O principal ganho para a sociedade é ter acesso a esse acervo em um único local, de forma organizada, sistematizada e amigável. Com a nova plataforma, usuários poderão cruzar informações geográficas de diferentes bancos de dados e divulgar as informações em suas redes sociais. Site oficial do programa também já está disponível na página do Mapa e traz informações de interesse de diversos públicos. Até 2022, a plataforma tecnológica estará apta a monitorar ações federais, estaduais e municipais, incluindo as iniciativas privadas, que envolvem conhecimento, uso e ocupação do solo e da água no Brasil. Já está disponível para a sociedade a plataforma tecnológica do Programa Nacional de Levantamento e Interpretação de Solos no Brasil (PronaSolos), que reúne em sua versão 1.0, por meio de um sistema de informações geográficas (SigWeb), mapas e dados de solos produzidos ao longo dos últimos 60 anos pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), pela Embrapa e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), órgãos estaduais e regionais e universidades. O lançamento oficial foi feito pela ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, no dia 3 de dezembro. A criação da plataforma apoia o cumprimento das recomendações do acórdão 1914/2015, do Tribunal de Contas da União (TCU), que determinou ao Governo Federal que promovesse o levantamento e a disponibilização de informações adequadas sobre solos no Brasil, o que acabou dando origem ao PronaSolos. Uma das recomendações era justamente a organização e sistematização de dados de levantamento de solos do Brasil realizados por diferentes instituições em um sistema de informação de acesso público, com facilidade de interpretação, extração e exportação de dados para outros sistemas. “Essa é a primeira entrega do PronaSolos que atinge a sociedade em geral. Com o lançamento do site e da plataforma tecnológica do programa, tem início o funcionamento do Sistema Nacional de Informação de Solos, conforme solicitado pelo TCU e previsto no decreto que criou o PronaSolos”, diz José Carlos Polidoro, pesquisador da Embrapa Solos (RJ) e coordenador do comitê executivo do programa. “O principal ganho para a sociedade é o de ter acesso ao acervo de estudos de mapeamentos de solos do Brasil e de perfis de solos, em um único local, de forma organizada e sistematizada. Adicionalmente, a ferramenta do SigWeb possibilita a combinação de forma fácil e ágil desses dados e informações, por meio de mapas”, explica Silvio Bhering, pesquisador da Embrapa Solos e coordenador do portfólio de projetos de Solos do Brasil da Empresa. SigWeb: a geografia do Brasil na sua tela De acordo com o pesquisador, a versão 1.0 da plataforma engloba o portal de dados - que disponibiliza, por meio do sistema SigWeb, os diferentes mapeamentos de solos e outros temas básicos, como atlas hidrogeológicos, geodiversidade etc.; e o portal do conhecimento, integrado ao SigWeb, que oferece diversas interpretações realizadas com base nos mapas de solos, como os zoneamentos dos mais diferentes fins – agroecológico, pedoclimático, potencial pedológico, aptidão agrícola, disponibilidade hídrica, mapa de teor de carbono, mapa de pH do solo, mapa de condutividade elétrica, suscetibilidade à erosão hídrica etc. Ao abrir um mapa qualquer, é possível acionar uma série de planos de informação para visualizá-los em conjunto, entre eles biomas, bacias hidrográficas, hidrovias e rodovias. Essa funcionalidade é bastante útil quando se pretende cruzar informações, como por exemplo, verificar a suscetibilidade à erosão hídrica em regiões de um determinado bioma, ou constatar as rodovias e hidrovias disponíveis em determinadas regiões produtivas. “Nessa primeira etapa o foco foi agregar em um mesmo ambiente computacional dados e informações gerados ao longo das últimas seis décadas, com métodos e técnicas distintas, desde os processos de coleta e determinação analítica até o registro da distribuição e ocorrência dos solos do Brasil em mapas. Essa estratégia nos obriga a alertar para possíveis inconsistências ao visualizarmos em conjunto, em um mesmo ambiente de sistema de informação geográfica (SIG), dados e informações tão diversos e calcados em técnicas e processos distintos”, alerta Hiran Silva Dias, chefe de divisão de geoprocessamento da CPRM. Os pesquisadores também ressaltam que a primeira versão da plataforma SigWeb exige algumas habilidades técnicas para utilização, e por isso deve ser mais utilizada por técnicos, pesquisadores e tomadores de decisão. Ao longo do tempo, com o trabalho de simplificação de