Livro retrata esforço histórico de pesquisa na Transamazônica
Livro retrata esforço histórico de pesquisa na Transamazônica
Um dos mais significativos esforços técnico-científicos já feitos na Amazônia paraense, hoje considerado uma iniciativa histórica, está retratado em detalhes no livro A operação Diagnóstico e Desenho na Transamazônica na década de 1990: uma estratégia para a estabilização da agricultura migratória e do manejo sustentável dos recursos naturais, recém-lançado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) por intermédio do centro de pesquisa da instituição sediado no Pará.
Inaugurada em 1972, a rodovia Transamazônica (BR-230) começou a ser construída há 50 anos, oficialmente no dia 9 de outubro de 1970, conforme data em placa comemorativa afixada no tronco de uma castanheira cortada em Altamira (PA). Já haviam se passado 20 anos do início da construção quando esse estudo, que delineou a realidade da agropecuária praticada na região, foi idealizado e realizado,em meados da década de 1990, especificamente no trecho paraense compreendido entre os municípios de Altamira e Pacajá, passando por Vitória do Xingu, Senador José Porfírio e Anapu.
O livro está disponível diretamente aqui ou no repositório de publicações da Embrapa aqui. Escritos por 40 autores, os 29 capítulos do livro apresentam, em 366 páginas, informações detalhadas sobre o trabalho feito de 1994 a 1996, com base na metodologia Diagnóstico e Desenho (D&D), adaptada especialmente para a região da Transamazônica.
“Essa é uma obra de consulta importante para os que pretendem conhecer mais sobre métodos de abordagem para a construção de planos e projetos de desenvolvimento regional e local na Amazônia”, garantem os editores técnicos e também autores João de Deus Barbosa Nascimento Júnior e Austrelino Silveira Filho, respectivamente analista e pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA).
Os editores contam que a operação foi desencadeada pelo projeto "A Preservação do Bosque Amazônico: uma Estratégia Comum com Base na Estabilização da Agricultura Familiar Migratória e do Manejo Sustentável da Floresta", mais conhecido pelo nome de Bosque-Savanas. “Consolidamos inúmeras informações, documentos e relatórios que estavam dispersos nesse único documento, entregue agora à sociedade em forma de livro para facilitar ao público o acesso e as consultas”, relata Austrelino Silveira Filho.
Na visão dos editores, o projeto descrito no livro representou na época um dos primeiros passos para a aproximação de várias instituições com os agentes representativos dos produtores locais, sobretudo o Movimento pela Sobrevivência da Transamazônica, criado no início da década de 1990 por iniciativa e união de sindicatos, comunidades de base e cooperativas da região.
Embrapa na TransamazônicaA Embrapa atua na região da Transamazônica desde 1973, onde predomina a agricultura familiar com lotes de até 100 hectares, resultado da colonização da região desde o início da década de 70. “Nós atuamos em onze municípios da região, nas principais cadeias produtivas locais, como o cacau, pecuária de leite e corte, mandioca, grãos, horticultura e fruticultura”, conta o pesquisador Pedro Celestino Filho, que é o supervisor do Núcleo de Apoio à Pesquisa e Transferência de Tecnologia da Transamazônica (NAPT Transamazônica). O Núcleo tem uma equipe de onze empregados e um campo experimental (Km 23) está vinculado a ele. Para atender aos desafios impostos pelos produtores e instituições da região, a Embrapa atua em parceria com os agricultores e suas organizações, extensão rural, instituições públicas e privadas, além de outras Unidades da Empresa. |
Atuação próxima aos produtores
“Os resultados mostram a importância dessa aproximação, por meio da qual foram repassadas informações relacionadas à adoção de tecnologias, produtos como sementes e mudas melhoradas, além de práticas agropecuárias e agroindustriais, disponibilizadas pela Embrapa Amazônia Oriental e outras instituições aos produtores e usuários da região da Transamazônica, com base nas necessidades detectadas em entrevistas realizadas diretamente com os agricultores”, destaca João de Deus Barbosa Nascimento Júnior.
Ao descrever a tipologia dos agricultores e a caracterização dos sistemas de produção utilizados naquela época ao longo da rodovia e suas vicinais, a obra está repleta de exemplos práticos visando à contenção do sistema shift cultivation, expressão em inglês para a prática da agricultura itinerante em que ocorrem a derruba e a queima da vegetação. Os sistemas de produção propostos e as tecnologias apresentadas, de acordo com os editores, são de fácil adoção, acessíveis e rentáveis economicamente, sempre utilizando áreas já alteradas.
“Entre outros objetivos, pretendeu-se oferecer soluções alternativas que possibilitassem a permanência dos agricultores no campo, dando-lhes, pela variabilidade dos cultivos, tempo maior de ocupação na área e, principalmente, capacidade de garantirem sua segurança alimentar e da família, sem ampliar a necessidade de uso de mais áreas florestais”, lembra o também autor e pesquisador da Embrapa Pedro Celestino Filho, que desde 1973 atua na região da Transamazônica e hoje coordena o Núcleo de Apoio à Pesquisa e Transferência de Tecnologia – NAPT Transamazônica, localizado em Altamira.
Imagem aérea do Núcleo da Embrapa na Transamazônica. Foto: Ilce Cabreira.
História escrita em parceria
A coletânea reúne textos de pesquisadores, analistas, técnicos, agricultores e consultores de instituições envolvidas com pesquisa, extensão rural e ensino. Além dos três autores já citados, escreveram também: Abraão Silvestre, Ademir Alfeu Federicci (in memoriam), Altevir de Matos Lopes, Ana Maria Águila da Rocha, Antônio Carlos Paula Neves da Rocha, Aquiles Vasconcelos Simões, Benedito Nelson Rodrigues da Silva, Christian Castellanet, Élido Trevisan, Emanuel Adilson Souza Serrão, Fernando Antônio Souza Bemergui, Fernando Antônio Teixeira Mendes, Fernando Luiz Casemiro, Francisco Alberto de Castro, Frederico Monteiro Álvares Afonso (in memoriam), Hélène Suzor, Jean-François Tourrand, Jonas Bastos da Veiga, José Augusto Santana, José Luiz Fernandes Zoby, Lia Cunha de Oliveira, Luiz Gonzaga Pereira da Silva, Manoel Fernandes da Costa, Manoel Malheiros Tourinho, Marco Aurélio Arbage Lobo, Moacir Azevedo Valente, Maria Luiza Veras Caetano, Paulo Medeiros, Philip Bonnal, Raimunda Fátima Ribeiro de Nazaré, Raimundo Silva Rêgo (in memoriam), Raul da Silva Navegantes, Sérgio Antonio Lopes de Gusmão, Sebastião Huhn, Sydney Itauran Ribeiro, Tatiana Deane de Abreu Sá e Therezinha Xavier Bastos (in memoriam).
Os autores representam a participação, no projeto Bosque-Savanas, de agricultores, da Embrapa Amazônia Oriental e Embrapa Cerrados (Planaltina, DF), bem como de representantes destas instituições: Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad), Movimento Para Sobrevivência da Transamazônica (MPST), Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater/PA), Universidade Federal do Pará (UFPA), Grupo de Pesquisa Intercâmbio Tecnológico (Gret), Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac/PA), Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará (Idesp).
Izabel Drulla Brandão (MTb 1084/PR)
Embrapa Amazônia Oriental
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amazonia-oriental.imprensa@embrapa.br
Colaboração: Ana Laura Lima (MTb 1268/PA)
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