Moradores da comunidade Envira, no município de Feijó, e do Seringal Porvir (Resex Chico Mendes), no município de Epitaciolândia, foram contemplados com máscaras artesanais para prevenção do coronavírus. As duas comunidades extrativistas são áreas de atuação do Projeto Bem Diverso, que efetuou o adiantamento de recursos para o pagamento do serviço de confecção e a aquisição do material de costura, como tecido e elástico. Ao todo, serão confeccionadas setecentas máscaras, das quais trezentas foram entregues e outro lote com duzentas unidades está em fase de finalização, com entrega prevista para os próximos dias. Em Feijó, a carência de máscaras é maior do que em Epitaciolândia, em razão da distância da capital Rio Branco e da consequente dificuldade de encontrar o material adequado para confecção. Com a crescente demanda, muitas lojas ficaram em falta no estoque. Luceilma Mourão, agente de desenvolvimento do Sebrae e voluntária na entrega das máscaras em parceria com a Prefeitura de Feijó, relata que em muitas famílias apenas alguns integrantes possuem máscara. “Esse é o momento de unir forças e ver o que cada um pode somar nesse processo. Os moradores da zona rural usam o transporte coletivo para chegar até a cidade. Essa doação é importante porque assim eles ficam mais protegidos nesse trajeto”, conclui. Em Epitaciolândia, a situação é similar. O extrativista Rozinei da Silva Brito, morador do Seringal Porvir e presidente da Associação Wilson Pinheiro, conta que a circulação de pessoas na Resex Chico Mendes diminuiu durante a pandemia, porém, o risco maior é quando os próprios moradores se dirigem à cidade, para comprar mantimentos e receber o auxílio emergencial. “Com a pandemia do coronavírus, a diretoria da associação se reuniu para fazer um levantamento das demandas da comunidade nesse período. Fizemos uma lista com os itens de prevenção e concluímos que as máscaras eram prioridade, principalmente no deslocamento para a cidade”, explica o extrativista. Trabalho voluntário A doação de máscaras por parte do Projeto Bem Diverso contou com o apoio de colaboradoras da Embrapa Acre que trabalham de forma voluntária na confecção do produto. Renata Beltrão, Joana Souza e Tatiana de Campos integram um grupo que chegou a confeccionar seis mil unidades. “Começamos em março, quando teve início a quarentena. Eu estava em férias e passei a costurar para preencher o tempo e ajudar os mais necessitados”, relembra Joana Souza. Tatiana de Campos conta que, além do uso pessoal, as máscaras são doadas para instituições beneficentes, como a Cáritas (Paróquia São Peregrino) e o Lar dos Vicentinos. “Também conseguimos apoiar o projeto social Olhar Diferente, que atua há muitos anos em Rio Branco com a distribuição de alimentos em comunidades carentes. Junto com as cestas, entregamos o kit de máscaras. Gostaria de registrar o nosso agradecimento a todos os amigos que contribuíram com nosso trabalho”, diz a pesquisadora. O uso de máscara é um sinal de cuidado com a saúde do próximo e, além de diminuir o risco de contaminação pelo coronavírus, pode agregar no estilo de cada um, já que existem diferentes modelos, cores e estampas. Ações de prevenção Desde março, quando os casos da doença começaram a se espalhar no país, o Projeto Bem Diverso tem fortalecido a comunicação com os territórios, divulgando informações sobre o combate ao vírus por meio de redes sociais e informativos. No início de junho, em parceria com a Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater), realizou o Webinar “Covid-19: medidas de prevenção no meio rural”. “As atividades no campo não param. Desde o início da pandemia, para manter a segurança das populações, o Projeto Bem Diverso pausou as viagens, capacitações e reuniões presenciais nos territórios, mas a produção de alimentos da sociobiodiversidade é uma atividade essencial e essas pessoas precisam trabalhar em segurança, por isso, apoiamos essa produção”, explicou o Assessor Técnico do Projeto Bem Diverso (PNUD), Fernando Moretti. Com a produção das máscaras, a expectativa é beneficiar quatro mil pessoas nos seis territórios onde atua. Anderson Sevilha, pesquisador da Embrapa e coordenador técnico do Projeto Bem Diverso, reforça a importância dos cuidados necessários e convida a todos a procurarem mais informações a respeito na página web e nas redes sociais do Bem Diverso. "Neste momento de pandemia as atividades de campo do Projeto estão focadas somente entre pessoas das próprias comunidades, além disso, não ocorrerão reuniões com mais de 10 pessoas, e as mesmas devem ser realizadas preferencialmente em lugares abertos, conforme orientações técnicas que estamos compartilhando em nossas redes", afirma Sevilha. Bem Diverso O Projeto Bem Diverso investe em ações para a conservação da biodiversidade e manejo sustentável dos recursos naturais em áreas de florestas e sistemas agroflorestais em seis Territórios da Cidadania, localizados nos biomas Amazônia, Cerrado e Caatinga. Fruto da parceria entre a Embrapa e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), é executado com recursos do Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF). A iniciativa busca assegurar renda para populações tradicionais e agricultores familiares, visando à melhoria da qualidade de vida nas comunidades rurais.