linguagem e ajustes na integração dos dados de diferentes bases, as informações serão mais acessíveis ao público leigo (veja os desafios futuros abaixo). Entre as funcionalidades da plataforma também estão: a possibilidade de incorporação dos mapas ao Google Earth; a impressão e o compartilhamento nas mídias sociais de áreas selecionadas pelo usuário de qualquer mapa disponível; e a inserção de dados particulares nos mapas disponíveis no SigWeb, entre outras. Um dos principais objetivos do PronaSolos é a otimização de recursos públicos para a produção de dados sobre os solos brasileiros e a sua disponibilização à sociedade de maneira sistematizada. É nesse sentido que o IBGE terá um papel importante para o trabalho, em diversas vertentes. “Uma delas é o suporte da nossa base cartográfica às informações temáticas do programa. Também temos experiência em produção em larga escala de levantamentos nacionais, e finalizamos recentemente o mapa de solos do Brasil na escala de 1:250.000, que já consta, inclusive, na plataforma tecnológica recém-lançada. Temos, ainda, contribuições importantes para o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, em conjunto com a Embrapa e outras instituições”, ressalta Claudio Stenner, diretor de geociências do instituto. A chefe-geral da Embrapa Solos, Petula Ponciano, lembra que o PronaSolos e os dados gerados pelo programa terão interface com várias políticas públicas. Por isso, serão necessárias inúmeras articulações para que os dados disponíveis sejam efetivamente utilizados. “O lançamento da plataforma tecnológica marca o início de uma grande ação de comunicação junto à sociedade, em parceria com a Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS), universidades, empresas de extensão rural, a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), a Confederação Nacional de Agricultura (CNA) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). O ano de 2021 será de muitas articulações para mostrar o potencial das ferramentas disponíveis e traçar estratégias para chegar ao produtor rural e a outros segmentos, como os de infraestrutura, de minas e energia e defesa.” Plataforma traz produtos inéditos A versão 1.0 da plataforma já disponibiliza muitas informações e mapas das bases de dados da Embrapa, do CPRM e do IBGE, alguns deles inéditos, e permite o cruzamento entre alguns desses produtos, a partir das seleções solicitadas pelo usuário. É possível carregar na mesma imagem, por exemplo, o mapa nacional com todos os pontos de coleta de amostras de solos já registrados pela Embrapa e o mapa das classes de solo na escala de 1:250.000 do IBGE. A partir da efetiva execução do PronaSolos, com os trabalhos de campo previstos para as próximas décadas, o objetivo é aumentar consideravelmente os pontos de coleta e interpretação de solos, assim como ampliar o nível de detalhamento para obtenção de um mapa de classe de solos do Brasil na escala 1:100.000 ou mais detalhada. Entre as entregas inéditas já disponíveis na plataforma SigWeb do PronaSolos estão o mapa de erodibilidade dos solos brasileiros, o mapa de erosividade, o mapa de suscetibilidade à erosão e o mapa de vulnerabilidade à erosão, desenvolvidos pela equipe da Embrapa Solos e que podem ser carregados em conjunto. Também é possível cruzar o mapa de estoque de carbono na escala de 1:5.000.000 com o mapa de domínios hidrogeológicos, selecionando a visualização por biomas específicos, o que pode trazer subsídios importantes, por exemplo, para as equipes que trabalham na execução do Plano ABC. Também é novidade o mapa de aptidão agrícola do Matopiba, importante fronteira agrícola que compreende as regiões de cerrado do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, que pode ser carregado junto com o mapa de hidrogeologia da região, fornecendo indicações das áreas com maior impacto do uso de irrigação. Já o mapa de bacias hidrográficas pode ser utilizado, por exemplo, para estudos específicos das áreas ao redor das usinas hidrelétricas de Itaipu, no Mato Grosso do Sul, e Porto Primavera, no Paraná, trazendo subsídios estratégicos para o setor energético brasileiro. A tecnologia por trás da plataforma A plataforma SigWeb do PronaSolos foi construída a partir da infraestrutura da CPRM, utilizando um servidor de hiperconvergência Nutanix hospedado no centro de processamento de dados (data center) da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), em Brasília, com um link de 8 GB. A visualização de mapas utiliza a plataforma da empresa ESRI para apresentação de dados vetoriais e imagem. Essa plataforma