30/10/20 |   Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

Crescente demanda por sementes atesta a aceitação da cultivar BRS Camila pela cadeia produtiva de batata

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Foto: Arione Pereira

Arione Pereira -
Um Dia de Campo realizado em cinco de março de 2015 no município de Palmas, no centro-sul do Paraná, foi o cenário da primeira apresentação da cultivar de batata que, desde então vem ganhando cada vez mais espaço entre produtores e atacadistas. O sucesso da BRS Camila pode ser comprovado pelo aumento exponencial da produção de sementes nos últimos anos: de 500 caixas comercializadas em 2017 passou para 5.100 caixas em 2018, chegando a 13.500 em 2019, com previsão para cerca de 20.000 caixas em 2020.
 
Fruto de nove anos de pesquisas compartilhadas entre duas Unidades da Embrapa – Clima Temperado (Pelotas-RS) e Hortaliças (Brasília-DF), e da Estação Experimental de Canoinhas (SC)  - a BRS Camila apresenta características que podem explicar esse crescimento significativo, se comparado às cultivares já lançadas pelo Programa de Melhoramento Genético da Embrapa, como a resistência ao vírus Y (que provoca a degenerescência das sementes), aliada à ótima aparência dos tubérculos e ao elevado potencial produtivo de tubérculos comerciais, “que chega a ser de até 10 a 20% superior a outras que estão no mercado”, acentua o analista Antônio Bortoletto, do Escritório de Canoinhas.
 
Ainda pode ser creditado na conta da cultivar o teor médio de matéria seca, que possibilita uma maior versatilidade culinária e uma vida útil maior na prateleira. Além desses atributos, a BRS Camila tem outras qualificações, a exemplo dos tubérculos ovalados, polpa amarelo-claro, película amarela e lisa e resistência moderada ao esverdeamento pós-colheita, sendo preferencialmente indicada para as regiões produtoras do Sul do Brasil, enquanto nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste a recomendação é que seu plantio seja limitado às épocas mais frias.
 
Apesar do aumento quantitativo na produção de batata-semente, a BRS Camila ainda não atingiu a mesma expressividade na questão da área cultivada com batata no País, que alcança cerca de 118.000 hectares. No entanto, com base na quantidade de sementes comercializadas pelos produtores licenciados, estima-se que a área cultivada com a Camila seja próxima a 600 hectares, levando-se em conta que alguns produtores fazem até duas multiplicações de sementes próprias, o que leva a crer que essa área pode ser bem maior. “Além da crescente procura por sementes, as informações que recebemos dos produtores de batata e dos licenciados que produzem e comercializam as sementes são suficientes para atestar a boa e crescente aceitação da cultivar”, observa o pesquisador Arione Pereira, que coordena o Programa de Melhoramento Genético de Batata da Embrapa.
 
“CONHECI, PLANTEI E GOSTEI”
 
Há três anos cultivando a BRS Camila, o agricultor de Vargem Grande do Sul (SP) Geraldo Canela mostra-se bastante satisfeito com a cultivar e, segundo ele, razões não faltam para isso. Em entrevista ao “Jornal do Produtor”, edição de agosto último, ele conta que no primeiro ano (2018) comprou 100 caixas da batata-semente, e ante a qualidade e boa aceitação do mercado no ano seguinte a quantidade pulou para 1.000 caixas.
 
Em 2020, Canela destinou 45 hectares de sua propriedade só para a BRS Camila, e a perspectiva é que esse número seja ainda maior no próximo ano. “Vamos ter mais sementes e aí podemos chegar a uns 100 hectares”, aposta o agricultor.
 
Outro produtor satisfeito com o material desenvolvido pela Embrapa é João Rigamonte, representante da Agrosem (Sociedade Cooperativa União Agrícola Canoinhas), empresa licenciada para a comercialização da cultivar. No terceiro ano trabalhando com a variedade, ele destaca que a aceitação entre os produtores locais tem sido surpreendente. “Já contabilizamos 20 mil caixas em 2020 e mesmo assim não conseguimos atender a demanda”.
 
MISSÃO CUMPRIDA
 
“O resultado desse trabalho, propiciado pela excelente qualidade da cultivar e também pelo apoio dos parceiros produtores de sementes (licenciados), aponta para uma crescente adoção da cultivar pelo setor produtivo”, comemora Giovani Olegário,  pesquisador da Embrapa Hortaliças que trabalha na Estação Experimental de Canoinhas.
 
No mesmo sentido, o pesquisador Arione Pereira, da Embrapa Clima Temperado, afirma que “de acordo com os resultados apresentados pela cadeia da batata, a cultivar efetivamente atende a demanda do produtor e traz satisfação a todos que contribuíram para essa trajetória de sucesso”. “A cultivar foi validada em várias das regiões produtoras do País e destacou-se – na visão dos produtores e técnicos – pela aparência e elevado rendimento dos tubérculos comerciais, eficiente resposta a maiores doses de fertilizantes e boa porcentagem de matéria seca”, reforça o analista Antônio Bortoletto.
 
 

Anelise Macedo (MTb 2.749/DF)
Embrapa Hortaliças

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