Live Ciência e Biocombustíveis atinge pico de 1500 participantes simultâneos
Live Ciência e Biocombustíveis atinge pico de 1500 participantes simultâneos
Promovida pela Embrapa Agroenergia, debate envolveu representantes da Unica, Ubrabio, Unicamp e MME
Uma reflexão sobre como a ciência pode contribuir para o estabelecimento do setor de biocombustíveis no país e para a consolidação da liderança brasileira no cenário internacional. Esse foi o tom da live “Ciência e Biocombustíveis”, promovida pela Embrapa Agroenergia nesta quinta-feira, 09/07, pelo canal da Embrapa no Youtube. A live chegou a atingir o pico de 1500 acessos simultâneos e manteve uma média constante de 150 participantes.
Alexandre Alonso, chefe-geral da Embrapa Agroenergia, iniciou a conversa lembrando que 45% de toda a energia produzida no Brasil vem de fontes renováveis, e que somente a biomassa da cana-de-açúcar gera em torno de 18% de toda essa energia.
“No ano passado (safra 2019/2020) tivemos a maior produção de etanol da história do setor, com 33 bilhões de litros, sendo 10 bilhões de litros do anidro e 23 bilhões de litros do hidratado. Desde o lançamento dos veículos flex até fevereiro/2019, o uso do etanol evitou a emissão de mais de 535 milhões de toneladas de CO² na atmosfera”, disse.
Alonso citou algumas contribuições mais recentes da ciência para o setor de biocombustíveis: a tropicalização da soja, a fixação biológica de nitrogênio, a produção de biomassa abundante e o aprimoramento de processos industriais. “A ciência tem contribuído de forma destacada para o setor de biocombustíveis e é por isso que estamos promovendo hoje essa discussão”, afirmou.
Evandro Gussi, presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), destacou que a história dos biocombustíveis no Brasil é uma herança de sucesso dos portugueses, que já no tempo das grandes navegações buscavam solos e espécies promissoras no Brasil.
Gussi destacou a importância da Política Nacional de Biocombustíveis – o RenovaBio, instituída pela Lei n.º 13.576/2017 com o objetivo de expandir a produção de biocombustíveis no Brasil de forma previsível e sustentável. “O RenovaBio vai ser ótimo para os brasileiros e para os cidadãos de qualquer lugar do mundo”, disse, lembrando que hoje o grande desafio é mostrar o que o Brasil já possui nesse campo.
O presidente da Unica também recordou as contribuições da ciência para o setor, como a mecanização da colheita da cana-de-açúcar, que tornou desnecessária a queima da palha e propiciou melhores condições de trabalho aos empregados do setor. “Já faz tempo que somos sustentáveis na nossa produção”, disse.
Donizete Tokarski, diretor superintendente da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), falou do papel da ciência para o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) e de como as ações da Embrapa contribuíram para a implementação dessa política de Estado, que é técnica e economicamente sustentável, com qualidade, preços competitivos e produção a partir de diferentes fontes de oleaginosas e em diversas regiões do país.
“Apesar de já termos 50 indústrias, há no biodiesel um espaço muito maior de desenvolvimento científico e tecnológico do que na indústria do petróleo, por exemplo”, afirmou Tokarski, que citou sete desafios tecnológicos na área de biodiesel, entre eles: 1) a diversificação das fontes de matérias-primas; 2) o aumento do uso de materiais graxos de baixa qualidade e menor custo; 3) a otimização de tecnologias de produção de biodiesel e de derivados graxos; 4) a simplificação das metodologias de controle da qualidade; 5) a garantia da qualidade do biodiesel durante o transporte e armazenamento; 6) o aumento dos percentuais de mistura com óleo diesel, com garantia de qualidade na produção, pós-produção e uso em motores e veículos; e por fim 7) a agregação de valor aos coprodutos provenientes da cadeia de produção e uso.
“O nosso biodiesel já tem qualidade diante das exigências das resoluções da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), superior às especificações da Europa ou EUA”, destacou Torkaski.
Outro assunto abordado pelo diretor da Ubrabio foram as questões da rastreabilidade e elegibilidade da soja e de outras matérias-primas essenciais para a produção de biodiesel. “Já alinhamos com a Embrapa para elaborarmos uma metodologia para trabalhar a elegibilidade e, em um segundo momento, a rastreabilidade da soja”, disse.
