29/09/15 |   Agroecologia e produção orgânica  Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

Resultados de pesquisas em agroecologia são apresentados

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Foto: Paulo Lanzetta

Paulo Lanzetta - Estação Experimental Cascata concentra os trabalhos em agroecologia e produção orgânica dentro da Embrapa Clima Temperado

Estação Experimental Cascata concentra os trabalhos em agroecologia e produção orgânica dentro da Embrapa Clima Temperado

Com o objetivo de compartilhar resultados de pesquisa em agroecologia e produção orgânica com técnicos da extensão rural e professores universitários, a Embrapa Clima Temperado (Pelotas, RS) realizou a II Apresentação de Resultados de Pesquisa em Agroecologia da Estação Experimental Cascata (EEC) – local onde se concentram os experimentos voltados a esse tipo de produção. O encontro ocorreu na terça-feira (22), no Centro de Capacitação de Agricultores Familiares (Cecaf/EEC) e reuniu cerca de 30 pessoas. Ao final, houve um momento de reflexão sobre os resultados apresentados.
 
A mostra também serviu para nivelamento e integração entre os pesquisadores das diferentes áreas dentro da Embrapa. Ao todo, foram 12 temas abordados: apicultura e meliponicultura, insumos protetores, oliveiras, fertilizantes orgânicos, hortaliças, controle de patógenos do solo, mirtilo e amora preta, mosca das frutas, controle biológico, sistemas agroflorestais, energias alternativas e cultura do feijão. 
 
Segundo o chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Unidade, João Carlos Costa Gomes, a atividade é importante não só pela afirmação do tema e pela qualidade dos trabalhos, mas também pela troca com representantes de instituições parceiras, como do Programa de Pós-graduação em Sistemas de Produção Agrícola Familiar da Universidade Federal de Pelotas (Spaf/UFPel), da Emater/RS-Ascar, do Campus São Lourenço do Sul da Universidade Federal do Rio Grande (Furg) e do Campus Laranjeiras da Universidade Federal da Fronteira Sul, que estiveram presentes na atividade. 
 
Reflexões
Ao final das apresentações, o professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Sérgio Roberto Martins, e o engenheiro agrônomo da Emater/RS, Gervásio Paulus, fizeram algumas reflexões sobre os resultados apresentados. Gervásio afirmou que os relatos demonstram a riqueza, a diversidade, a heterogeneidade e a complexidade dos trabalhos em agroecologia. E ainda disse que, além da relação de parceria e interação, a Embrapa serve de fonte de consulta para a extensão e para a Emater. "Esses resultados merecem ampla, geral e irrestrita divulgação e formas de publicação e acesso para os técnicos e agricultores em geral", falou.
 
Dentre os temas abordados pelos pesquisadores, o engenheiro agrônomo mencionou a importância do trabalho sobre a mortandade de abelhas – um questionamento, segundo ele, frequente. E destacou a presença marcante do controle biológico nas apresentações, sugerindo, na linha dos insumos alternativos, a formulação e teste com espécies mais ambientadas localmente. "O controle biológico é um tema fundamental para avançar na transição da diminuição do uso de agrotóxicos. Acho importante que tenhamos políticas que avancem nessa perspectiva", completou.
 
Além disso, falou sobre a necessidade de incorporação da redução da penosidade do trabalho no campo na pauta de pesquisa. "Isso também é agroecologia. É a preocupação com o bem-estar". E, finalmente, demonstrou preocupação com o avanço de monoculturas sobre o Bioma Pampa, sugerindo intervenções no manejo das culturas para que sejam menos invasivas. "A idéia que ficou é se trabalhar sistemas e valorizar as interações ecológicas", concluiu.
 
Nas apresentações, um dos aspectos que mais chamou a atenção do professor da UFSC foi o sentido do limite colocado por um dos pesquisadores. Para ele, existe um limite na ciência sob o qual não é possível se ter controle. E os pesquisadores precisam levar em isso consideração. "Mostra os limites não só da agroecologia, mas da ciência e da tecnologia. É preciso humildade de compreender que tem coisas que escapam do nosso conhecimento científico", afirmou.
 
Ainda dentro da questão dos limites, o professor destacou a necessidade apontada pelos pesquisadores de aproximação com outras ciências. Para ele, a multidisciplinaridade precisa ocorrer para fora da ciência agronômica. "Nós da agroecologia somos mais responsáveis. Nós provocamos essa coisa toda então temos que estar abertos a dialogar com os demais. A agroecologia extrapola muito a nossa formação agronômica. E a riqueza sai disso", completou.
 
Martins ainda problematizou o termo inovação, que, para ele, não se limita a produtos e à tecnologia, mas também a processos. "Inovação não é só produto, mas é metodologia", disse. Como lidar, como operacionalizar, como dialogar com o agricultor também devem ser considerados como aspectos de inovação pelos pesquisadores, segundo o professor.
 
Por fim, Martins reforçou a necessidade de se relacionar os trabalhos em agroecologia com a questão da saúde. Para ele, a agroecologia está cada vez mais presente na mídia, com forte apelo na qualidade dos alimentos, o que tem apontado uma grande demanda nesse sentido. "Essa amarração nós temos que fazer. Claro que o agricultor precisa ganhar dinheiro. Mas o consumidor quer levar um produto para casa que faça bem pros seus filhos e netos. O grande apelo está nisso", concluiu.
 

Francisco Lima (13696 DRT/RS)
Embrapa Clima Temperado

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