possui um conjunto de soluções para organização, publicação e manipulação de dados considerado de ponta. “Com ela foi possível acelerar a construção do SigWeb do PronaSolos e apresentar dados inéditos de uma forma moderna e amigável à população, que poderá consumir essas informações utilizando celulares, tablets ou computadores”, explica Hiran Dias. A utilização da infraestrutura da CPRM foi possível graças à política de otimização de sua base tecnológica implementada nos últimos anos, por meio de uma transformação digital que permitiu contar com uma infraestrutura de tecnologia da informação robusta e de alto padrão instalada no data center da RNP. As próximas etapas e os desafios para o futuro O módulo de gestão e governança do PronaSolos, que será consolidado por meio de uma sala de situação e controle – ambientes físicos e computacional –, será desenvolvido ao longo de 2021. Assim como o módulo de ambiente de execução, que será responsável pelo desenvolvimento de ferramentas de análise integrada de dados e contemplará todos os aspectos operacionais, metodológicos e técnicos dos estudos de campo do PronaSolos. “A plataforma tecnológica terá ou um moderno e sistemático ambiente de trabalho e execução do PronaSolos, que poderá oferecer ao Mapa um monitoramento não somente das ações do programa, mas também de todas as ações federais, estaduais e municipais, incluindo as iniciativas privadas, que envolvam conhecimento, uso e ocupação do solo e da água no Brasil. Esse ambiente será materializado numa sala de comando e controle operada por meio da plataforma tecnológica”, explica José Carlos Polidoro. As próximas etapas do trabalho também envolvem outros grandes desafios, como a contínua alimentação com dados de outras dezenas de instituições, a adequação e integração dos dados da plataforma e a interoperabilidade entre sistemas e bases de dados. “Nas etapas posteriores, os produtos de interpretações de solos passarão por um processo de decodificação ou simplificação de linguagem, para que esses conhecimentos sejam facilmente apropriados, inclusive por leigos. Muitos desses dados serão reordenados para que sejam efetivamente integrados, num trabalho que denominamos de sanitização de dados e harmonização cartográfica”, detalha Silvio Bhering. “Temos um novo instrumental para o planejamento e, em seguida, para a gestão territorial do País como nunca se viu. A linha da multifuncionalidade é promissora, seja no plano da tecnologia da informação ou no fornecimento de informações estratégicas. A partir de agora, o nosso desafio é sustentar o processo de aprimoramento dessa plataforma tecnológica”, ressalta Paulo Romano, diretor de Infraestrutura da CPRM. “Agora temos que caminhar para a construção de uma política nacional da geoinformação, que ainda não existe.” Edgar Shinzato, chefe do Departamento de Informações Institucionais do órgão, cita a necessidade de uma sistematização nacional de informações geoespaciais para que a plataforma ofereça dados cada vez mais integrados e consistentes à sociedade. “Agora temos que caminhar para a construção de uma política nacional da geoinformação, que ainda não existe. Isso é muito importante, para que toda a informação inserida na plataforma tenha um mesmo padrão e haja uma integração adequada entre os sistemas.” Pedro Correa Neto, secretário-adjunto de Inovação Desenvolvimento Rural e Irrigação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e coordenador do comitê estratégico do PronaSolos, aponta o desafio de fortalecer as ações conjuntas entre as diversas instituições para construção da plataforma tecnológica. “Temos a responsabilidade de transformar essas ações em um costume institucional, para que todos os parceiros do programa passem efetivamente a dialogar e a se complementar, de maneira sinérgica. Esse será um grande legado para a administração pública e para a sociedade brasileira”, reflete. Site oficial do programa Também foi lançado no dia 3 de dezembro o site oficial do PronaSolos, que traz informações institucionais sobre o programa e será a principal porta de entrada para a plataforma tecnológica, por meio de um banner de destaque e um item destacado no menu da página. A primeira versão do site destaca a perspectiva de navegar por informações gerais e mapas de ocorrência das 13 classes de solos encontradas no Brasil, de acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS). Traz, ainda, uma seção com informações institucionais sobre o PronaSolos, destacando decretos, portarias e relatórios de diretrizes para implementação e implantação, além de uma