Artigo: A relevância do diagnóstico de gestação em gado de corte
Artigo: A relevância do diagnóstico de gestação em gado de corte
Foto: Rodrigo Alva
Alessandra Nicacio em exame para detectar prenhez em bovino: Palpação ou ultrassonografia é essencial para quem busca atingir eficiência reprodutiva
Alessandra Corallo Nicacio*
Antes de mais nada é importante dizer que o diagnóstico de gestação (DG) não é uma prática obrigatória, mas é altamente recomendada. Trata-se de um procedimento para orientar o manejo em uma propriedade de gado de corte. A partir dele é possível obter informações sobre aspectos reprodutivos e produtivos, como índice de prenhez, estimar perdas gestacionais, direcionar descartes, entre outros. E, de posse dessas informações, é possível identificar possíveis problemas, permitindo atuar diretamente nas causas, melhorando a produtividade da propriedade.
O DG pode ser feito de diferentes formas e em diferentes momentos. Saliento que é um exame que avalia aspectos clínicos e reprodutivos e, por isso, deve ser realizado por profissional devidamente habilitado para tal: o médico-veterinário. Para diagnosticar a existência ou não da prenhez, o especialista avalia todo o trato reprodutivo, analisando outros aspectos e não apenas a prenhez. Inclusive, quando é verificado que a vaca não está prenhe é quando o exame mais demora, pois o médico-veterinário precisa realizar o exame mais completo e detalhado de todo o trato reprodutivo, avaliando presença de possíveis alterações que possam ser a causa da não prenhez, podendo recomendar tratamentos clínicos e medicamentosos para o animal.
Em relação aos aspectos práticos de execução, existem duas maneiras de realizar o DG: palpação retal simples ou palpação retal com auxílio de aparelho de ultrassonografia. A palpação retal simples pode ser realizada a partir de 45 dias do acasalamento e permite estimar o tempo de gestação. Já, a palpação retal com auxílio de ultrassonografia, pode ser realizada 25 dias após o acasalamento e permite, além da estimativa de tempo de gestação, avaliar a viabilidade fetal assim como realizar a sexagem fetal (ao redor dos 60 dias de gestação). Caso a vaca não esteja prenhe, realiza-se o exame ginecológico para saber a sua condição reprodutiva, permitindo condutas clínicas com essa matriz. Por permitir uma avaliação mais abrangente tanto da vaca quanto do feto, a ultrassonografia vem ganhando cada vez mais espaço e sendo cada vez mais utilizada pelos médicos veterinários à campo.
Existem pesquisas em andamento para o desenvolvimento e validação de novas metodologias de diagnóstico de gestação, como a avaliação pelo método doppler dos ovários da vaca, a fim de verificar se o animal está ou não prenhe. Esta é uma metodologia que permitirá o DG mais precocemente ainda, antes dos 25 dias após o acasalamento, pois realiza a avaliação do fluxo sanguíneo presente nos ovários. Entretanto, a técnica exige certa habilidade por parte do profissional e equipamentos de ultrassonografia com o recurso de doppler adequado, não estando ainda, em uso rotineiro à campo.
O momento de realização do DG em relação à estação de monta (EM) também deve ser considerado. Em propriedades que trabalham apenas com monta natural (MN) o costume é realizar um DG ao final da EM, com pelo menos 45 dias passados da saída dos touros dos lotes de vaca.
Quando, durante a EM, utiliza-se inseminação artificial em tempo fixo (IATF) é muito comum o médico-veterinário fazer um DG por rodada de IATF, por volta de 25 a 30 dias após a inseminação. Dessa forma, se tem conhecimento da eficiência do programa reprodutivo durante sua execução na propriedade. Ao final da EM costuma-se realizar um outro DG, que chamamos de DG final, após trinta ou quarenta dias do final da EM. Nesse DG final é possível estimar o tempo de gestação de cada animal prenhe e, assim, podem já ser feitos os lotes de vacas por tempo de gestação, já pensando em organizar os lotes de nascimento e, facilitando os apartes para organizar os lotes para a EM seguinte. Ao realizar o DG final é possível avaliar o índice de perdas gestacionais em relação aos DG parciais, isto é, os diagnósticos de cada rodada de IATF e verificar se está havendo perdas em início de gestação. Além disso, o DG final fornece o índice final de prenhez de toda a EM, permitindo avaliar o programa reprodutivo realizado, bem como, organizar os manejos a serem realizados com esses animais, como lote maternidade, descarte, planejamento nutricional e sanitário.
Uma vez que o DG foi realizado e os índices de prenhez e de perdas gestacionais foram calculados, resta apenas saber o histórico de cada matriz para decidir os descartes de forma mais objetiva e clara. Assim, o DG é uma ferramenta extremamente relevante para a tomada de decisão em uma propriedade de gado de corte, sendo assim, mesmo que não obrigatório, altamente recomendado.
*Pesquisadora em Reprodução Animal
alessandra.nicacio@embrapa.br
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