Startups do setor agroalimentar interessadas em participar de sessões de mentoria gratuitas podem fazer cadastro no programa “Café.com agritechs”, iniciativa da Embrapa em parceria com a Cedro Capital, FoodTech Hub, AgTech Garage, Plug and Play, Bayer e 10b. Os encontros virtuais entre empreendedores, especialistas em gestão e pesquisadores ocorrerão, no mês de maio, às quintas-feiras das 8h30 às 10h. O webinar “Covid-19: impactos no agro e oportunidades de reinvenção”, organizado pela Secretaria de Inovação e Negócios da Embrapa e parceiros, reuniu 92 participantes na quarta (29) para dar início ao programa de mentoria para as startups participantes das iniciativas de inovação da Embrapa. O debate com empreendedores e investidores abordou as alternativas para enfrentamento da retração econômica e tendências que ganham ainda mais força em função das mudanças tecnológicas e comportamentais impostas pela pandemia. O Webinar está disponível na página da Embrapa no YouTube. “Se as startups não sobreviverem, estamos jogando fora parte do nosso futuro, tendo em vista que trabalhamos há alguns anos em uma série de iniciativas com agritechs, tais como o Ideas for Milk, InovaPork, e a plataforma de venture capital Pontes para Inovação”, comenta Daniel Trento, secretário de inovação e negócios. Transformação digital e pessoal qualificado Para os debatedores do webinar, a pandemia acelerou a transformação digital e reforça a importância do capital humano. Mesmo as empresas mais tradicionais estão diante da necessidade de adotarem reuniões online, gerir processos e pessoas remotamente, adaptarem modelos de negócio e contratarem novos serviços digitais. Para o empresário Giandrei Basso, CEO da Essent Agro, a pandemia tem impacto positivo na procura por plataformas digitais de apoio à gestão, simuladores de cenários futuros e serviços remotos de gestão financeira. Os participantes concordam que a tecnologia é um imperativo, mas as pessoas é que fazem a diferença. Além do desafio de gerir pessoas a distância, a crise acentou a carência de profissionais capacitados para atuar com TICs com enfoque no setor agro. “É uma crise diferente das demais, desde o Plano Cruzado. Não sabemos quando e como termina, mas oportunidades se abrem”, avalia Paulo Silveira, diretor do FoodTech Hub. Para responder à crise, Paulo comenta que as startups do agro precisam avaliar a percepção de valor dos clientes e a complexidade do que é oferecido para não perder o foco do negócio inicial previsto e analisar oportunidades de reposicionamento. “Também é crucial capacitar as pessoas para lidar com o novo normal”, enfatiza Paulo. Tendências ganham mais força A transformação digital acelerada e a sustentabilidade como uma força imposta pelos consumidores, e que impacta decisões em todos os elos da cadeia agroalimentar, são vistas pelos debatedores como as duas tendências mais emergentes. Alinhadas a estas tendências, os temas de segurança dos alimentos, novas soluções para redução das perdas e do desperdício e rastreabilidade são citados como áreas que crescem em importância diante da necessidade de lidar com os desdobramentos de uma crise, possivelmente, originada em questões sanitárias com fortes impactos na segurança alimentar global e na confiança dos consumidores. “Segurança alimentar, segurança dos alimentos e rastreabilidade certamente passam a ter mais atenção diante dessa crise sanitária, que funciona como um gatilho para dar início ao século XXI”, comenta Daniel Trento. Sustentabilidade e bem-estar já eram imperativos demandados pelos consumidores, avalia Paulo Silveira. Para o especialista em foodtechs, o setor agroalimentar será ainda mais impactado pelas demandas do consumidor urbano. Os debatedores concordam que as soluções pensadas para o setor agro terão ainda mais uma pegada urbana e convergências múltiplas entre diferentes setores para seguir ofertando inovações sustentáveis.