linha do tempo com os principais marcos sobre o programa. Completam o conteúdo as seções Biblioteca, que disponibiliza publicações referentes aos temas correlatos ao programa; Curiosidades, com perguntas e respostas sobre solos e outros recursos naturais e áreas de aplicação do PronaSolos; Notícias, com um clipping geral de informações jornalísticas sobre a temática; Eventos, com uma agenda multi-institucional; e Instituições parceiras, que lista as 41 entidades que juntam forças no maior programa de investigação de solos do Brasil. O acesso ao site do PronaSolos está disponível na página oficial do Mapa, na seção de Sustentabilidade. A força das parcerias Os membros dos comitês estratégico e executivo do PronaSolos foram empossados no último dia 26 de agosto, em cerimônia virtual promovida pelo Mapa. Esses dois colegiados têm o papel de coordenar as atividades e garantir a governança do programa, que engloba dezenas de instituições e tem como missão revolucionar o conhecimento sobre os solos brasileiros, mapeando todo o território nacional, em escalas que vão de 1:25.000 a 1:100.000, até 2048. A Embrapa coordena o comitê executivo, com o pesquisador José Carlos Polidoro. Também indicaram representantes para esse colegiado o IBGE, a CPRM, a SBCS, a Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Mapa (SDI/Mapa), a Diretoria de Serviço Geográfico do Comando do Exército, do Ministério da Defesa (DSG), além da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e a Empresa Mato-Grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer-MT), que representam as Organizações Estaduais de Pesquisa Agropecuária (Oepas). Já o comitê estratégico é composto por representantes dos ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; da Economia; de Minas e Energia; da Ciência, Tecnologia e Inovações; do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Regional, além do Gabinete de Segurança Institucional, da Presidência da República. Pedro Correa Neto é o coordenador do comitê estratégico, que tem o papel de consolidar a governança e o compromisso institucional do programa. “Estamos conduzindo um dos projetos mais estruturantes em andamento no País, o mapeamento de solos do Brasil. A terra é um dos maiores recursos naturais de qualquer país e conhecê-la é uma vantagem estratégica, seja para agricultura, mineração, energia, infraestrutura ou defesa”, destaca. As universidades também terão papel fundamental para o PronaSolos. Lúcia Helena dos Anjos, presidente da SBCS, entidade que representa as universidades públicas no comitê executivo do programa, lembra que a contribuição delas, por meio da geração de ciência, capacitação de pessoal e inúmeras parcerias, permite que o conhecimento se transforme em tecnologia e inovação. “A SBCS congrega cientistas de solo, de várias formações e instituições, com destaque para as universidades públicas, sem as quais a geração de pesquisa básica e aplicada no País, nos programas de pós-graduação, não teria alcançado a posição de destaque, no mundo, em relação aos solos tropicais”, completa. Leia também: PronaSolos une instituições em busca do melhor conhecimento do solo nacional
Foto: Arte: Alexandre Esteves
Uma série de planos de informação, entre eles biomas, bacias hidrográficas, hidrovias e rodovias, pode ser acionada e visualizada em conjunto
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O principal ganho para a sociedade é ter acesso a esse acervo em um único local, de forma organizada, sistematizada e amigável. -
Com a nova plataforma, usuários poderão cruzar informações geográficas de diferentes bancos de dados e divulgar as informações em suas redes sociais. -
Site oficial do programa também já está disponível na página do Mapa e traz informações de interesse de diversos públicos. -
Até 2022, a plataforma tecnológica estará apta a monitorar ações federais, estaduais e municipais, incluindo as iniciativas privadas, que envolvem conhecimento, uso e ocupação do solo e da água no Brasil. |
Já está disponível para a sociedade a plataforma tecnológica do Programa Nacional de Levantamento e Interpretação de Solos no Brasil (PronaSolos), que reúne em sua versão 1.0, por meio de um sistema de informações geográficas (SigWeb), mapas e dados de solos produzidos ao longo dos últimos 60 anos pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), pela Embrapa e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), órgãos estaduais e regionais e universidades. O lançamento oficial foi feito pela ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, no dia 3 de dezembro.
