mandobi gera ganhos reais na produção pecuária, entretanto, os pesquisadores alertam que o sucesso na adoção da tecnologia depende de cuidados essenciais com o pasto consorciado como seguir orientações técnica para plantio e manejar bem a pastagem, realizando a rotação do rebanho e obedecendo a capacidade de suporte, entre outras práticas.

 

A BRS Mandobi está registrada no Sistema Nacional de Proteção de Cultivares do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A Embrapa negociou, recentemente, o primeiro contrato para produção de sementes em escala comercial. Clique aqui para obter mais informações sobre a tecnologia.

 

Diva Gonçalves (Mtb-0148/AC)
Embrapa Acre

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