Encontro discute gestão de dados para cadeia de orgânicos
Encontro discute gestão de dados para cadeia de orgânicos
Foto: Liliane Bello
Expectativa é beneficiar os diferentes elos da cadeia produtiva de orgânicos com plataforma de daos integrados
A necessidade de isolamento social não foi empecilho para usar o design thinking, metodologia tão associada ao papel, em trabalho colaborativo voltado à cadeia de produtos orgânicos. Reunidas em encontro virtual, em 6 de agosto, 42 pessoas atuantes no segmento apontaram caminhos para o desenvolvimento de uma solução tecnológica de gestão de informação e dados que contribua para o fortalecimento dessa modalidade de produção agropecuária.
A Embrapa Territorial (Campinas, SP) está à frente da iniciativa de buscar subsídios para criação de uma plataforma de dados que conecte os vários elos da cadeia produtiva de orgânicos (certificadoras, sistemas participativos de garantia, fornecedores de insumos, produtores, comercializadoras, agroindústrias, consumidores finais). O trabalho vem sendo desenvolvido junto com a Comissão de Produção Orgânica de São Paulo (CPOrg/SP) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Para aplicação da metodologia do design thinking, o centro de pesquisa contou com o suporte e a experiência da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos, SP), além da colaboração de profissionais da Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA), da Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP) e das Secretarias de Inovação e Negócios (SIN) e Pesquisa e Desenvolvimento (SPD) da Empresa.
O objetivo é chegar a um projeto em parceria com o setor produtivo. Para tanto, a equipe da Embrapa começou a levantar e contatar pessoas com liderança na cadeia de orgânicos, em janeiro deste ano, lembra a pesquisadora Gisele Vilela, da Embrapa Territorial. “A ideia é escutar deles os problemas e as soluções que visualizam”, contou.
Visualizar ideias
O design thinking foi a metodologia escolhida para a interação com esses líderes, os stakeholders. Calcada nos valores de empatia, colaboração e experimentação, a abordagem é baseada no pensamento dos designers e convida cada participante a colocar em notas adesivas (post-its) suas respostas para as perguntas apresentadas. Normalmente presencial, o exercício gera painéis cheios de papéis coloridos, que permitem visualizar ideias, depois agrupadas e votadas para se chegar a um protótipo de solução.
Neste momento em que encontros presenciais não são recomendados, o colorido foi transferido para as telas dos computadores. A analista Cristiane Fragalle, da Embrapa Pecuária Sudeste, já havia conduzido eventos de design thinking, mas foi a primeira vez que o fez virtualmente. Ela avaliou positivamente a experiência: “Independente de ser presencial ou virtual, o propósito de conectar ideias, pessoas e cocriar é possível. Se colocarmos o cliente na estratégia e ouvirmos os gargalos do ponto de vista dele sempre teremos bons resultados”.
No exercício com a cadeia produtiva de orgânicos, foram apresentadas aos participantes três perguntas sobre a gestão de dados e informações do segmento: O que sabemos? O que nos impede? Quais as soluções? O grupo foi divididos em seis salas, cada uma com foco em um dos seguintes temas: certificação e controle social, informações tecnológicas da produção e comercialização.
O protótipo de solução a que cada sala chegou foi compartilhado, ao final, com todo o grupo. Mas esse foi só o início do trabalho. “Vamos nos debruçar sobre esse material. Ele será organizado para que possamos voltar para vocês com esse resultado e dar sequência”, disse Vilela aos participantes, no final do evento.
Fragalle lembrou que o design thinking não acontece em um único encontro. “É um processo longo de ideação, prototipagem e muitas fases e ciclos curtos contínuos de interação”, explicou.
Desafio da Gestão de Dados
O secretário-executivo da CPOrg-SP e auditor fiscal do MAPA, Marcelo Laurino, disse que, hoje, as informações disponíveis sobre o setor de orgânicos no País limitam-se ao Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos do Ministério, que tem dados muito básicos e pouco precisos. “As informações que existem estão dispersas, não estão agregadas de forma que você consiga ter visão abrangente”, avaliou.
Essa deficiência é problema para os diferentes elos da cadeia: dos fornecedores de insumos aos distribuidores atacadistas, da pesquisa à fiscalização. “Todos os atores têm necessidade de alguma informação estratégica para desenvolver o seu negócio”, afirmou. Para o Governo, dados são necessários para a formulação de políticas públicas. “Se a gente criar sistemas de distribuição eficientes, muitos produtores que estão desistindo da produção hoje vão encontrar seu mercado e a gente vai conseguir baixar o preço do produto para o consumidor”, exemplificou.
Laurino e Vilela têm clareza de que a questão é mais do que uma ferramenta tecnológica. “A solução não é essa, vc tem que ter uma conversa profunda com a sociedade para poder juntar esses atores, conversar com eles, ver quais são as necessidades e, a partir dali, desenhar um sistema que atenda todo mundo”, pontuou. O encontro recentemente realizado teve justamente esse objetivo. “Isso é o começo de um grande trabalho, de uma grande conversa”, resumiu Laurino.
Vivian Chies (MTb 42.643/SP)
Embrapa Territorial
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