A criação da plataforma apoia o cumprimento das recomendações do acórdão 1914/2015, do Tribunal de Contas da União (TCU), que determinou ao Governo Federal que promovesse o levantamento e a disponibilização de informações adequadas sobre solos no Brasil, o que acabou dando origem ao PronaSolos. Uma das recomendações era justamente a organização e sistematização de dados de levantamento de solos do Brasil realizados por diferentes instituições em um sistema de informação de acesso público, com facilidade de interpretação, extração e exportação de dados para outros sistemas.
“Essa é a primeira entrega do PronaSolos que atinge a sociedade em geral. Com o lançamento do site e da plataforma tecnológica do programa, tem início o funcionamento do Sistema Nacional de Informação de Solos, conforme solicitado pelo TCU e previsto no decreto que criou o PronaSolos”, diz José Carlos Polidoro, pesquisador da Embrapa Solos (RJ) e coordenador do comitê executivo do programa.
“O principal ganho para a sociedade é o de ter acesso ao acervo de estudos de mapeamentos de solos do Brasil e de perfis de solos, em um único local, de forma organizada e sistematizada. Adicionalmente, a ferramenta do SigWeb possibilita a combinação de forma fácil e ágil desses dados e informações, por meio de mapas”, explica Silvio Bhering, pesquisador da Embrapa Solos e coordenador do portfólio de projetos de Solos do Brasil da Empresa.
SigWeb: a geografia do Brasil na sua tela
De acordo com o pesquisador, a versão 1.0 da plataforma engloba o portal de dados - que disponibiliza, por meio do sistema SigWeb, os diferentes mapeamentos de solos e outros temas básicos, como atlas hidrogeológicos, geodiversidade etc.; e o portal do conhecimento, integrado ao SigWeb, que oferece diversas interpretações realizadas com base nos mapas de solos, como os zoneamentos dos mais diferentes fins – agroecológico, pedoclimático, potencial pedológico, aptidão agrícola, disponibilidade hídrica, mapa de teor de carbono, mapa de pH do solo, mapa de condutividade elétrica, suscetibilidade à erosão hídrica etc.
Ao abrir um mapa qualquer, é possível acionar uma série de planos de informação para visualizá-los em conjunto, entre eles biomas, bacias hidrográficas, hidrovias e rodovias. Essa funcionalidade é bastante útil quando se pretende cruzar informações, como por exemplo, verificar a suscetibilidade à erosão hídrica em regiões de um determinado bioma, ou constatar as rodovias e hidrovias disponíveis em determinadas regiões produtivas.
“Nessa primeira etapa o foco foi agregar em um mesmo ambiente computacional dados e informações gerados ao longo das últimas seis décadas, com métodos e técnicas distintas, desde os processos de coleta e determinação analítica até o registro da distribuição e ocorrência dos solos do Brasil em mapas. Essa estratégia nos obriga a alertar para possíveis inconsistências ao visualizarmos em conjunto, em um mesmo ambiente de sistema de informação geográfica (SIG), dados e informações tão diversos e calcados em técnicas e processos distintos”, alerta Hiran Silva Dias, chefe de divisão de geoprocessamento da CPRM.