Ele ressaltou ainda a necessidade de o CNPq promover linhas de pesquisa para biocombustíveis com o aumento da oferta de bolsas para mestrado e doutorado. “A maior fonte de recursos para C&T no Brasil são provenientes das empresas produtoras de petróleo (Petrobras, Shell, Total, Galp, Sinochem, Equinor etc). Deveríamos apoiar um percentual mínimo de 15%, por exemplo, para os biocombustíveis”, completou.
Professor da Unicamp elogiou o RenovaBio
Gonçalo Pereira, professor titular da Universidade de Campinas (Unicamp), relembrou fatos históricos relacionados à energia, como o Projeto Manhattan (para controlar a energia do átomo), a geração de energia elétrica, a ida do homem à lua e os resultados do Projeto Genoma Humano. Neste quesito, o professor ressaltou a importância do seqüenciamento genético da bactéria Xylella fastidiosa, maior projeto científico já realizado no Brasil.
Gonçalo falou da importância do bagaço da cana como segunda fonte de energia e elogiou o programa RenovaBio, que traz um componente financeiro para a questão da sustentabilidade energética. “O setor financeiro comanda o mundo e estamos conseguindo, com o RenovaBio, converter CO² que é um ativo em todo o mundo numa nova moeda”, afirmou, referindo-se aos créditos de descarbonização, os CBios.
Sobre as contribuições da ciência para o mercado de biocombustíveis, o professor da Unicamp citou três desafios: 1) criação de células de combustível a etanol; conversão de celulose em biocombustível e 3) uso de biodiesel em motores pesados. “A gente tem tudo, mas o que temos de melhor é a criatividade e inteligência nacional que deve ser empresariada com a ajuda das políticas públicas”, finalizou.
Por fim, Miguel Ivan Lacerda, pesquisador da Embrapa e atualmente Diretor de Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME), falou da complexidade do setor de bioenergia que, segundo ele, deveria “ser reinaugurado como um novo ramo da ciência”.
Para o economista, não haveria energia elétrica se não fossem as fábricas de biodiesel. “Sem etanol, metade dos carros brasileiros não iria rodar”. Miguel enfatizou que é estratégico para o Brasil um “choque” de energia barata e que o mercado de captura de carbono poderá ser ainda maior que o do petróleo. “O Co² é o grande ativo do mundo e poucos países sabem fazer essa captura. A bioenergia será a grande riqueza do mundo e irá salvá-lo do aquecimento global”.
Bioquerosene e diesel verde (HVO)
A introdução de novos biocombustíveis na matriz energética também teve espaço no diálogo. De acordo com Tokarski (Ubrabio), a grande discussão é como fazer o bioquerosene e o HVO (diesel verde) entrarem no mercado e para isso é preciso ampliar as pesquisas na área de produção no país e criar um marco regulatório que contemple os diversos elos da cadeia, garantindo previsibilidade em longo prazo. "O Brasil tem potencial gigantesco neste quesito”, afirmou.
Ao final do encontro, a Ubrabio anunciou que na semana de 10 a 14 de agosto vai promover um ciclo de webinars para discutir as diversas questões ligadas ao setor de biodiesel no Brasil e no mundo, a Biodiesel Week.
Próxima live: Inovações em cana-de-açúcar
No dia 16 de julho, às 10h, no canal da Embrapa no Youtube, acontecerá a próxima live da Embrapa Agroenergia. Desta vez o tema será “Inovações em cana-de-açúcar”, dentro do qual serão abordados assuntos como novas variedades, biotecnologia, insumos biológicos, semente sintética, entre outros.
Participam da live Hugo Molinari, pesquisador da Embrapa Agroenergia, Marcos Landell, diretor do Instituto Agronômico (IAC), Gustavo Leite, CEO do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), Leandro Amaral, diretor de marketing da Syngenta, Antônio Salibe, presidente da União Nacional de Bioenergia (UDOP), João Carlos Bespalhok Filho, coordenador de biotecnologia da Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético (Ridesa), João Carlos Bespalhok Filho e Alexandre Araújo, presidente da Federação dos Plantadores de Cana do Brasil (Feplana). A moderação será de João Ricardo Almeida, chefe de P&D da Embrapa Agroenergia.
Irene Santana (Mtb 11.354/DF)
Embrapa Agroenergia
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