Inoculação com rizóbios nativos de Gana aumentam produtividade de amendoim e caupi
Inoculação com rizóbios nativos de Gana aumentam produtividade de amendoim e caupi
Após oito anos de pesquisa com inoculação em amendoim e feijão-caupi em Gana, na África, pesquisadores da Embrapa Agrobiologia chegaram a um resultado interessante: o uso de bactérias nativas da própria região para promover a inoculação aumentou ainda mais a produtividade dessas culturas. O aumento da média de produtividade chegou à ordem de 52% a 63%, no caso do feijão-caupi, e de 14% a 18%, no caso do amendoim. “Esse novo resultado ilustra claramente o potencial da inoculação com rizóbios selecionados para a agricultura de baixo insumo e em terras nutricionalmente pobres, como no Norte de Gana”, aponta o pesquisador Luc Rouws, que liderou dois projetos na região.
O amendoim e o feijão-caupi são culturas leguminosas com importância alimentar em diversos países da África, com grande potencial para se associarem a bactérias benéficas que promovem a fixação biológica de nitrogênio, o que é um diferencial em solos pobres em nutrientes como os da região de Gana. Durante o processo de pesquisa, foram caracterizados sete novos rizóbios provenientes de solos semiáridos de Gana e, após experimentos em condições controladas com amendoim e, posteriormente com caupi, duas estripes foram selecionadas, por terem mostrado desempenho superior e aumento no total de nitrogênio fixado pelas plantas.
Ao todo, foram conduzidos 12 experimentos para feijão-caupi e 14 para amendoim, em diferentes áreas de produtores rurais no Norte de Gana. A conclusão é de que essas novas estirpes se mostraram superiores à única estirpe autorizada para amendoim – a SEMIA6144 – e, portanto, representam uma possibilidade mais eficaz de inoculação da cultura, talvez até mesmo no Brasil. “Não sabemos comparar a eficácia das novas estirpes africanas com as estirpes já disponíveis no Brasil para condições brasileiras, mas é algo que pode ser estudado”, aponta Luc. No entanto, ele ressalta que o grande desafio, no caso do Brasil, especialmente do Nordeste, é tornar a tecnologia de inoculação já disponível mais eficiente para os pequenos agricultores.
Histórico da pesquisa
As pesquisas foram conduzidas, no Brasil, essencialmente pelos pesquisadores Luc Rouws e Robert Boddey, em conjunto com o Savanna Agricultural Research Institute (SARI), unidade de pesquisa pertencente ao Council for Scientific and Industrial Research (CSIR), nas plataformas MKTPlace e M-Boss – esta última resultante de uma parceria entre o Forum for Agricultural Research in Africa (FARA), a Fundação Bill & Melinda Gates, o Departamento Britânico para o Desenvolvimento Inrernacional (DFID) e a Embrapa.
O primeiro projeto MarketPlace começou em 2011, liderado por Boddey, e a intenção era testar a eficácia de rizóbios brasileiros em áreas de pequenos agricultores no semiárido africano. “A ideia surgiu porque as condições climáticas dessa região eram parecidas com as encontradas no semiárido brasileiro. Os ensaios tiveram sucesso e mostraram que a inoculação pode aumentar significativamente a produtividade de feijão-caupi naquele país”, resume Luc. Quando esse projeto terminou, teve início um novo projeto MarketPlace para dar continuidade aos estudos, com os mesmos colaboradores, e, em seguida, um projeto MBoss, ambos liderados por Luc. “Infelizmente este último foi interrompido precocemente, mas o objetivo era apoiar a produção e testagem ampla de inoculantes de rizóbio na região Norte de Gana”, conta o pesquisador.
A colaboração da Embrapa foi fundamental para a o estabelecimento de uma fábrica de inoculantes em Gana, perto de Tamale, a qual começou a produzir as primeiras doses de produtos da linha Sarifix para culturas como soja, feijão-caupi e amendoim em 2017. Além disso, a parceria entre essas instituições permitiu um intercâmbio intensivo de pessoal, com visitas-técnicas de brasileiros a Gana e vice-versa. “Ao longo desse período, recebemos na Embrapa Agrobiologia três técnicos de Gana, além de uma estudante de mestrado, uma doutoranda e também o co-líder dos projetos, o pesquisador Benjamin Ahiabor”, lembra Luc.
Para ele, os resultados obtidos com essa colaboração internacional foram bastante positivos, mostrando um leque de oportunidades para as tecnologias de inoculação da Embrapa em nível mundial. “Isso sem falar também na importância do continente africano como produtor agronômico no futuro”, destaca.
Liliane Bello (MTb 01766/GO)
Embrapa Agrobiologia
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