Os pesquisadores também ressaltam que a primeira versão da plataforma SigWeb exige algumas habilidades técnicas para utilização, e por isso deve ser mais utilizada por técnicos, pesquisadores e tomadores de decisão. Ao longo do tempo, com o trabalho de simplificação de linguagem e ajustes na integração dos dados de diferentes bases, as informações serão mais acessíveis ao público leigo (veja os desafios futuros abaixo).
Entre as funcionalidades da plataforma também estão: a possibilidade de incorporação dos mapas ao Google Earth; a impressão e o compartilhamento nas mídias sociais de áreas selecionadas pelo usuário de qualquer mapa disponível; e a inserção de dados particulares nos mapas disponíveis no SigWeb, entre outras.
Um dos principais objetivos do PronaSolos é a otimização de recursos públicos para a produção de dados sobre os solos brasileiros e a sua disponibilização à sociedade de maneira sistematizada. É nesse sentido que o IBGE terá um papel importante para o trabalho, em diversas vertentes. “Uma delas é o suporte da nossa base cartográfica às informações temáticas do programa. Também temos experiência em produção em larga escala de levantamentos nacionais, e finalizamos recentemente o mapa de solos do Brasil na escala de 1:250.000, que já consta, inclusive, na plataforma tecnológica recém-lançada. Temos, ainda, contribuições importantes para o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, em conjunto com a Embrapa e outras instituições”, ressalta Claudio Stenner, diretor de geociências do instituto.
A chefe-geral da Embrapa Solos, Petula Ponciano, lembra que o PronaSolos e os dados gerados pelo programa terão interface com várias políticas públicas. Por isso, serão necessárias inúmeras articulações para que os dados disponíveis sejam efetivamente utilizados. “O lançamento da plataforma tecnológica marca o início de uma grande ação de comunicação junto à sociedade, em parceria com a Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS), universidades, empresas de extensão rural, a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), a Confederação Nacional de Agricultura (CNA) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). O ano de 2021 será de muitas articulações para mostrar o potencial das ferramentas disponíveis e traçar estratégias para chegar ao produtor rural e a outros segmentos, como os de infraestrutura, de minas e energia e defesa.”
Plataforma traz produtos inéditos A versão 1.0 da plataforma já disponibiliza muitas informações e mapas das bases de dados da Embrapa, do CPRM e do IBGE, alguns deles inéditos, e permite o cruzamento entre alguns desses produtos, a partir das seleções solicitadas pelo usuário. É possível carregar na mesma imagem, por exemplo, o mapa nacional com todos os pontos de coleta de amostras de solos já registrados pela Embrapa e o mapa das classes de solo na escala de 1:250.000 do IBGE. A partir da efetiva execução do PronaSolos, com os trabalhos de campo previstos para as próximas décadas, o objetivo é aumentar consideravelmente os pontos de coleta e interpretação de solos, assim como ampliar o nível de detalhamento para obtenção de um mapa de classe de solos do Brasil na escala 1:100.000 ou mais detalhada. Entre as entregas inéditas já disponíveis na plataforma SigWeb do PronaSolos estão o mapa de erodibilidade dos solos brasileiros, o mapa de erosividade, o mapa de suscetibilidade à erosão e o mapa de vulnerabilidade à erosão, desenvolvidos pela equipe da Embrapa Solos e que podem ser carregados em conjunto. Também é possível cruzar o mapa de estoque de carbono na escala de 1:5.000.000 com o mapa de domínios hidrogeológicos, selecionando a visualização por biomas específicos, o que pode trazer subsídios importantes, por exemplo, para as equipes que trabalham na execução do Plano ABC. Também é novidade o mapa de aptidão agrícola do Matopiba, importante fronteira agrícola que compreende as regiões de cerrado do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, que pode ser carregado junto com o mapa de hidrogeologia da região, fornecendo indicações das áreas com maior impacto do uso de irrigação. Já o mapa de bacias hidrográficas pode ser utilizado, por exemplo, para estudos específicos das áreas ao redor das usinas hidrelétricas de Itaipu, no Mato Grosso do Sul, e Porto Primavera, no Paraná, trazendo subsídios estratégicos para o setor energético brasileiro. |
A tecnologia por trás da plataforma
A plataforma SigWeb do PronaSolos foi construída a partir da infraestrutura da CPRM, utilizando um servidor de hiperconvergência Nutanix hospedado no centro de processamento de dados (data center) da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), em Brasília, com um link de 8 GB.
