10/11/20 |   Biotecnologia e biossegurança  Melhoramento genético

Tecnologia CRISPR na edição genômica de plantas disponível para todos

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Print da tela - Teve início nesta terça-feira, 10/11, o curso CRISPR – Edição genômica em plantas, promovido em parceria por cinco Unidades da Embrapa

Teve início nesta terça-feira, 10/11, o curso CRISPR – Edição genômica em plantas, promovido em parceria por cinco Unidades da Embrapa

Embrapa oferece curso sobre técnica vencedora do 

Prêmio Nobel de Química em 2020

Teve início nesta terça-feira, 10/11, o curso CRISPR – Edição genômica em plantas, promovido em parceria por cinco Unidades da Embrapa. A técnica permite fazer alterações precisas no DNA de plantas e microrganismos. Descoberta pela ciência em 2012, a ferramenta está revolucionando as pesquisas na área de genética em todo o mundo e possibilita o melhoramento genético de persas espécies vegetais, tornando-as mais produtivas, resistentes a pragas e doenças e tolerantes a seca e a outros estresses abióticos.

O CRISPR, sigla que em português significa Conjunto de Repetições Palindrômicas Regularmente Espaçadas, foi descoberto a partir da observação dos mecanismos de defesa de algumas bactérias para se proteger de vírus. Associado à enzima Cas9, os cientistas observaram que a sequência do DNA dessas bactérias formavam uma molécula capaz de alterar genes de qualquer célula viva. 

A técnica funciona como uma “tesoura” de DNA, onde é possível recortar as partes de interesse do genoma e editá-las de acordo com o interesse da pesquisa, seja para silenciá-la, seja para reparar trechos. Culturas como trigo, milho e arroz já se beneficiaram da edição genômica via CRISPR/Cas9. 

Ferramenta poderosa e democrática

“Essa ferramenta de edição gênica é muito poderosa, agrega muito aos programas de melhoramento de plantas porque permite avançar muito rapidamente na geração de novos traits”, afirmou, na abertura do curso, o pesquisador Hugo Molinari, da Embrapa Agroenergia. 

De acordo com Hugo, a democratização da tecnologia é algo muito importante e necessário. “Ela não é só para empresas de grande porte, mas está sendo usada por startups e empresas públicas como a Embrapa e universidades. A ideia dessa ferramenta é democratizar o uso e potencializar o desenvolvimento de novas cultivares mais produtivas para o nosso mercado”, disse.

Molinari também falou da Instrução Normativa N.º 16/2018, da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), que deu ao Brasil o arcabouço legal para trabalhar com edição gênica. “Antes não havia segurança jurídica para trabalhar com essas ferramentas, CRISPR, RNAi, e outras técnicas modernas”, explicou o pesquisador, complementando que o órgão regulador pode considerar os eventos que utilizam CRISPR/Cas9 (SDN-1 e SDN-2) como não-transgênicos, o que diminui consideravelmente os custos regulatórios.

Alexandre Alonso, chefe-geral da Embrapa Agroenergia, deu as boas-vindas aos participantes do curso, que teve cerca de 900 inscritos. Ele ressaltou que a realização do treinamento em formato digital permitiu um amplo acesso de participantes de praticamente todos os estados do Brasil e também de outros países.

“Há poucos anos, a ideia de se promover alterações pontuais de forma rápida, precisa e econômica em sequências gênicas no genoma de plantas e animais de interesse agropecuário, de modo a torná-los mais aptos a um determinado ambiente ou condição específica, parecia algo distante”, afirmou o pesquisador Alexandre Alonso. “A conseqüência imediata disso era que somente algumas poucas empresas no mundo conseguiam operar tal modelo de maneira eficiente”, prosseguiu.

Alonso recordou que esse cenário começou a mudar quando as pesquisadoras Emmanuelle Charpentier, diretora do Instituto Max Planck de Biologia das Infecções, e Jennifer A. Doudna, bioquímica da Universidade de Berkeley, na Califórnia, desenvolveram a técnica CRISPR/Cas9 e a descreveram em um artigo publicado na revista Science. O resultado do esforço foi reconhecido mundialmente este ano, quando as pesquisadoras foram agraciadas com o Prêmio Nobel de Química 2020. 

“A partir desse momento o campo da engenharia genética entrou em nova e revolucionária fase, na qual é possível usar sistemas baseados em CRISPR/Cas9 para que cientistas em qualquer laboratório de biologia molecular mudem, ou melhor, editem partes do código genético de uma célula”, completou.

Projetos com CRISPR e livro 

A Embrapa tem hoje em seu portfólio dois grandes projetos: CRISPRevolution, de 2019, e CRISPRCROPS, de 2018. Ambos trabalham com a utilização da técnica CRISPR/Cas9 para as culturas do milho, soja, feijão e cana-de-açúcar. 

“Os projetos são um esforço organizado da empresa para utilizar a edição genômica através da tecnologia CRISPR como solução biotecnológica para a melhoria da qualidade nutricional, industrial e tolerância ao déficit hídrico de espécies de interesse agronômico”, disse o pesquisador Alexandre Alonso. Coordenado pela Embrapa Agroenergia, os projetos também contam com forte parceria da Embrapa Soja, Embrapa Milho e Sorgo, Embrapa Arroz e Feijão e Embrapa Informática Agropecuária. 

“A ideia dentro desses projetos é trabalhar com a ferramenta de CRISPR tentando resolver problemas específicos que são importantes para cada cultura citada. Nesses casos, a ferramenta CRISPR vem sendo utilizada para promover dois tipos de alteração, SDN-1 e SDN-2 (Site Direct Nuclease), que são modificações pontuais trabalhadas pelos projetos da Embrapa para agregar valor às culturas”, explica o pesquisador Hugo Molinari, líder do portfólio de pesquisa Biotecnologia Avançada Aplicada ao Agronegócio (BioTecAgro). 

O curso “CRISPR – Edição genômica em plantas” é fruto da ideia de líderes desse projeto em conjunto com os bolsistas contratados para promover a ciência de ponta e desenvolver produtos e processos inovadores com base nessa nova técnica, bem como disseminar o conhecimento científico. 

Com esse mesmo intuito, pesquisadores da Embrapa elaboraram o livro “Tecnologia CRISPR na edição genômica de plantas: biotecnologia aplicada à agricultura”, dos autores Hugo Bruno Correa Molinari, Letícia Rios Vieira, Nathalia Volpi e Silva, Guilherme Souza Prado e José Hernandes Lopes Filho. A publicação foi lançada hoje (10/11), na abertura do curso, e disponibilizada gratuitamente ao público em geral. Para baixar o livro, clique aqui

Irene Santana (Mtb 11.354/DF)
Embrapa Agroenergia

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