Soja é alternativa para rotação de culturas no Nordeste
Soja é alternativa para rotação de culturas no Nordeste
Apresentar as características e o grande potencial da soja como cultura alternativa para os Tabuleiros Costeiros e Agreste nordestinos. Esse foi o principal objetivo do dia de campo realizado pela Embrapa no campo experimental de Umbaúba, no Sul Sergipano, na quinta-feira (17).
Cerca de 40 participantes, entre produtores rurais de portes variados, técnicos do setor público, estudantes do Instituto Federal de Sergipe (IFS) em Cristinápolis e extensionistas da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), participaram do evento coordenado pelo pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE), Sérgio Procópio.
Após as boas vindas do chefe-geral, Manoel Moacir Macedo, e do coordenador da Emdagro, Delmo Naziazeno, os participantes assistiram a uma apresentação geral da cultura por Procópio e seguiram para as duas principais estações do dia de campo – de desempenho e características agronômicas e de reconhecimento e controle de pragas.
O dia de campo aconteceu numa área de 2 mil metros quadrados, onde foram plantados 50 materiais desenvolvidos pela Embrapa e por empresas que atuam no mercado nacional. Na primeira estação, Procópio, com apoio do pesquisador Hélio Wilson Carvalho, mostrou as características genéticas, fisiológicas e o desempenho das cultivares no campo.
Potencial
De acordo com Procópio, a soja, por ser uma cultura de grande valorização internacional, tem grande potencial de ganhos para os produtores da região, onde a Embrapa tem realizado nos últimos três anos ensaios em campo com um grande número de cultivares e variedades.
Além de bom desempenho de produtividade, a soja traz a vantagem de fixar nitrogênio no solo por meio de bactérias inoculadas, dispensando a aplicação de toneladas de fertilizantes nitrogenados, o que traz grande economia de insumos.
Segundo dados dos ensaios de campo, a produtividade da grande maioria dos materiais apresentou desempenho acima da média nacional – em torno de 2,9 a 3,3 toneladas por hectare. Especialmente no Agreste, onde o solo é mais rico em nutrientes e apresenta temperaturas mais baixas à noite, mais de 40 variedades e cultivares superaram as médias nacionais, com algumas chegando até 5 toneladas por hectare.
O pesquisador Adenir Teodoro, especialista em controle e manejo de pragas em culturas agrícolas, apresentou algumas das principais pragas que podem ameaçar a cultura da soja, como a lagarta da soja, o percevejo verde e a Helicoverpa armigera, uma das mais agressivas já encontradas no país. Ele descreveu, também, as principais técnicas de controle e combate, como o Manejo Integrado de Pragas (MIP).
Desafios
Para Procópio, apesar do grande potencial da soja como alternativa aos produtores do Nordeste, alguns problemas e gargalos representam desafios importantes a enfrentar e resolver, como a sintonia do plantio com o regime de chuvas e a fertilidade dos solos.
A ocorrência de chuvas na soja tem se concentrar no momento certo, durante o enchimento de grãos. "Caso haja estiagem nessa fase, os grãos não atingirão o tamanho ideal, gerando prejuízos", adverte.
Por outro lado, a concentração excessiva de chuvas num curto período, muito comum em alguns anos no litoral nordestino, pode acarretar o encharcamento do solo e à morte das plantas, gerando perdas irreversíveis.
"A execução do zoneamento de risco climático para soja nessas regiões, que ainda não acontece, pode ser um grande passo para o desenvolvimento da cultura, pois permitirá a criação de linhas de crédito por bancos públicos e facilitará a previsão das melhores datas de plantio", acredita.
A fertilidade do solo, que é considerada baixa nos Tabuleiros Costeiros, também demanda atenção dos produtores. Em muitas áreas há insuficiência de micronutrientes, que devem ser comprovadas por análises de solo e corrigidas da forma mais adequada", explica.
Impressões
O agricultor Alfredo Góis, de Rio Real, no norte da Bahia, planta milho em sua propriedade há muitos anos, e decidiu experimentar a soja para diversificar sua produção. Este ano ele plantou cerca de 60 hectares com nove variedades, e espera uma boa produtividade, considerando o nível de crescimento das plantas.
"Em 2016 devemos aumentar bastante a área plantada com a soja, para diversificar e fazer rotação de culturas com o milho. Estamos comprovando que é uma Cultura muito promissora, que veio para ficar", revela.
A estudante Lara Oliveira, que cursa a 3ª série no IFS de Cristinápolis, achou interessantes as técnicas de monitoramento e controle de pragas. "Vemos muitos produtores usando agrotóxicos em excesso porque não conhecem essas técnicas mais sustentáveis, e acabam matando também os inimigos naturais", comentou.
Mais imagens
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Saulo Coelho (MTB/SE 1065)
Embrapa Tabuleiros Costeiros
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