A visualização de mapas utiliza a plataforma da empresa ESRI para apresentação de dados vetoriais e imagem. Essa plataforma possui um conjunto de soluções para organização, publicação e manipulação de dados considerado de ponta. “Com ela foi possível acelerar a construção do SigWeb do PronaSolos e apresentar dados inéditos de uma forma moderna e amigável à população, que poderá consumir essas informações utilizando celulares, tablets ou computadores”, explica Hiran Dias.
A utilização da infraestrutura da CPRM foi possível graças à política de otimização de sua base tecnológica implementada nos últimos anos, por meio de uma transformação digital que permitiu contar com uma infraestrutura de tecnologia da informação robusta e de alto padrão instalada no data center da RNP.
As próximas etapas e os desafios para o futuro
O módulo de gestão e governança do PronaSolos, que será consolidado por meio de uma sala de situação e controle – ambientes físicos e computacional –, será desenvolvido ao longo de 2021. Assim como o módulo de ambiente de execução, que será responsável pelo desenvolvimento de ferramentas de análise integrada de dados e contemplará todos os aspectos operacionais, metodológicos e técnicos dos estudos de campo do PronaSolos.
“A plataforma tecnológica terá ou um moderno e sistemático ambiente de trabalho e execução do PronaSolos, que poderá oferecer ao Mapa um monitoramento não somente das ações do programa, mas também de todas as ações federais, estaduais e municipais, incluindo as iniciativas privadas, que envolvam conhecimento, uso e ocupação do solo e da água no Brasil. Esse ambiente será materializado numa sala de comando e controle operada por meio da plataforma tecnológica”, explica José Carlos Polidoro.
As próximas etapas do trabalho também envolvem outros grandes desafios, como a contínua alimentação com dados de outras dezenas de instituições, a adequação e integração dos dados da plataforma e a interoperabilidade entre sistemas e bases de dados. “Nas etapas posteriores, os produtos de interpretações de solos passarão por um processo de decodificação ou simplificação de linguagem, para que esses conhecimentos sejam facilmente apropriados, inclusive por leigos. Muitos desses dados serão reordenados para que sejam efetivamente integrados, num trabalho que denominamos de sanitização de dados e harmonização cartográfica”, detalha Silvio Bhering.
“Temos um novo instrumental para o planejamento e, em seguida, para a gestão territorial do País como nunca se viu. A linha da multifuncionalidade é promissora, seja no plano da tecnologia da informação ou no fornecimento de informações estratégicas. A partir de agora, o nosso desafio é sustentar o processo de aprimoramento dessa plataforma tecnológica”, ressalta Paulo Romano, diretor de Infraestrutura da CPRM.
“Agora temos que caminhar para a construção de uma política nacional da geoinformação, que ainda não existe.” |
Edgar Shinzato, chefe do Departamento de Informações Institucionais do órgão, cita a necessidade de uma sistematização nacional de informações geoespaciais para que a plataforma ofereça dados cada vez mais integrados e consistentes à sociedade. “Agora temos que caminhar para a construção de uma política nacional da geoinformação, que ainda não existe. Isso é muito importante, para que toda a informação inserida na plataforma tenha um mesmo padrão e haja uma integração adequada entre os sistemas.”
Pedro Correa Neto, secretário-adjunto de Inovação Desenvolvimento Rural e Irrigação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e coordenador do comitê estratégico do PronaSolos, aponta o desafio de fortalecer as ações conjuntas entre as diversas instituições para construção da plataforma tecnológica. “Temos a responsabilidade de transformar essas ações em um costume institucional, para que todos os parceiros do programa passem efetivamente a dialogar e a se complementar, de maneira sinérgica. Esse será um grande legado para a administração pública e para a sociedade brasileira”, reflete.
Site oficial do programa Também foi lançado no dia 3 de dezembro o site oficial do PronaSolos, que traz informações institucionais sobre o programa e será a principal porta de entrada para a plataforma tecnológica, por meio de um banner de destaque e um item destacado no menu da página. A primeira versão do site destaca a perspectiva de navegar por informações gerais e mapas de ocorrência das 13 classes de solos encontradas no Brasil, de acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS). Traz, ainda, uma seção com informações institucionais sobre o PronaSolos, destacando decretos, portarias e relatórios de diretrizes para implementação e implantação, além de uma linha do tempo com os principais marcos sobre o programa. Completam o conteúdo as seções Biblioteca, que disponibiliza publicações referentes aos temas correlatos ao programa; Curiosidades, com perguntas e respostas sobre solos e outros recursos naturais e áreas de aplicação do PronaSolos; Notícias, com um clipping geral de informações jornalísticas sobre a temática; Eventos, com uma agenda multi-institucional; e Instituições parceiras, que lista as 41 entidades que juntam forças no maior programa de investigação de solos do Brasil. O acesso ao site do PronaSolos está disponível na página oficial do Mapa, na seção de Sustentabilidade. |
A força das parcerias
Os membros dos comitês estratégico e executivo do PronaSolos foram empossados no último dia 26 de agosto, em cerimônia virtual promovida pelo Mapa. Esses dois colegiados têm o papel de coordenar as atividades e garantir a governança do programa, que engloba dezenas de instituições e tem como missão revolucionar o conhecimento sobre os solos brasileiros, mapeando todo o território nacional, em escalas que vão de 1:25.000 a 1:100.000, até 2048.
A Embrapa coordena o comitê executivo, com o pesquisador José Carlos Polidoro. Também indicaram representantes para esse colegiado o IBGE, a CPRM, a SBCS, a Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Mapa (SDI/Mapa), a Diretoria de Serviço Geográfico do Comando do Exército, do Ministério da Defesa (DSG), além da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e a Empresa Mato-Grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer-MT), que representam as Organizações Estaduais de Pesquisa Agropecuária (Oepas).
Já o comitê estratégico é composto por representantes dos ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; da Economia; de Minas e Energia; da Ciência, Tecnologia e Inovações; do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Regional, além do Gabinete de Segurança Institucional, da Presidência da República. Pedro Correa Neto é o coordenador do comitê estratégico, que tem o papel de consolidar a governança e o compromisso institucional do programa. “Estamos conduzindo um dos projetos mais estruturantes em andamento no País, o mapeamento de solos do Brasil. A terra é um dos maiores recursos naturais de qualquer país e conhecê-la é uma vantagem estratégica, seja para agricultura, mineração, energia, infraestrutura ou defesa”, destaca.
As universidades também terão papel fundamental para o PronaSolos. Lúcia Helena dos Anjos, presidente da SBCS, entidade que representa as universidades públicas no comitê executivo do programa, lembra que a contribuição delas, por meio da geração de ciência, capacitação de pessoal e inúmeras parcerias, permite que o conhecimento se transforme em tecnologia e inovação. “A SBCS congrega cientistas de solo, de várias formações e instituições, com destaque para as universidades públicas, sem as quais a geração de pesquisa básica e aplicada no País, nos programas de pós-graduação, não teria alcançado a posição de destaque, no mundo, em relação aos solos tropicais”, completa.
Leia também: PronaSolos une instituições em busca do melhor conhecimento do solo nacional
Fernando Gregio (MTb 42.280/SP)
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